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[ESPECIAL]: A fórmula Eurovisiva em 2017


A época Eurovisiva de 2018 está oficialmente aberta e, por isso, nada melhor do que falar uma vez mais sobre a edição do Festival Eurovisão da Canção (ESC) deste ano. Vamos ver o que aconteceu em Kiev...

A 62ª edição do Festival Eurovisão da Canção (ESC) deu azo a várias opiniões controversas entre os eurofãs. Ora foi a melhor edição dos últimos anos, ora foi a pior. Ora o pop era adorado, ora era odiado. Ora cantar na língua materna do país era espetacular, ora era o pior que podiam ter feito. Ora as coreografias eram quase todas perfeitas, ora eram hediondas. Mas, afinal, qual foi a fórmula para o espetáculo deste ano?!


Este ano tivemos dois géneros de música numa só canção. Senhoras e senhores, o primeiro ingrediente que apresento é Jacques Houdek, o croata que encantou, ou desencantou, ao começar a cantar num registo de ópera e a acabar num registo pop.



Nunca antes visto algo do género numa edição da Eurovisão, pelo menos que eu me lembre, este momento gerou uma grande onda de comentários... Foi bem agridoce: pessoas que adoraram e outras que odiaram, aliás, como acontece sempre com qualquer canção. Bem, mas o melhor comentário de todos é este: “Finally the neverending question – can opera singers sing in a normal voice – has been answered. Yes. Yes they can”. (“Finalmente a questão interminável – os cantores de ópera conseguem cantar com voz normal? – foi respondida. Sim. Sim, eles podem.”). E fica aqui uma conclusão em aberto; cada um interpreta ao seu gosto.


Este ano tivemos pop indie. Ellie Delvaux – quem?! –, Blanche, a cantora belga que foi numa de revolucionar,  levou ao certame uma canção que deixou toda a gente, ou quase toda, com a boca bem salgada.


Eurofãs com os ouvidos bem apurados e com uma boa memória poderão opinar que esta não é a primeira vez que o pop indie está presente no ESC. Sim, até pode não ser a primeira vez que tal género marca presença no festival, mas é a primeira vez que é tão evidenciado, tão direto.  As grandes questões que se colocam aqui são as seguintes: Está o indie a ganhar terreno no mundo Eurovisivo? Estará o pop por um fio?  

Verdade seja dita, o pop tomou conta do Festival Eurovisão da Canção como se de um concurso de música pop se tratasse, e todos o aceitámos. E aceitamos. Também é igualmente verdade que muitos dos eurofãs ainda olham de lado quando um país se decide representar com rock ou com algo mais eletrónico.

Em oposição ao referido, em maio, com o indie, tudo foi diferente. Acredite-se ou não, a oito de março a Europa ficou em choque ao ouvir a canção com que a Bélgica se faria representar; dois meses depois a Europa estava rendida a esse estilo. Primeiro estranha-se, depois entranha-se. 
Ao que parece, os eurofãs estão fartos de assistir aos Jogos da Fome da música pop.


Este ano nem as coreografias serviram para adoçar totalmente a boca dos milhares de fãs. Ninguém consegue escolher entre a dança de casamento dos Sunstroke Project, o espetáculo do macaco do Francesco Gabbani, a dança cigana dos húngaros, as aulas de fitness do Robin Bengtsson, a dança dos bailarinos da Demy e o show da trança do Slavko, por exemplo.

Robin Bengtsson, Suécia 2017

Embora ao longo dos anos as coreografias tenham vindo a perder algum destaque nas atuações, ainda há muitos países a apostar nelas. Os exemplos dados em cima são prova disso mesmo. Mas será que os eurofãs consideram as danças pitorescas ou já se cansaram disso e agora preferem simplicidades?

O vencedor desta última edição da Eurovisão, Salvador Sobral, fez os europeus pensarem com o seu discurso de vitória: “A música não é fogo-de-artifício, é sentimento. Vamos tentar mudar isto. É altura de trazer a música de volta, que é o que verdadeiramente interessa”. Este discurso gerou grande indignação, pois a verdade é que muitos dos fãs, apesar de o ESC ser um festival de música, não o veem apenas como um festival de música, mas sim como um espetáculo de música, de dança e de efeitos. Por outro lado, houve também uma grande massa de fãs do certame que se manifestou em apoio a este discurso, defendendo que não são precisas danças espalhafatosas e dramáticas para se conseguir um grande espetáculo em palco.

Estas opiniões convergentes estão a deixar todos na expectativa. Será que vamos ter menos danças no ESC 2018? Os países irão optar por algo mais simples? 


Podia acabar este especial com “este ano tivemos um vencedor que cantou na sua língua materna”, mas isso seria um erro. Não é a primeira vez que tal acontece e provavelmente não será a última.


O foco deste especial não é, de todo, uma crítica à recente edição do Festival Eurovisão da Canção. O foco deste especial era suposto ser a fórmula que deu origem à recente edição do festival, mas infelizmente não a consegui revelar, nem estive perto disso. Tentei

O meu objetivo era mostrar-vos que a edição deste ano foi diferente de todas as outras. É impossível explicar o porquê. A essência deste ano foi distinta da essência das outras edições. Outros estilos de música, nomeadamente o indie, infiltraram-se na competição, o espetáculo mais "excêntrio" parecia aborrecer e a simplicidade tomou conta do show. E quatro meses depois já ninguém comenta, já ninguém crítica nem se manifesta.

Este ano foi o ano; foi um ano de viragem, foi um ano de mudança.
Estarão os eurofãs fartos dos mesmos clichés?

Vídeos: Eurovision.tv



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