É impossível deixar de mostrar o meu agrado com o regresso com o meu certame favorito que se realiza em Portugal: o “grande prémio TV da canção portuguesa” Festival da Canção! Ver este grande evento regressar, ainda por cima, a meu ver, com muito mais qualidade do que em 2012…
No entanto, nem todas as coisas foram verdadeiramente positivas, como, por exemplo, a escolha do local para a realização do Festival. O Convento do Beato, apesar de ser um local lindíssimo e no qual, visualmente, as atuações se enquadravam bem e de uma forma diferente daquilo que temos visto nos últimos anos existiram alguns fatores que não foram muito benéficos: a acústica (nalgumas atuações não se percebeu quase nada do que os cantores interpretavam), o espaço (foi triste ver meia dúzia de pessoas na plateia, quando uma festa destas pede espaço para muitos mais fãs; e uma dica para a RTP: não se tiram convites a pessoas às quais já se tinham prometido os mesmos) e até mesmo o método de votação.
No que diz respeito à semifinal, posso dizer que fiquei relativamente satisfeito com aquelas que passaram à gala final. Fiquei essencialmente com pena da música da Lara Afonso, “O Teu Segredo”, que achei bastante catchy, com mérito para ir a uma final nacional, sendo que lhe daria um “6.º envelope” para que lhe fosse concedida uma passagem. É de destacar, também, a grande interpretação de Ricardo Afonso, que mostrou muita garra em palco, embora com uma música, a meu ver, um pouco fraca dentro do género. Ainda neste dia, foi muito bom assistir a alguns entre-acts, como foi o caso do dueto de Dora e Adelaide Ferreira, pela felicidade de ver dois nomes, que já não víamos a pisar o palco do Festival há bastante tempo, a regressar a este certame. Para além disso, foi também ótimo, assistir a grandes interpretações de Vânia Fernandes, Daniela Varela e Tó Cruz, um trio improvável que fez uma atuação muito interessante.
Uma semana depois, foi a vez de termos a gala da grande final, onde, pecou, por uma pequena coisa que faria a diferença: a interpretação de “Vida Minha” de Filipa Sousa. Fica sempre bem, num certame como estes, termos a atuação da canção vencedora do ano anterior (neste caso, de há dois anos), especialmente se for no início da noite, abrindo o Festival.
Relativamente às finalistas, poderemos criticá-las por ordem de classificação:
5.º - Raquel Guerra – Sonhos Roubados - Um tema muito bom, embora não fosse uma grande escolha para a Eurovisão, com uma letra fantástica, um grande grito à liberdade! A atuação em palco melhorou, especialmente no guarda-roupa (algo mais adequado a uma final), mas o tom demasiado grave não ajudou. Preferia ter ouvido a cantora num registo muito mais natural, que transmitisse, também, naturalidade à canção. Na parte final, esteve pior do que na semifinal.
4.º - Zana – Nas Asas da Sorte - A surpresa deste Festival: uma voz desconhecida mas com muitas capacidades e um tema bastante adequado a esta festa. Zana tem uma brilhante voz, mas que esteve melhor na semifinal, mesmo a nível de guarda-roupa. A base na qual ela se inseriu para parecer mais alta ficou um pouco mal e o seu vestido e penteado muito avolumados também não ajudaram. Mas agradou-me bastante a presença deste tema no Festival.
3.º - Rui Andrade – Ao Teu Encontro – Este intérprete já deu grandes provas de ser um grande cantor. Terceira vez a concorrer e terceira vez a ficar em terceiro lugar… A música era fraca, especialmente na letra, especialmente comparando com “Em Nome do Amor”. Valeu pela grande interpretação em palco.
2.º - Catarina Pereira – Mea Culpa – A grande perda deste ano. Tal como em 2010, tínhamos uma grande oportunidade de brilhar e levar algo realmente diferente (e bom!) à Eurovisão. A Catarina Pereira. Uma grande atuação, com muito power e que seria, provavelmente, a melhor canção da 1.ª semifinal do Eurofestival. Uma pena.
1.º - Suzy – Quero Ser Tua – Não gostei especialmente do facto de terem baixado o tom face à versão da semifinal. A música perdeu algum poder e alguma alegria. Seria a minha segunda escolha, pelo factor eurovisivo. A Suzy, lá fora, terá que mostrar mais alegria e dinâmica e temos que ter uma atuação muito bem construída, que se destaque e que nos faça chegar facilmente à final.
Para terminar, penso que faltou uma homenagem a Eládio Clímaco, uma das figuras mais carismáticas da RTP e que tem ficado esquecida. Uma celebração de 50 anos de festival pedia uma homenagem especial e mais momentos emotivos e este poderia ter sido um deles. Por outro lado, poderiam ter feito uma coisa muito engraçada que seria juntá-lo a Sílvia Alberto na apresentação do certame, podendo ter um grande valor simbólico devido à junção do “antigo” e “novo” Festival.
Há muitas arestas a limar nas próximas edições (que espero que existam e este não tenha sido apenas um pretexto para comemorar os 50 anos do Festival). Que usem o televoto, mas de uma forma mais justa e segura, como na semifinal, usando-se o sistema de se aceitar apenas uma chamada por número de telefone, para evitar determinadas polémicas que poderiam ser desnecessárias.
Boa sorte, Suzy!
Imagens: Google/Vídeos: Youtube
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