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Eurofestival em Histórias - Segundo texto




Por vezes é difícil acreditar que aquele festival que hoje se nos apresenta com tamanha imensidão, cheio de luzes e efeitos, um dia já foi transmitido apenas a preto e branco. A verdade é que durante doze anos as cores que faziam parte do festival, para quem assistia pela televisão, eram apenas o preto e o branco, e só em 1968 é que o festival ganhou cor. Claro que na altura ficava impossível apostar nos efeitos visuais como hoje se aposta e a beleza do espectáculo acabava por se perder. No entanto, a ausência de cores não impediu que grandes músicas e grandes vozes se mostrassem, mesmo que não tivesse um cenário colorido a embelezar. Ainda assim, esta não foi uma regalia para todos os países. Apenas França, Alemanha, Países Baixos, Suécia, Suíça e Reino Unido, que sediou este 13º festival, emitiram o programa a cores. A Eurovisão a cores só chegou a Portugal em 1980.

O Festival Eurovisão da Canção de 1969 foi o 14º a ser realizado e Espanha foi o país que o acolheu. Este foi um festival que ficou para a história do concurso por ter ocorrido algo que hoje parece impossível: quatro países foram consagrados vencedores. E porque é que isto aconteceu? Porque existiu um empate nos votos entre os quatro países e na altura não existia nenhuma regra que permitisse desempatar os quatro participantes nem impedisse que os quatro fossem vencedores. Assim sendo, Espanha, Reino Unido, Holanda e França foram considerados vencedores, todos com dezoito pontos. Foi a quarta vitória da França, a terceira da Holanda e a segunda da Espanha e do Reino Unido. A Espanha tornou-se assim no primeiro país a ganhar o concurso duas vezes consecutivas. Mas, como é óbvio, esta falha no concurso não foi do agrado de muitos dos países participantes, e por isso motivo no ano seguinte fez-se notar a ausência da Áustria, Suécia, Finlândia, Portugal e Noruega. Estas países não concordaram com a vitória a quadriplicar e optaram por não participar no concurso como forma de protesto. A confusão continuou no ano seguinte, pois só um dos países poderia receber o festival. Amesterdão acabou por ser sede do festival em 1970, ano em que se criou uma nova regra para evitar empates: se duas ou mais canções obtivessem o mesmo número de pontos, cada canção deveria ser interpretada novamente e depois disso, todos os júris, excepto os dos países visados, reuniam-se para escolher o vencedor.



Existem muitos artistas e bandas que ficaram conhecidos graças à Eurovisão, mas sem dúvida que os ABBA foram o grande fenómeno eurovisivo. Não é incomum ver as caras de espanto de quem nunca foi fã do festival ao perceber que o grupo sueco participou e venceu a Eurovisão. Muitas pessoas nem sabem que eles são suecos! A verdade é que apesar da qualidade inegável e do sucesso estrondoso atingido, a vitória no festival pareceu difícil de conseguir. Foram precisas três participações consecutivas para a vitória sorrir aos ABBA, e em 1974 eles finalmente conseguiram o merecido prémio, com “Waterloo”. O grupo já fazia sucesso em várias partes da Europa, mas foi com esta música que os ABBA entraram nos top’s musicais da Inglaterra e dos Estados Unidos, tendo conquistado a primeira e a sexta posição, respectivamente.



 Com altos e baixos, o que é certo é que os ABBA se tornaram uma referência musical a nível mundial, e nem o fim do grupo permitiu que as suas músicas fossem esquecidas. Todos nós recordamos o filme "Mamma Mia", que foi igualmente um sucesso e que contou com os temas mais conhecidos do grupo, e constantemente são feitos covers das músicas, para alegria dos fãs. Os meus avós conheciam os ABBA, os meus pais conhecem os ABBA, eu conheço-os e quase de certeza que os meus filhos também vão conhecer. Não há muitos grupos no mundo da música que tenham ultrapassado gerações desta forma.


O festival já viu várias formas de votação, mas foi em 1975 que entrou o sistema de votação como hoje o conhecemos. Resumindo o sistema, cada país elege as suas dez canções preferidas e atribui 12 pontos à canção preferida de entre essas dez, 10 pontos à seguinte, 8 pontos à que fica em terceiro e assim sucessivamente até entregar 1 ponto a uma das músicas. No entanto, este sistema também sofreu variantes ao longo dos anos. Inicialmente, todos os países tinham pelo menos um membro do júri que iria atribuir os pontos ao seu top10. Este sistema perdurou até 1996, altura em que alguns países começaram a utilizar o televoto para decidir quais as músicas receberiam pontos. Em 2004 todos os países passaram a utilizar o televoto para decidir quais as músicas seriam pontuadas, e esse sistema perdurou até 2008. Em 2009 entrou o sistema 50/50, no qual os votos são decididos pelo júri e pelo televoto.



Lembram-se de Marie Myriam? Talvez não seja do tempo de muitos de nós, então para elucidar quem não esteja recordado, ela foi a representante francesa no Festival Eurovisão da Canção de 1977, festival esse que acabou por vencer.



Ela nasceu na actual República Democrática do Congo e muito jovem foi morar para França, no entanto, é de descendência portuguesa. Isto significa que, apesar de Portugal nunca ter vencido o festival, o sangue da vencedora de 1977 também era português. Não é um consolo para quem anda há tantos anos nisto sem nunca ter ganho, mas é pelo menos um regozijo saber que alguém com um pouco de Portugal já levou o prémio para casa. 


08/10/2014
Imagens: Google/Vídeos: Youtube


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