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ESC Gentlemen - Sexto texto: 'E quando a imagem não é tudo'


"E QUANDO A IMAGEM NÃO É TUDO"

Ao longo dos últimos anos, e a cada ano que passa, é tão evidente a importância da imagem na Eurovisão, que me arrisco a dizer que será um dos elementos de maior relevância no futuro do certame.

Mas, a Eurovisão continua a ser um concurso de canções, e confio que, por mais que a imagem seja fundamental, ela não é tudo! Se tudo funcionar lindamente em termos artísticos, de performance e visualmente, mas a canção for paupérrima, não vamos estar perante uma canção com sucesso garantido. E vice-versa, isto é, podemos escutar a canção mais bonita deste mundo, mas sem uma atuação e imagem adequadas, as coisas não irão funcionar.

Assim surge a problemática de que a imagem não é tudo no mundo eurovisivo. Este ano tivemos um bom exemplo: a Irlanda. Nicky Byrne surgiu nesta edição apontado como um sex symbol. Nicky já era conhecido em toda a Europa, pois foi membro de uma banda muito bem-sucedida mundialmente: os Westlife. Além disso, é apresentador de tv, locutor de rádio, compositor, e em tempos foi jogador de futebol na Irlanda e na Inglaterra. Portanto, o seu nome teria um grande impacto nesta edição, e à partida seria muito bem cotado apenas porque se trata do Nicky Byrne. "Sunlight" não é uma canção desagradável, e à primeira audição até lhe podemos atribuir uns pontinhos. Mas depois de alguns meses a ouvi-la, cansa! E em Maio, os eurofãs já estavam tão saturados dela, que foi condenada a ficar retida na semifinal, não invertendo a tendência dos maus resultados da Irlanda no últimos anos. Nem mesmo um ex-Westlife foi suficiente para que isso não acontecesse. 

O mesmo sucedeu com os Blue, em 2011. Aqui o caso não foi muito diferente, mas os Blue criaram um maior impacto. Blue é uma das minhas bandas favoritas da adolescência. Ainda devo ter algures por casa o cd deles, de capa preta, que repetia vezes e vezes sem conta na minha velha aparelhagem de som. Sabia as músicas de cor e salteado! Quando, em 2011, em que ainda era uma recente fã da Eurovisão, surge o seu nome para representar o Reino Unido, fiquei em êxtase! O meu subconsciente amou a canção "I Can" desde o primeiro minuto, só porque se tratava de uma das minhas bandas favoritas, no meu espetáculo favorito (acho que só queria saber disso e de mais nada!). Ouvi até à exaustão, e quando chegou o dia da apresentação em palco, surge uma grande deceção. A canção não estava igual, a melodia foi alterada, e estava perante a performance mais pirosa dos últimos tempos. Ainda assim torcia para que o resultado não fosse mau. E não foi. O 11º lugar não é derrotador, mas para todas as expectativas que eu criei ao longo do tempo, estava esperançada de acreditar num merecido top 3. Mas não o merecia, nem de perto nem de longe, mesmo que lá no fundo eu torcesse. E mais uma vez ficou provado que a imagem, o nome e o impacto não foi suficiente.  


O que também não foi suficiente foi o charme de Alexey Vorobyov, no mesmo ano.  Alexey surgiu pela primeira vez na tv russa com apenas 17 anos, no programa "The X Factor". No ano seguinte, arrecadou de imediato um contrato discográfico e depressa alcançou o sucesso no seu país. Em 2008 e 2009 já havia concorrido para representar a Rússia na Eurovisão, mas só o conseguiu através de uma seleção interna em 2011. "Get You" foi escrita pelo famoso produtor marroquino Nadir Khayat, e tinha tudo para triunfar no certame. O ritmo da canção pedia uma performance elaborada, mas a apresentação final ficou muito aquém das expectativas. O 16º lugar soube a pouco para aquele que é um país forte na Eurovisão, e que, naquele ano, prometia "mover mundos e fundos" com esta representação. No entanto, Alexey ficou posteriormente apagado do mundo da música, e só ouvimos o nome dele pelos piores motivos: no início de 2013 sofreu um grave acidente de viação que quase lhe roubava a vida. Felizmente conseguiu recuperar aos poucos, e voltou recentemente a gravar e a atuar.



Axel Hirsoux é o exemplo contrário ao que já fui referindo. Neste caso, Axel possui uma imagem que não corresponde ao standard do espetáculo eurovisivo. Não é sex symbol, não é de um grande reconhecimento europeu, não emana charme entre as mulheres, portanto, não adquire os requisitos mínimos para que os eurofãs se percam de amores logo à primeira vista. No entanto, para mim Axel apresentou uma das melhores canções do certame, não ao nível da melodia, mas ao nível da escrita e da mensagem transmitida. Já o disse anteriormente que não conheço forma mais bonita do que expressarmos os nossos sentimentos por alguém, do que através da música.


Já, em 2006, os vencedores Lordi triunfaram muito graças à sua imagem exuberante, diferente, controversa e marcante. Poderia aqui afirmar que, neste caso, a imagem foi tudo! Mas já alguém imaginou visualmente uma banda com estas características que apresentasse uma canção “de meter dó”? Gosto muito de “Hard Rock Hallelujah” e, quer queiramos quer não, será uma das canções mais soantes quando nos lembramos da Eurovisão. Tenho amigos que não gostam da Eurovisão, sempre a associaram a um festival de música ligeira, e só sabem verdadeiramente a sua verdadeira essência devido ao impacto dos Lordi na sua história. Portanto, o sucesso destes finlandeses só aconteceu com o contributo de ambas as partes: a forte imagem e a apresentação de uma canção com “pés e cabeça”, no mínimo.


A Eurovisão não se faz só da canção, já alguém diria! Mas é certo que, apesar de hoje em dia, a imagem e a performance serem de extrema importância, muitas vezes elas não conseguem levar os países a “bom porto” sozinhas. Nós, eurofãs mulheres, não nos importamos minimamente de apreciar gentlemen's que nos façam suspirar! Mas é sempre mais agradável quando isso acontece ao mesmo tempo que os nossos tímpanos não são perturbados!

06/11/2016


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