Já são conhecidos os intérpretes e canções da 59.ª edição do Festival da Canção, pelo que nós já temos favoritos. Será que Portugal tem hipóteses na Eurovisão 2025?
A 23 de janeiro, através de uma conferência de imprensa, no Teatro Maria Matos, a RTP deu a conhecer os nomes dos intérpretes, e respetivas canções, do Festival da Canção 2025. Uns dias depois, eis que os membros da equipa ESC 38N já têm o seu top e os seus favoritos.
Jessica Mendes
HENKA - "I Wanna Destroy U"
Por uma vez, foi difícil escolher a minha favorita. Não que ache que esta edição do FC está incrível (porque não está), mas sim porque tenho três de que gosto da mesma forma. Assim, a minha escolha recai naquela que mais gostaria de ver no ESC pelo fator WTF (que é, de resto, um excelente critério).
HENKA traz-nos algo que nunca vimos antes no FC. Isso nem sempre é bom, mas "I Wanna Destroy U", não sendo uma música extraordinária, vai ao encontro dos padrões normais para o género e seria uma mudança radical na nossa abordagem à Eurovisão, mostrando também aos autores convidados que não precisam de ter medo e levar sempre canções da novela da SIC. A letra é ótima, tem uma parte excelente para o público berrar e consigo perfeitamente imaginá-la no palco do ESC, cheia de fireworks que a RTP não tem como pagar.
Se a HENKA souber cantar e se a apresentação em palco for realmente fora da caixa, pode muito bem conseguir um top 3, já que a vitória é praticamente impossível. Entretanto, vou rezando à nossa senhora dos metaleiros e góticos para operarem um milagre.
TOP 3
1. HENKA - "I Wanna Destroy U"
2. Peculiar - "Adamastor"
3. Xico Gaiato - "Ai Senhor!"
João Vermelho
emmy Curl - "Rapsódia da Paz"
E lá vão 10 anos desde o último Festival da Canção, no formato antigo, e que jornada têm sido! Por vezes, pouco apreciada e valorizada, o Festival hoje tem uma estrutura e uma cultura bem cimentada, uma reputação que há muito não tinha, e a cada ano que passa, a "vergonha" de participar no Festival vai se dissipando, e vê-se pelos nomes que têm passado pelo Festival nos últimos anos. Sei, que nem todos partilham da minha opinião, mas a qualidade, a meu ver, tem evoluído da mesma forma, deixámos de ouvir canções com produções e letras amadoras, que por vezes, tinham apenas em mente a Eurovisão, com a intenção de replicar o que se faz lá fora, de formas nada eficazes e que pouco, ou nada, representavam o panorama da música nacional, hoje não! Hoje, temos um leque de artistas com muita qualidade, com produções e instrumentais profissionais, com letras e temas que tentam refletir a vida, a sociedade e arte atual, que fogem às banalidades que vemos em muitas finais nacionais e muitas das vezes da rádio.
É um leque com artistas importantes na música portuguesa, como Marco Rodrigues e Fernando Daniel; artistas irreverentes que trazem elementos da nossa cultura e arriscam no diferente, como A Cantadeira e Emmy Curl; nomes de artistas muito jovens, que trazem novas abordagens, como Peculiar e Henka; a par dos dois artistas que vêm do 'The Voice', Josh e Xico Gaiato, que são duas surpresas muito agradáveis. Por isso, sim, recuso-me a escrever que é um ano mau, ou que é tudo igual — se me dizem, que a Henka; A Cantadeira; Fernando Daniel; Bombazine; Emmy Curl; Diana Vilarinho, soam todos iguais, eu aconselho vivamente a uma consulta no Otorrino — se querem músicas de plástico, que soam realmente todas iguais, com as mesmas letras e os mesmos temas, existem muitas finais nacionais para isso. Os bons resultados que tivemos desde 2017 compravam que este é o caminho, não é com tentativas de imitar o que os outros fazem e fugir da nossa essência, isso seria falhar com a música portuguesa e falhar com estes artistas, que infelizmente tem pouquíssimo destaque para o que realmente merecem, por isso obrigado RTP, por hoje ser um dos grandes palcos para estes artistas, e vou mais longe, para mim, temos aqui, o melhor festival neste novo formato!
Quanto às minhas favoritas, tenho várias menções honrosas, que facilmente podiam entrar no meu top 3, e que com, as atuações ao vivo, podem de facto entrar nele: "Cotovia", "Tristeza", "Ai Senhor", "Medo" e "Apago Tudo". O meu terceiro lugar recaí no tema "á-tê-xis", que é um tema agridoce para mim, porque tinha tudo para ser, quiçá, a minha favorita, pois amo a letra, o instrumental, e seriam perfeitos para a voz do Eu.Clides, que sem desprimor para TOTA, que tem uma boa voz, fica aquém do que acredito, que ficaria na voz do compositor. No meu segundo posto, — e aqui entre o primeiro e o segundo, a minha preferência é quase nula — vai para o tema "Adamastor", fiquei deslumbrado com artista, assim que ouvi o single "Mão Morta", que acredito superior ao tema que nos apresenta no Festival, mas que respeita a sua essência e nos trás, mais uma vez, um tema fascinante, moderno, com uma letra pessoal, que nos faz refletir sobre os nossos medos, e estou convicto de que nos vai apresentar algo de tremenda qualidade ao vivo, que assim o seja. A minha favorita, mais uma vez, é Catarina Miranda aka emmy Curl, uma das artistas que tenho acompanhado desde a sua última participação no Festival, e desde que pegou neste estilo, e em português, que tem sido uma das artistas que mais fascina no panorama nacional, e este tema, vai de encontro a isso. "Rapsódia da Paz", consegue, mesmo assim, me surpreender, e o álbum "Pastoral", já é bem experimental, folk, mas ainda assim, consegue trazer uma abordagem nova, um instrumental que tanto é melodioso, como provocador, com um mensagem importante nos dias de hoje. É para mim, o tema que mais se destaque, neste leque de 20 canções, viva ao Solarpunk!
TOP 3
1. emmy Curl - "Rapsódia da Paz"
2. Peculiar - "Adamastor"
3. TOTA - "á-tê-xis"
Neuza Ferreira
Peculiar - "Adamastor"
A edição deste ano do Festival da Canção apresenta um cenário desafiador. À semelhança do ano anterior, para mim, nenhuma das propostas se parece destacar de forma evidente ou marcante em relação às demais. Isto porque, felizmente, temos uma oferta rica em qualidade e diversidade de temas, capazes de agradar aos mais variados gostos; o repertório reúne desde sonoridades pop e eletrónicas, até composições que conseguem unir elementos tradicionais aos elementos modernos, criando uma abordagem contemporânea, resultando num equilíbrio harmónico, criativo e inovador.
Confesso que elaborar o meu top foi especialmente complicado, pois tenho quatro/cinco canções de que gosto praticamente na mesma medida e que não me importaria nada que vencessem o Festival.
No entanto, para primeiro lugar, destaco "Adamastor", de Peculiar, por considerar que, dentro das propostas que mais me agradaram, é a que apresenta maior potencial para nos representar com algum impacto na Eurovisão, graças à sua originalidade e apelo artístico. Não posso afirmar que tem todos os elementos para se destacar no certame eurovisivo, mas a proposta transparece inovação musical, fundindo sonoridades modernas com alguns elementos da cultura portuguesa, sendo que a composição evoca influências tradicionais e apresenta uma letra rica em simbolismo, repleta de metáforas e referências literárias; não me querendo alongar, mas porque também gosto em certa medida de "analisar" estas coisas, a menção à figura Adamastor, imortalizada na obra de Luís de Camões, é trazida para a canção como uma figura que simboliza desafios internos, deixando de ser uma ameaça apenas externa, personificando receios e incertezas pessoais, cada vez mais presentes na vida numa sociedade que anseia fazer tudo bem e para o ontem, fazendo assim também uma "ponte" entre a tradição e os problemas atuais.
Não posso deixar de mencionar, e porque, logo abaixo, está o meu top 3, as canções da Diana Vilarinho — "Cotovia" — e da Inês Marques Lucas — "Quantos Queres".
"Cotovia", por ser uma proposta que não faz muito o meu estilo musical, mas que acabei por gostar bastante, tendo ficado surpreendida comigo própria por tal. Tem das melhores, se não a melhor, letra desta edição, que é uma crítica social às desigualdades e à opressão das mulheres, e um instrumental com toques modernos de folclore e de fado, que transparecem identidade portuguesa aliada ao modernismo.
Já a "Quantos Queres", é uma espécie de guilty pleasure, sendo que não me sinto nada guilty. Adoro o estilo pop com uns toques suaves de indie, e adoro a letra, que nos fala sobre a pressão de mudarmos a nossa identidade para agradar a terceiros. A Inês é a artista que o Festival "me deu" este ano; vou, sem dúvidas, acompanhar a sua carreira. É para isto que o Festival também serve: dar a oportunidade de descobrir novos artistas, que nos tocam de maneira diferente.
O Festival da Canção está bom e recomenda-se. Estou imensamente feliz por termos uma competição que celebra a música portuguesa e que podemos dizer que nos orgulha.
TOP 3
1. Peculiar - "Adamastor"
2. Diana Vilarinho - "Cotovia"
3. Inês Marques Lucas - "Quantos Queres"
Pedro Damasceno Lopes
JOSH - "Tristeza"
Não seria eu se não estive aqui pronto a fazer um testamento sobre favoritas no Festival da Canção. E cá vamos nós. Até porque, nesta edição de 2025, acho que há vários 'disclaimers' a ter de dar.
Primeiro: ao contrário da edição do ano passado, e mesmo a de 2023, acho muito difícil encontrar-se um claro favorito. Na minha opinião, iolanda e "Grito" não tiveram competição, e praticamente se sucedeu o mesmo com o "Ai Coração" da Mimicat. E, ainda que "saudade, saudade", da MARO, tivesse sido igual, como mais tarde comprovámos, a edição de 2022 do FC era, claramente, muito mais aberta. Penso que, este ano, voltamos ao mesmo.
O que significa que não há uma clara favorita para mim. Não consigo ter, para já, não vai acontecer em breve, e sinto que a 'coisa' só vai ficar definida do meu lado quando tivermos as atuações ao vivo para dissecar. E isto não significa propriamente que o Festival deste ano é mau, significa mesmo que, surpreendentemente, tem canções apelativas, que me causam esta tamanha confusão.
Por isso, vou inverter o propósito deste artigo, e falar das que mais gosto. Por ordem, claro. Falo primeiro de "Tristeza", do JOSH. Também a pus em primeiro, lá em cima, portanto podem pressupor que é o meu tema favorito.
E, se eu vos disser que o texto chegou a ser alterado da manhã para a noite, acreditem! Comecei por dizer que o tema é um 'grower', ou seja, vai crescendo à medida que se faz uma nova audição. E é o que me tem acontecido. Tenho ainda algumas ressalvas, desde o potencial ao vivo, por parte do intérprete (e como assim estamos a falar de alguém que em puto participou no 'Factor X', da SIC?), à forma como poderá ser apresentada ao vivo, aka, encenação. Não só pela ideia do artista, como por aquilo que a RTP poderá (e conseguirá) fazer... Ainda assim, estamos perante um tema denso, um poder vocal aparentemente interessante, e um instrumental soberbo!
Agora, não me deixem ir embora sem mencionar outras de que tenho gostado muito, por diferentes motivos. Uma delas, que esteve já no meu primeiro lugar: HENKA, com "I Wanna Destroy U": está nos antípodas daquilo que eu gosto e de tudo o resto que o FC 2025 nos deu, mas é isso que a torna ainda mais curiosa. A audácia e a sagacidade de se chegar a um certame e não ter medo de ser quem somos já devia somar pontos extra. E, para além disso, não consigo desligar de umas certas ligações, nalgumas partes, aos Evanescence, que até em criança eu já curtia.
Depois: Fernando Daniel e "Medo", ainda que tenha ficado um pouco desiludido, mas contente por ele defender a canção; Capital da Búlgaria e "Lisboa", uma mensagem divertida mas também muito séria, uma voz interessante e um clímax maravilhoso.
O que vai acontecer? Não sei. Vou-me calar. Se leram tudo isto, obrigado! Gosto muito de vocês. Que a sorte nos proteja neste FC 2025!
TOP 3
1. JOSH - "Tristeza"
2. HENKA - "I Wanna Destroy U"
3. Fernando Daniel - "Medo"
(4. Capital da Bulgária - "Lisboa")
Tiago Lopes
Inês Marques Lucas- "Quantos Queres"
Chegámos à melhor época do ano e ao momento de decisões. O Festival da Canção 2025 traz um leque de músicas diversificado, onde estão todas no mesmo nível de qualidade, exceptuando três ou quatro das propostas a concurso que se sobressaem das demais. Confesso que após ter ouvido os poucos segundos de cada música na apresentação, a minha reação foi "mais um ano de baladas", mas talvez não seja bem assim. Posto isto, vamos às minhas preferências, sendo que o meu Top foi elaborado após ter ouvido todas as músicas apenas uma vez e sem pensar em qual melhor se daria no palco da Eurovisão.
A única música que me fez querer carregar no botão replay foi a "Quantos Queres". Ironicamente, foi se calhar, a música que menos me disse na apresentação no Teatro Maria Matos e a que menos consigo dar a minha opinião. O ritmo, os sons e o refrão conseguiram cativar-me logo na primeira vez que ouvi. Não tenho mais nada a dizer sobre este tema, apenas apetece-me ouvi-lo e apreciar. Fico ansioso para a apresentação no palco do festival.
Não sendo nada um consumidor deste estilo musical, "I Wanna Destroy U" não deixa qualquer pessoa indiferente, seja para o bom, ou para o mau. Antecipo um grande trabalho de produção, a nível de câmaras e staging nesta música. Musicalmente falando, "I Wanna Destroy U" tem um refrão contagiante, com vários "sobe e desce" ao longo da melodia que me prendem a atenção. Contrariando o que escrevi antes, já ouço o spokesperson da Finlândia, ou qualquer país nórdico a anunciar "12 points goes to Portugal". Se há coragem para o país das baladas, dos feelings, levar uma música como "I Wanna Destroy U" à Eurovisão? Acho que não.
O meu terceiro lugar, até para minha surpresa é "A Minha Casa". Esta música contraria em quase tudo o meu gosto. Sendo eu um consumidor de pop bem mexido, a proposta do Marco Rodrigues para mim é uma balada bem "paradinha". O início transportou-me imediatamente para um filme da Disney, ou um cenário romântico. A letra é bastante bonita e se mudasse alguma coisa, era dar mais força ao refrão. "A Minha Casa" é facilmente uma música que dedicaria a alguém.
No meio de desilusões por esperar algo mais de certos artistas, de algumas boas surpresas, não tenho uma clara favorita e acredito que a música vencedora estará naquela que apresentar o melhor conjunto: voz e palco. Tanto para jurados e público, a decisão não será fácil.
A minha convicção é que a final do Festival Eurovisão da Canção 2025 é possível de alcançar.
TOP 3
1. Inês Marques Lucas - "Quantos Queres"
2. HENKA - "I Wanna Destroy U"
3. Marco Rodrigues - "A Minha Casa"
Imagem: edição João Vermelho (ESC 38N)/Vídeos: RTP - Festival da Canção
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