Se há algo a que estamos habituados todos os anos são a troca de 12 pontos entre Grécia e Chipre. Não é a primeira vez que isto não aconteceu, mas é certamente o ano em que mais polémica há.
Ainda não passaram duas semana deste o final da Eurovisão deste ano, mas as "polémicas" votações já dão muito que falar. Helena Paparizou voltou ao festival dez anos depois e trouxe uma novidade: 12 pontos para a Itália e apenas 10 para o Chipre. Depois vieram os votos cipriotas, cuja primeira escolha volta a recair sobre os Il Volo, remetendo Maria Elena para o terceiro lugar. Nunca desde que foi instituído o televoto, os dois países deram menos que os 12 pontos um ao outro.
No caso grego, o júri deu o primeiro lugar à Itália e o segundo a John Karayannis e, neste caso, ainda seria possível para o Chipre conquistar os 12 pontos helénicos (já que uma canção grega nunca tinha falhado o primeiro lugar no televoto). Mas também na Eurovisão há uma primeira vez para tudo. "One Thing I Should Have Done" ficou em segundo na combinação de votos porque os gregos a classificaram atrás de Itália e Albânia no televoto.
No Chipre as coisas foram ligeiramente diferentes. Os cipriotas votaram, como era expectável, em Maria Elena Kyriakou no primeiro lugar, mas o júri classificou a cantora apenas no 6.º lugar, o que levou a reações da vencedora do The Voice. "Não estava à espera disto do Chipre, mesmo que o público nos tenha colocado em primeiro (...). Sinto-me envergonhada com os votos cipriotas, tanto porque sou cipriota e o co-criador da canção também, como pelo facto de o público nos ter colocado em primeiro mas um júri determinou os nossos oito pontos", disse na ANT1 TV, esta segunda-feira.
Mas o assunto tem feito "correr tinta" também nos media online: "estas são as pessoas que magoara Maria Elena Kyriakou... Primeiro a jurada nascida na Arménia, Goren Melian, que queria ver a Grécia no 12.º lugar... A segunda é a compositora Argiro Christoudoulidi que acredita que a música da Grécia e a performance de Maria Elena merecia o 15.º posto. A professora de música e cantora Stella Stylianou deu a Maria Elena a melhor nota, o 1.º lugar. O jornalista e apresentador Andreas Giortsios deu a Maria Elena a 8.ª posição enquanto Elias Antoniadis lhe deu a 3.ª. Estes votos foram incrivelmente comentados em todo o lado e gostariamos que a RIK nos clarificasse qual o critério para pôr algumas destas pessoas como júris", lê-se no Showtime CY que revela ainda que alguns jurados receberam ameaças depois de a EBU ter revelado os resultados separados da grande final.
Dois dos membros do júri da ilha já responderam às "acusações". A cantora Stella Stylianou disse numa entrevista depois do festival que "este ano a Eurovisão tinha músicas muito boas. Adorei as propostas letã e sueca. A música grega era muito boa mas não era memorável. Na semifinal arrepiei-me porque não esperava uma performance tão espetacular e foi por isso que dei os meus 12 pontos". Já a compositora Argiro Christodoulidi publicou no seu facebook que "o mundo tem milhares de problemas e as pessoas preocupam-se com um espetáculo de uma noite, que nada tem a ver com nacionalismo, patriotismo ou ideologias políticas a menos que escolham vê-lo por esse ângulo". "Pessoalmente, comparando as 27 canções em termos de apresentação, letra, composição, produção, instrumental e interpretação, acho que a Grécia tinha de ter o 15.º lugar. Os júris na Europa puseram-na em 19.º. Dizem que eu sou uma pseudo-conhecedora da área da área, mas assim sendo dizem que 200 jurados são todos pseudo-conhecedores porque não puseram a Grécia em primeiro. Peço desculpa, mas depois de anos de estudo numa das melhores escolas de música em Londres, é difícil para mim dar o primeiro lugar a uma música que considero fraca em relação às restantes só porque sou greco-cipriota", acrescenta.
Para piorar, o assunto estende-se à política quando Andreas Pitsillides, antigo membro do Parlamento Europeu, criticou os júris do Chipre no seu facebook: "respeito absolutamente o direito ao voto livre, mas tanta falta de harmonia entre as pessoas do Chipre?".
Desde 1981, Grécia e Chipre encontraram-se 22 vezes na final eurovisiva. A Grécia deu 12 pontos ao Chipre por 14 vezes enquanto os cipriotas premiaram os helénicos com a pontuação máxima por 16 vezes. De seguida pode ver todas as ocasiões em que os dois países não trocaram 12 pontos.
1981: Chipre dá 6 pontos à Grécia e 12 à Irlanda.
1983: Grécia dá 0 pontos ao Chipre e 12 ao Luxemburgo.
1985: Grécia dá 8 pontos ao Chipre e 12 à França. Chipre dá 8 pontos à Grécia e 12 à Alemanha.
1989: Grécia dá 7 pontos ao Chipre e 12 à Áustria.
1990: Grécia dá 6 pontos ao Chipre e 12 à Suíça. Chipre dá 6 pontos à Grécia e 12 à Itália.
1991: Chipre dá 10 pontos à Grécia e 12 à Espanha.
1992: Grécia dá 10 pontos ao Chipre e 12 à Irlanda.
1993: Grécia dá 10 pontos ao Chipre e 12 à Noruega.
1995: Grécia dá 8 pontos ao Chipre e 12 à Noruega.
1996: Chipre dá 10 pontos à Grécia e 12 a Portugal.
2015: Grécia dá 10 pontos ao Chipre e 12 à Itália. Chipre dá 8 pontos à Grécia e 12 à Itália.
Reveja a prestação grega:
Fonte/Imagem: Eurovisionary/Vídeo: Eurovision.tv
04/06/2015
Eu acho extraordinário, como as pessoas, pior, os intérpretes e participantes, acham que neste programa os votos devem ser dados, por serem vizinhos ou amigos, que estupidez! Votem em querem que ganhe! Portugal o ano passado não deu pontos a Espanha e foi injusto, é verdade, e foi culpa do Júri Português, mas foi uma vez sem exemplo, porque acho que o nosso júri este ano aprendeu a lição.
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