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Os vencedores da Eurovisão: “L'oiseau Et L'enfant” de Marie Myriam (1977)

A história da edição de 1977…          

            A vigésima segunda edição do Festival Eurovisão da Cação realizou-se em Londres no dia 7 de Maio de 1977. O local escolhido foi o Centro de Conferências de Wembley, inaugurado nesse mesmo ano, tendo já sido demolido em 2006. A apresentadora deste evento foi a inglesa Angela Rippon, jornalista multifacetada que também trabalhava como locutora e apresentadora.
            Esta foi a primeira edição que enfrentou problemas relacionados com algo bastante presente nos dias de hoje… Greves! É verdade, a festa eurovisiva de 1977 teve de ser adiada por cinco semanas (a data inicialmente estabelecida era 2 de Abril) pelo facto dos técnicos estarem em greve.
            O ESC de 1977 contou com dezoito participantes, com o regresso da Suécia (aparentemente o concurso tinha deixado de ser comercial e já não temiam vencer!) e a desistência da Jugoslávia (regressando só em 1981). A Tunísia estava no alinhamento do concurso para actuar na quarta posição, mas decidiu desistir.
            Como habitual, esta edição ficou marcada por mudanças nas regras eurovisivas. Desta vez, foi o retorno de uma imposição, na qual os países eram obrigados a cantar na sua língua nativa (lembre-se que esta regra tinha sido retirada em 1973). No entanto, e porque não há regra sem excepção, a Alemanha e a Bélgica foram autorizadas a cantar em inglês, uma vez que tinham escolhido os seus temas antes da “ressuscitação” da dita regra.
            Uma das grandes favoritas à vitória nesta edição era a representação alemã que contava com o grupo Silver Convention. Esta banda tinha alcançado bastante popularidade a nível internacional em meados da década de setenta. Mas, aparentemente, já em décadas anteriores o Festival Eurovisão da Canção não era facilmente impressionado por celebridades, tendo a banda terminado na oitava posição (lembre-se da, ainda mais decepcionante, classificação de Kate Ryan em 2006). Já a delegação austríaca presenteou os espectadores com uma performance, no mínimo, inovadora… O tema era “Boom Boom Boomerang”, e os elementos masculinos do grupo utilizaram máscaras nas suas costas.
            Outro país que gerou muita polémica em torno da sua actuação foi a Bélgica. E porquê? Que tema gera mais polémica do que a nudez?! (Só os beijos homossexuais israelitas de 2000!) As representantes belgas afirmaram, perante a imprensa, que iriam actuar com camisolas transparentes, mas como “cão que ladra não morde”, o grupo Dream Express apresentou-se em palco sem concretizar tal ideia. No entanto, o golpe de propaganda escandalosa surtiu um efeito positivo, rendendo-lhes um honroso sétimo lugar.
            Os representantes do Reino Unido terminaram no segundo lugar, totalizando a décima primeira vez consecutiva em que este país terminou no top 4. Embora não tenha vencido, o tema desta delegação foi o mais comercial desta edição eurovisiva, tendo alcançado o Top10 em muitos países europeus.
            A canção vencedora foi “L'oiseau Et L'enfant”, interpretada por Marie Myriam. Esta foi a última vitória francesa até o presente ano e a quinta na história deste país. A esta altura a França estabeleceu um novo recorde de vitórias, igualado, em 1983, pelo Luxemburgo (sendo a Irlanda a actual detentora, com sete vitórias).

A intérprete…
            Marie Lopes, mais conhecida por Marie Myriam, é uma cantora francesa com origens portuguesas (o que torna a sua vitória um pouco nossa). O feito mais notável da sua carreira foi a sua vitória na Eurovisão em 1977. No entanto, esta cantora também representou a França no Festival de Música da Yamaha com a música “Sentimentale”, terminando na nona posição. Ainda ligada às lides eurovisivas, Marie tem aparecido como porta-voz dos votos franceses no Festival Eurovisão da Canção. Em 2005, fez parte da celebração dos cinquenta anos de Eurovisão, tendo apresentado parte da emissão e actuado na mesma. Nesse mesmo ano, Marie escreveu a introdução para a obra de John Kennedy O’Connor, The Eurovision Song Contest - The Official History.
            Em 2007, optou por diversificar as suas áreas de actuação, fazendo parte de um filme musical, pondo à prova as suas capacidades como actriz (cantora já sabíamos que era). Em 2008, gravou um novo álbum, constituído por temas natalícios. Em 2011, apoiou o representante francês, dando-lhe um amuleto da sorte (mas nem com amuletos a França vai lá!).

O tema…
            L'oiseau Et L'enfant” (“O pássaro e a criança”) é uma balada, com uma construção musical simples que vive do conjunto de vozes que integra. A música apresenta dois segmentos onde só se fazem ouvir as vozes dos elementos em palco, incluindo progressivamente a construção musical implementada pela orquestra. A música funciona como um crescendo, acabando de forma magistral. A construção musical é da autoria de Jean-Paul Cara, sendo Joe Gracy o autor da letra. Esta é baseada numa metáfora, onde a intérprete é a “criança” e o “pássaro” é o seu amado (“O pássaro, és tu, a criança, sou eu”). Outra característica peculiar da letra é a ligação entre as palavras, uma vez que a última palavra da estrofe inicia a seguinte (“Abandonnée au sable blanc / Blanc, l'innocent, le sang du poète”).
A interpretação…
            Apesar de não apresentar nada de inovador, a interpretação é muito bem conseguida pela força e coesão que as vozes proporcionam ao tema. A união entre os instrumentos implementados pela orquestra e a interpretação dos elementos em palco funciona na perfeição. A cantora transmite, não só pela voz com a qual embeleza o tema como também pela sua postura corporal e gestos, todo o sentimento que esta música exige. Para mim, esta interpretação demonstra o tema no seu estado mais puro, sem adereços ou coreografias que tentem enganar o espectador. Quanto ao guarda-roupa, os backing vocals apresentam-se de preto, funcionando bem em palco pela sua discrição. A cantora sobressai pela sua posição dianteira em palco e pelo vestido amarelo que enverga. Ao contrário do habitual, Marie (ou a sua delegação) optou pelo uso de um microfone fixo, o que permitiu que executasse gestos interpretativos durante a actuação (quanto a mim, uma óptima escolha!).


 Crónica redigida por Andreia Fonseca
15/08/2011
P.S. - Não se esqueça de continuar a votar na melhor canção vencedora de sempre.

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