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A Eurovisão e o Festival da Canção na imprensa nacional - 1983, 1984 e 1985



1983: Muitas esperanças para um resultado mediano

       Depois da participação vibrante das Doce, a RTP realizou, novamente, o Festival RTP da Canção. Este teve lugar no dia 5 de março de 1983, no Coliseu do Porto, não sendo, como costumava acontecer, na capital. Esta mudança para a segunda maior cidade do país deveu-se a Maria Elisa, a diretora de programas da RTP, que esteve em contacto com centenas de pessoas dos centros de Lisboa e do Porto. O canal recebeu, no total, 517 originais, e o programa foi seguido por sete milhões de pessoas. 
   Os apresentadores foram Eládio Clímaco e Valentina Torres, que pisaram um palco da responsabilidade de Soares Araújo, onde a principal característica eram as luzes. O Coliseu recebeu um total de 1900 pessoas, e a Madeira e os Açores puderam assistir ao programa em direto, via satélite.


     A atração convidada este ano foi a italiana Rafaella Cara, cantora e dançarina, que, para que aceitasse estar presente, pedira 80 contos por cada minuto de espetáculo. Rafaella tornar-se-ia conhecida dos eurofãs por ter apresentado a final nacional espanhola em 2008 e por ter anunciado os votos de Itália em 2011.

Canção nº 1 – “Erva Ruim” – Sofia
Canção nº 2 – “Terra Desmedida” – Sofia
Canção nº 3 – “Parabéns, Parabéns a Você” – Ana
Canção nº 4 – “Esta Balada Que Te Dou” – Armando Gama
Canção nº 5 – “Vinho do Porto (Vinho de Portugal)” – Cândida Branca Flor e Carlos Paião
Canção nº 6 – “Mal d’amores” – Xico Jorge
Canção nº 7 – “A Cor do Teu Baton” – Herman José
Canção nº 8 – “Rosas Brancas Para o Meu Amor” – Jorge Fernando
Canção nº 9 – “E Afinal Quem És Tu” – Helena Isabel
Canção nº 10 – “No Calor da Noite” – Broa de Mel
Canção nº 11 – “Ave do Paraíso” – Tessa
Canção nº 12 – “Rosa Flor Mulher” – Alexandra

       O festival foi bastante criticado, especialmente por causa dos jurados (que não foram anunciados), já que o público e a imprensa não consideraram algumas canções merecedoras de um lugar na final. A opinião geral foi que esta edição foi uma das seleções mais fracas de sempre. No entanto, quanto à realização do programa, os jornais e revistas concordaram que ela foi cuidada com atenção e rigor.


      Como é natural em todos os anos, os jornais e revistas apresentaram, detalhadamente, os artistas a concurso, recorrendo também a entrevistas. Frases como “nem sempre o 1º lugar é sinal de popularidade”, de Cândida Branca-Flor, e “prefiro sair vencedor sem ganhar”, de Herman José, foram das mais discutidas.
    Armando Gama acabou por ganhar com a música “Esta Balada Que Te Dou”, alcançando 232 pontos. No entanto, o Diário Popular (DP)  comentou que a edição deste ano estava “talhada” para o dueto de Carlos Paião e Cândida Branca-Flor e para a proposta de Herman José. Ainda assim, o jornal considerou que a melhor intérprete da noite foi Helena Isabel.


     Apesar disso, o DP considerou que, desta vez, o júri nacional apostara na qualidade e numa grande canção para representar o país na Eurovisão. Já os derrotados, como Carlos Paião, admitiram estar tristes e desapontados com o resultado final.


    Armando chegou a ser apontado como o novo José Cid, logo após a vitória. Contudo, não se escapou dos comentários maldosos: o artista foi acusado de ter plagiado a canção “Still Crazy After All These Years”, de Paulo Simon. Mais tarde, Gama reagiu a estas comparações: “não me falem em plágio, que de música percebo eu”. Esquecendo isso, e após a vitória, foi logo revelado que a música iria sofrer alterações.


    O Festival Eurovisão da Canção aconteceu no dia 23 de abril, com 20 países participantes. O certame realizou-se na Rudi-Sedlmayer-Halle, em Munique. A apresentadora foi Marlene Charell. 
    Portugal foi o 17º país a pisar o maior palco da música europeia. As representações mais comentadas na imprensa nacional foram as da Grã-Bretanha, Itália, Espanha (que acabou com zero pontos), Grécia e Luxemburgo, país que acabou por vencer. Além disso, a participação da sueca Carola, que mais tarde tornar-se-ia a grande Diva da Eurovisão na opinião dos fãs, foi aclamada.


      A forma como o espetáculo foi realizado foi dos pontos em que os jornais e revistas mais pegaram. Consideraram a realização descuidada, tanto na exploração das nove câmaras disponíveis como nos separadores entre as músicas, algo inesperado se tivermos em conta que a emissora alemã recebeu uma ajuda dos departamentos de turismo e custou um total de 50 mil contos.


     Este festival, para Portugal, também foi diferente. O programa não foi transmitido em direto mas sim em diferido, por causa da campanha eleitoral. O tempo de antena dos partidos só acabou às 20h40, e só a essa hora arrancou a transmissão da Eurovisão, com comentários de Eládio Clímaco. Portugal foi o único país a não receber o evento em direto. O Correio da Manhã (CM) comentou que “mais uma vez vamos chegar atrasados” à Europa.


    Um dos temas discutidos na imprensa foi a razão para Portugal ter ficado sempre mal classificado no certame. A Nova Gente apontou três razões: a língua, o fraco poder das editoras dos intérpretes e a política que anda à volta do certame. Para possível surpresa, viu-se que esses problemas estavam, aparentemente, resolvidos.


    Uma das coisas que tinham sido ultrapassadas este ano foi a questão da língua, já que Armando Gama tinha gravado quatro versões da canção em inglês, francês e alemão, editados num único single. Outra era a promoção do tema, que ficou a cargo da WEA, uma editora multinacional muito bem sucedida, que fez com que o single de Gama fosse vendido em todos os países. Por fim, as questões políticas também já estavam resolvidas, visto que decorriam as negociações para entrada de Portugal na Comunidade Económica Europeia. Por isso, depositaram-se demasiadas esperanças em Armando Gama.


    A vencedora não criou grande alarido na imprensa nacional. Corrine Hèrmes, que defendeu a canção “Si la vie est cadeau” para o Luxemburgo, foi aplaudida pela vitória, e os jornais consideraram que o triunfo se enquadrava nos moldes clássicos de como vencer na Eurovisão. Por causa disso, alguns críticos questionaram a possibilidade de a Eurovisão estar a passar por um período negro de falta de criatividade, uma vez que todas as vencedoras pareciam seguir os mesmos passos na composição dos temas.


   Finda a gala, começaram a surgir boatos de que o festival de 1984 não se iria realizar no Luxemburgo, devido a carências a nível financeiro e económico no pequeno Estado.

    Já em relação a Armando Gama, o cantor apenas conseguiu um 13º lugar com 33 pontos, mantendo assim a classificação das Doce. Apesar do mediano resultado, Armando Gama, na altura, confessou que achava que a sua música tinha um caráter universal. O cantor considerou ainda positiva toda a experiência eurovisiva – apesar de criticar a sua editora, através da TV Guia, pela má promoção do tema. No entanto, na Nova Gente, o cantor revelou que o resultado foi injusto e culpa o júri por isso.


     Os jornais apontaram como razões para este mediano resultado o nervosismo de Armando durante a atuação, possivelmente explicado pela sua pouca experiência na altura e pela sua discrição, quer como pessoa quer como intérprete. 

1984: A vitória da simplicidade

     Após o resultado mediano do ano anterior, a RTP não pôs a tradição de parte e realizou o XXI Festival RTP da Canção, que teve lugar no dia 7 de março. O Festival realizou-se na capital, no Cinema Europa, em Campo de Ourique. Uma das novidades deste ano foi o facto de haver mais canções na final (16) e de existir ainda uma superfinal, onde competiriam apenas seis dessas canções. Os apresentadores foram Fialho Gouveia e Manuela Moura Guedes. Foram recebidos, no total, 568 originais. 
      O público estava ansioso por ouvir a música das Doce, que nos representaram dois anos antes e que acabariam por ser as grandes vencidas este ano; também Paco Bandeira, já conhecido nestas andanças, suscitava curiosidade e igualmente Fernando Tordo. Armando Gama, que avisara em 1983 que iria voltar a participar como compositor, viu não aprovada a sua canção. O prémio de interpretação foi para Adelaide Ferreira, que daria que falar no ano seguinte…
    Este ano a RTP convidou a famosa estrela emigrante Linda Souza para ser a atuação de intervalo. Além disso, Linda desempenhou o papel de presidente do júri. A performance que fez foi mais tradicional e popular e gerou alguma controvérsia por ter improvisado tanto, o que salientou o seu nervosismo.


    A sala de espetáculos não tinha mais de 200 lugares e o júri ocupou 18 cadeiras no espaço. Colocando para trás os desenvolvimentos na televisão dos últimos anos, a Madeira e os Açores ouviram as seguintes canções em diferido:

Canção nº 1 – “Tricot de Cheiros” – Zélia Rodrigues
Canção nº 2 – “Uma Canção Amiga” – António Sala
Canção nº 3 – “O Barquinho da Esperança” – Doce
Canção nº 4 – “(Já) Pode Ser Tarde” – Quinteto Paulo de Carvalho
Canção nº 5 – “Quero-te, Choro-te, Odeio-te, Adoro-te” – Adelaide Ferreira
Canção nº 6 – “Silêncio e Tanta Gente” – Maria Guinot
Canção nº 7 – “Num Olhar” – Marisa
Canção nº 8 – “A Padeirinha de Aljubarrota” – Banda Tribo
Canção nº 9 – “Pelo Fim da Tarde” – Samuel
Canção nº 10 – “O (Nosso) Reencontro” – Isabel Soares
Canção nº 11 – “Este Quadro” – Samuel e Cristina
Canção nº 12 – “Notícias Vêm, Notícias Vão” – Rita Ribeiro
Canção nº 13 – “Que Coisa é Esta Vida” – Paco Bandeira
Canção nº 14 – “Cidade Mar” – José Campos e Sousa
Canção nº 15 – “Canto de Passagem” – Fernando Tordo
Canção nº 16 – “Maneira de Ser” – Samuel

Para a superfinal apuraram-se os seguintes temas:

Canção nº 2 – “Uma Canção Amiga” – António Sala
Canção nº 5 – “Quero-te, Choro-te, Odeio-te, Adoro-te” – Adelaide Ferreira
Canção nº 6 – “Silêncio e Tanta Gente” – Maria Guinot
Canção nº 8 – “A Padeirinha de Aljubarrota” – Banda Tribo
Canção nº 9 – “Pelo Fim da Tarde” – Samuel
Canção nº 13 – “Que Coisa é Esta Vida” – Paco Bandeira


      Uma grande polémica desta edição passou-se com José Cid. Surgiram boatos na imprensa de que era ele o compositor da música “A Padeirinha de Aljubarrota”, da banda Tribo, onde estava integrada a sua filha, Ana Sofia Cid. Ao mesmo tempo, falava-se na possibilidade de Cid fazer parte do júri. O mesmo explicou que não era nem compositor nem jurado por estar desiludido com os Festivais, e prometeu que, se isto se agravasse, iria levar o caso para os tribunais.


Este Festival não teve orquestra, tendo-se recorrido ao playback instrumental. Apesar disso, Luís Andrade, o realizador, afirmou que tudo correra conforme o previsto e que ficara satisfeito com o resultado final. 
     A vitória foi parar a Maria Guinot, que ficou bastante surpreendida (“agora não vou conseguir cantar”, dizia antes de repetir a canção), uma vez que concorrera ao festival unicamente para ganhar um contrato com uma editora. Além do passaporte para a Eurovisão, ganhou 300 contos. Além de ter sido a única a não tocar a música em playback, a cantora praticamente não recebeu críticas. A imprensa nacional considerou a canção “bonita, simples e despretensiosa” (apesar de algumas vozes, após a vitória, terem ridicularizado a canção já prevendo que seria um autêntico desastre em termos classificativos na Eurovisão). No entanto, foi logo revelado que a canção poderia ter uma nova roupagem, com a orquestração de Pedro Osório.


     O facto de se ter feito playback instrumental foi um dos maiores problemas do festival, já que os jornalistas consideraram que isso desfavoreceu muitos cantores e, por outro lado, beneficiou a única que arriscou tocar ao vivo.


     A qualidade musical do festival foi, como sempre, o aspeto mais criticado. O DP diz que o certame teve músicas do século passado e “da treta”, faltando “a qualidade num triste desfile em palco grandioso”.
Após a vitória, a cantora revelou que a sua principal preocupação na Eurovisão seria o seu visual, isto porque lhe disseram que parecia uma pessoa com mais idade do que aquela que tinha na altura.

 

      O Festival Eurovisão da Canção aconteceu no dia 5 de abril. Foram 19 os países que desfilaram no Grand Theatre Luxembourg, no pequeno estado do centro da Europa, que lá conseguiu reunir meios para montar o concurso. A apresentadora foi Désirée Nosbusch.
      Portugal, com Maria Guinot, foi o último país a pisar o maior palco da música europeia. A Irlanda regressou ao certame ao mesmo tempo que a Grécia e Israel desistiram. O festival teve uma assistência estimada entre 500 a 600 milhões de pessoas.


      Para realizar o festival, o Luxemburgo teve de contratar técnicos estrangeiros. O realizador, Rene Steichen, contou com o apoio e a experiência do holandês Roland de Groot. As câmaras foram importadas de Paris e os engenheiros de som vieram da Baviera.
     Uma das maiores críticas foi feita à apresentadora. Désirée veio dos Estados Unidos da América, tinha apenas 19 anos e os jornalistas consideravam que não tinha qualquer experiência na apresentação. No entanto, após o festival, todos lhe teceram elogios por ter feito a diferença.


     As representações mais referidas pela imprensa foram as da Grã-Bretanha, pelo aspeto do grupo e pela sua má qualidade vocal, e da Suécia, que sempre fora a favorita.



     Maria Guinot revelou ao DP que a Eurovisão deste ano estava muito fraquinha e que não se teria orgulhado de escrever nenhuma canção, a não ser a italiana, que achou que era muito parecida com a sua. Já a sua música estava a ser bem promovida, tendo sido gravadas quatro versões (portuguesa, alemã, francesa e inglesa) que estavam a ser vendidas nos países a concurso.


    O vencedor da Eurovisão foi, como se esperava, o grupo Herrey’s, com a música “Diggy-Ioo Diggy”. Este tema quase nem foi alvo de críticas. Os jornais e revistas preocuparam-se mais em escrever a biografia do grupo e em contar o sucesso que os ABBA fizeram pelo mundo fora, os primeiros vencedores suecos, tinha passado precisamente dez anos.


      Maria Guinot ficou-se pelo 11º lugar com 38 pontos, o melhor resultado desde a participação de José Cid em 1980. Contudo, a cantora sempre esteva ciente, desde o início, de que nunca iria ganhar o certame, conforme revelou à TV Guia.


1985: Adelaide não conquista os suecos

      Conquistado mais um resultado mediano, a RTP pôs em marcha a preparação de mais um Festival RTP da Canção, que já ia na sua 22ª edição. O concurso voltou novamente a Lisboa, ao Coliseu dos Recreios. A final realizou-se no dia 7 de março, com a apresentação de Margarida Andrade, Fialho Gouveia e Eládio Clímaco. Comparando com o ano anterior, desta vez estiveram menos músicas a concurso (de 16 passou-se para apenas 11) e não houve uma superfinal.


      Antes de mais, esta edição ficou marcada por várias polémicas nos ensaios. Os jornais destacaram a falta de som, o atraso de longas horas e várias avarias nas câmaras. Temeu-se que o festival não fosse estar pronto para arrancar à hora marcada. Além disso, houve várias manifestações, organizadas pelo Sindicato dos Músicos e pelo Sindicato dos Trabalhadores de Espetáculos, para que não se usasse novamente o playback. Por esta razão, a polícia reforçou a segurança na noite da finalíssima. Como curiosidade vale a pena contar que, por sete horas de trabalho, os artistas recebiam 17 mil escudos.


    O júri nacional foi composto por 40 estudantes e 16 jornalistas, e ainda por convidados da RTP, perfazendo um total de 198 pessoas. O método de votação foi o mesmo: cada distrito atribuiu 12, 10, 8 pontos e por aí adiante.


    Com quatro mil lugares disponíveis na sala, o festival foi também ele mais cheio. O espetáculo dividiu-se em três partes: “Música e Movimento” (onde atuaram Rão Kyao, Júlio Pereira, Iandango, Maria da Fé, Zés Pereiras, foclore e cavaquinhos), a escolha do representante nacional e o bailado da Gulbenkian, de Olga Roriz. 
     Os candidatos para o Eurofestival foram os seguintes:

Canção nº 1 – “Meu Amor, Minha Dor, Meu Jardim” – Eduarda
Canção nº 2 – “Mágica (Entre Nós)” – Gustavo Sequeira
Canção nº 3 – “Portugal, Meu Jardim” – Jorge Silva
Canção nº 4 – “Cantar Saudade” – Alexandra
Canção nº 5 – “A Casa da Praia” – Delfins
Canção nº 6 – “Entre Céu e Mar” – Nelo Silva
Canção nº 7 – “Mulher Só (Mulher Giesta)” – Luís Filipe
Canção nº 8 – “Meia de Conversa” – Nuno e Henrique
Canção nº 9 – “Umbadá” – Jorge Fernando
Canção nº 10 – “Penso em Ti, Eu Sei” – Adelaide Ferreira
Canção nº 11 – “Malmequer, Sim ou Não” – Aguarela

     Muitos jornais, como o CM, protestaram pelo facto de este festival não ter tido “brilho”, e comentaram que a vencedora, Adelaide Ferreira, que sempre fora a grande favorita, foi tão aplaudida como assobiada após vencer – no entanto, foi considerada a melhor intérprete (ganhando esse mesmo prémio).


    A opinião entre os profissionais da música também foi díspar. Por exemplo, Manuela Bravo, António Calvário e Tozé Brito disseram que o festival teve boas músicas, e algumas com muita qualidade. No entanto, Carlos Mendes foi o porta-voz dos principais críticos, chegando a dizer que o festival tinha sido uma “merda”.


      Após a vitória, a RTP investiu fortemente na promoção da música representante do canal. Além de ter sido feito um vídeo de promoção, o single vendia pela Europa fora. Foi até contratado um costureiro que satisfez os caprichos da artista: compraram um vestido de um valor monetário elevado, que se manteve em segredo até à data da Eurovisão. Devido a tanta promoção e investimento, o CM questionou-se sobre a razão pela qual Portugal nunca levava canções em inglês.


    Adelaide Ferreira, que não viu o decorrer da votação e bebeu um chá de limão antes de repetir a canção, considerou a sua música “bem portuguesa” mas com um caráter universal. Ela revelou ainda que a canção fora feita de acordo com as experiências de vida da artista, para que ela pudesse sentir mesmo a música quando a cantasse. No entanto, “Penso em Ti, Eu Sei” chegou a sofrer alterações na Eurovisão, com a orquestração de José Calvário e a composição de Tozé Brito.
    O Festival Eurovisão da Canção 1985 realizou-se na arena Scandinavium, na cidade sueca de Gotemburgo, no dia 4 de maio. O Festival foi apresentado pela mítica Lill Lindfors e foi visto por 600 milhões de telespetadores. A Grécia e Israel voltaram, mas ao mesmo tempo a Holanda e a Jugoslávia desistiram, mantendo-se assim o mesmo número de participantes. Como favoritas à vitória, a Itália e a Alemanha eram as mais apontadas. No entanto, foi mesmo a Noruega, com o tema “La det Swinge”, interpretado pelas Bobbysocks, que somou 123 pontos e venceu. Foi a primeira vitória do país.


      Esta foi uma vitória polémica, visto que ninguém esperava que acontecesse. Além disso, começou a dizer-se que a Noruega só ganhou porque a Suécia o permitiu. Por serem compadres e por quererem que o festival continuasse em solo escandinavo, apostou-se na Noruega. A canção, para a Nova Gente, não trazia nada de especial e era muito parecida com algumas músicas vencedoras dos anos anteriores.


    O CM destacou imenso a produção do festival por parte dos suecos, que souberam dignamente promover a cidade de Gotemburgo e montar um espetáculo sem falhas na realização. O DN disse que a rábula da perda do vestido da apresentadora foi dos melhores momentos da gala.


      Apesar de Adelaide Ferreira ter ficado em penúltimo lugar com apenas 9 pontos, sendo também a 9ª a atuar, foi considerada a mais bem vestida da noite. No entanto, muitos jornais e revistas justificaram este mau resultado pela fraca qualidade da música. Esta opinião é partilhada por muitos artistas, como Nuno e Henrique Feist e Jorge Fernando, apesar de afirmarem que são admiradores da artista.


      No geral, as críticas feitas ao Festival Eurovisão da Canção foram as mesmas que as dos anos anteriores: mesmos estilos musicais, comerciais e sem grandes expetativas para desenvolvimentos futuros. Os jornais até brincaram com a situação, dizendo que o Festival de 1985 foi igual ao de 1984, e o que mudou fora apenas a data.


02/11/2013

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  1. Mais uma vez gostei de ler o vosso texto, deixem-me só dizer que têm uma gralha no ano de 1984. O Festival foi realizado no Cinema (Auditório) Europa, em Campo de Ourique, recentemente demolido... dado isto o Festival realizou-se em Lisboa e não no Estoril como referem. Devem ter confundido com 1990 que foi no Casino Estoril. Cumprimentos.

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    1. Obrigado pelo reparo, Miguel! O texto já está corrigido.

      Cumprimentos eurovisivos!

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  2. O mal do ESC é mesmo este: falarem sempre do passado e nunca no futuro!

    ResponderEliminar


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