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ESC 2017: análise ao quinto dia de ensaios


Hoje decorreu o quinto dia de ensaios, no qual 15 concorrentes subiram ao palco em Kiev. Os vídeos dos ensaios foram disponibilizados e várias considerações podem já ser tomadas a partir destes. É por isso que esmiuçamos as performances nas diversas categorias e vos deixamos a nossa opinião sobre elas.

VOZ


Não há dúvidas que subiram hoje ao palco cantores dotados de grandes vozes que nos fazem apaixonar instantaneamente pela música mesmo que talvez não gostassemos antes. Bem... talvez não apaixonar, mas que a vemos com outros olhos, com certeza vemos. Uma dessas vozes é a de Isaiah Firebrace, representante australiano, que eu estava ansiosa por ouvir por considerar que o jovem é portador de uma das melhores vozes desta edição (para não dizer que é a melhor voz masculina). Que voz genial para alguém que ainda não passou da adolescência! "Don't Come Easy" não é das músicas mais brilhantes do ano, mas Isaiah transforma-a em algo genial de se ouvir. Infelizmente é claro que o cantor está mais preocupado em não se esbardalhar enquanto anda em cima daquela plataforma giratória e a sua voz parece estar a ser prejudicada por causa disso. Ainda no quesito melhores vozes do dia é impossível não mencionar a voz de Leena, do duo Norma John, representantes da Finlândia. Tudo, mas mesmo tudo, está perfeito na proposta finlandesa, e a voz de Leena é só mais um pormenor que ajuda a formar este pacote perfeito. Mas mais que qualquer outra voz do dia, esta é aquela que faz os pêlos eriçaram nos braços, que nos embala e que nos faz sentir de coração apertado. Lindo, lindo, lindo. Vários outros intérpretes estiveram bastante bem a nível vocal no dia de hoje, embora não me tenham surpreendido da mesma forma que estes dois, que para mim estão no nível superior aos restantes. Na realidade, esta semifinal está tão forte que não se pode dizer que haja alguém que tenha esteja realmente mal vocalmente. Quer dizer... mais ou menos.


Bem no canto oposto aos cantores que mencionei acima está Slavko Kalezić, representante de Montenegro. Acho que alguém se esqueceu de o avisar que isto era um concurso de música, porque Slavko está muito empenhado é em abanar a sua trança e saltitar daqui para ali. Slavko foi uma grande desilusão, porque eu achava de verdade que ele era capaz de cantar, mas realmente não há desculpa para uma coisa destas. Ainda neste grupo pode ser mencionado Hovig, representante do Chipre, que apesar de não ter estado mal, pareceu-me que teve algumas dificuldades a conjugar coreografia e voz.

INTERPRETAÇÃO


Tal como disse acima, os Norma John foram perfeitos e trouxeram o pacote completo, então sim, Leena também se mostrou sublime na interpretação da canção "Blackbird". A música chega facilmente ao coração de quem a ouve, Leena é extremamente emotiva e passa a sua mensagem de uma forma que nos deixa completamente no chão e a questionar-nos sobre como é possível algo tão lindo pisar o palco eurovisivo. E talvez não seja justo colocar Portugal como um dos melhores nesta categoria, visto que é Luísa Sobral quem está no lugar do Salvador, mas a verdade é que ela conseguiu captar muito bem aquilo que Salvador faz em palco. "Amar pelos Dois" vive de interpretação e também a Luísa conseguiu passar para o público tudo o que esta música faz sentir. Se sem o Salvador já se consegue este feito, é impossível não ficar ansiosa para ver o que ele vai fazer em cima daquele palco e, pior, para saber qual o nível de lago que vou fazer cá em casa com a emoção. Não é à toa que estas duas canções são tão especiais e tão parecidas, já que as duas precisam de intérpretes de outro nível para serem ouvidas. Não há nenhuma, mas absolutamente nenhuma música que se equipare à exigência a nível de interpretação destas duas músicas e pelo que foi visto dos ensaios as duas merecem os lugares cimeiros da competição.


No canto exatamente oposto está aquele que é para mim o caso mais grave do ano. Blanche, representante belga, traz uma das músicas mais promissoras do certame, mas também se tornou na maior desilusão. Ainda que vocalmente não há muito que se possa apontar à jovem cantora (não gosto da voz dela, isso é certo, mas ela é competente), a sua voz é demasiado monótona e enfadonha. Blanche não consegue passar nada da música, ela está ali super contida, quase a desejar que a tirem do palco e uma pessoa fica só a olhar à espera que acabe. E quando acaba é como se não tivesse acontecido nada: a música não nos tocou, não nos marcou, não nos fez sentir nada. "City Lights" vive muito de interpretação, por ser uma música não tão fácil de se engolir, mas acho que infelizmente vai ficar entalada na garganta para sempre. Em questões de interpretação não há, infelizmente, mais ninguém que valha a pena realçar, para o bem e para o mal, já que a maior parte das músicas convencem pela sua audição e não exigem assim tanto dos seus intérpretes. Bom para eles, que têm menos por onde errar, mau para nós, que ficamos a pedir por mais algumas masterpieces

PRESENÇA DE PALCO


Quando o assunto é estar em palco é praticamente obrigatório falar no excelente trabalho dos SunStroke Project, representantes da Moldávia. O trio sobe ao palco eurovisivo pela segunda vez e claramente sente-se em casa, ao mostrar tremendo à-vontade. "Hey Mamma" não é a melhor música, mas é divertida e é isso que eles fazem em palco, tentam divertir a audiência com um cenário e uma coreografia engraçadas. A isso junta-se os sempre míticos Epic Sax Guy e Epic Violin Guy que vão ser sempre uma mais-valia pelo seu talento e pela sua capacidade de entreter. Os SunStroke Project têm tudo preparado para nos oferecer um excelente momento, não para nos emocionarmos ou sentirmos a música, mas apenas para nos divertir. Também Dihaj foi das melhores em palco, ao mostrar-nos uma performance dark e muito curiosa, sendo que a cantora tem imensos tiques e expressões que a tornam realmente especial. A forma como ela agarra a música, se mexe em palco e enfrenta a câmara e o público é excelente e tenho a certeza que irá captar muitas atenções. E óbvio, tenho que falar de Slavko Kalezić, já que presença de palco ele tem a mais. Ele anda para cá e para lá, ele joga com a câmara, ele sabe estar em palco e dar espectáculo. Não tenho dúvidas de que a performance vai ser excelente. Só é pena que no meio disso tudo ele se esqueça de cantar. Por fim, vale a pena falar de Robin Bengtsson e dos seus bailarinos, que se destacam no que a presença de palco diz respeito. Acreditando que as câmaras vão funcionar de forma parecida às do Melodifestivalen eles são obviamente dos artistas mais carismáticos do ano em palco. Os cinco funcionam muito bem - e neste caso é mesmo obrigatório dar crédito aos bailarinos, já que eles carregam grande parte da performance às costas - e com certeza vão transformar uma das músicas mais genéricas do ano num dos melhores momentos televisivos.


Por outro lado, há claramente alguns intérpretes que não estão tão à vontade em cima do palco - ou então só parecem naturalmente estranhos. Svala é um desses casos. A maneira de se mexer em palco é estranha e não se ajusta com a música, o tema de ficção científica de que se falava parece que ficou esquecido e só a cantora está a tentar imitar um extraterrestre e a própria indumentária é bem desadequada. "Paper" era uma música que prometia muito, mas pelo que se vê a Islândia está a assinar mais uma não passagem à final. Hovig também se encaixa perfeitamente nos mais fracos desta categoria. Pelo videoclip de "Gravity" já se via que os seus dotes para eram qualquer coisa de absurdo mas mesmo insistiram em fazê-lo participar daquela coreografia. Ele bem que se esforça e, admitamos, não foi tão maaaau assim, mas que ele estava melhor quieto, não dá para negar. Também o Chipre parece estar a esforçar-se por ficar na final. E como não podia deixar de ser, Blanche tem que estar aqui, porque presença de palco é algo que ela não tem - na realidade, ela parece desejar não estar no palco, sequer. Se interpretar ela não sabe e o único movimento que ela faz durante três minutos é levantar os braços, realmente não fica fácil defender "City Lights". Se a Islândia e o Chipre desejam muito ficar pela semifinal, a Bélgica está a esforçar-se fortemente para ser o flop do ano - e provavelmente vai conseguir. 

PALCO


Este ano as caras nos LED's parece ter virado mal crónico, por isso qualquer coisa que não seja a cara do cantor ou imagens do videoclip da música já parece ser um absurdo de originalidade. De qualquer forma, há alguns palcos que se evidenciam bastante em relação a outros, que acabaram por fazer algo mais apagado e sem graça. O Azerbaijão é claramente o país que arriscou mais no seu palco. Todo o ambiente é dark e muito estranho, ao ponto de quase não fazer sentido. Quer-se dizer, está ali um homem com uma cabeça de cavalo em cima de um escadote que mal se mexe! Acredito que seja um palco que facilmente se odeia porque realmente é muito alternativo e surreal, mas eu adoro como as coisas funcionam. Adoro o homem-cavalo, adoro a caixa, adoro a letra da música escrita na caixa. E Dihaj está perfeita neste ambiente (ela própria tem um ar muito dark então acho que não podia ser mais adequado a ela). É tudo tão bizarro que estou demasiado ansiosa para ver como vai funcionar na televisão. E para contrastar com toda esta bizarrice, existe o palco da Finlândia e o de Portugal, que passam as sensações exatamente opostas às que o Azerbaijão passa. A Finlândia manteve tudo muito parecido com o que fez na final nacional, e a verdade é que resulta. O ambiente é dark e intimista e transmite todo um conjunto de sensações que encaixam perfeitamente com a música. Adoro as cores escuras e o fumo, acho escolhas muito bem acertadas, e a Finlândia mostra que menos muitas vezes é mais. Portugal tem um cenário também intimista, mas que transmite sobretudo calma. "Amar pelos Dois" é o tipo de música que se ouve e se sente de olhos fechados por ter uma melodia tão mágica, então o cenário tinha que ser igualmente mágico. Estranhamente, parece que desta vez a RTP acertou. É quase obrigatório incluir nesta categoria também a Suécia. Eles são os reis do palco e isso é inegável. Eles já fizeram quase tudo e este ano resolveram levar umas passadeiras para lá porque obviamente têm que inventar sempre alguma coisa nova. Apreciadores ou não da música a verdade é que o palco está excelente e é uma das ideias mais originais do ano. Por fim, Demy, representante da Grécia, traz também um palco bastante apelativo a nível visual que vai salvar a canção. Se antes achava que a Grécia iria passar à final mesmo sem uma música que merecesse, agora tenho a certeza.


Há alguns que realmente passam bastante despercebidos e retiram potencial à música (sendo que algumas dessas músicas já não tinha potencial logo de início). Martina Bárta tem com certeza um desses palcos. Só se viu praticamente algumas imagens do videoclip mas tudo pareceu demasiado morto e sem emoção. Martina faz o que pode com uma música que já de si mesma não é muito apelativa, mas este palco realmente não ajuda. Não teria resultado melhor ter trazido um desses bailarinos das imagens para o palco? Pelo menos eles mexiam-se e as pessoas sabiam que eles estavam vivos, coisa que assim já não se tem tanta certeza. Também Kasia Mos, representante da Polónia, traz um palco bastante fraquinho. A música é tão obscura e o país apresenta-se com um palco de cores claras, com a cantora vestida de branco. Ou anda tudo daltónico para aqueles lados ou alguém anda com umas escolhas de vida muito erradas. A canção ganhava imenso com cores mais escuras sendo que assim acho que o palco está completamente desadequado em relação àquilo que a música passa. 

Melhor ensaio do dia: Finlândia
Pior ensaio do dia: Montenegro


Imagens: Eurovision.tv

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