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Em cada canção, uma mensagem - Décima letra: A Luta é Alegria, dos Homens da Luta



HOMENS DA LUTA - "A LUTA É ALEGRIA" (PORTUGAL, 2011)




Por vezes dás contigo desanimado
Por vezes dás contigo a desconfiar
Por vezes dás contigo sobressaltado
Por vezes dás contigo a desesperar

De noite ou de dia, a luta é alegria
E o povo avança é na rua a gritar

De pouco vale o cinto sempre apertado
De pouco vale andar a lamuriar
De pouco vale um ar sempre carregado
De pouco vale a raiva para te ajudar

De noite ou de dia, a luta é alegria
E o povo avança é na rua a gritar

E traz o pão e traz o queijo e traz o vinho
E vem o velho e vem o novo e o menino
E traz o pão e traz o queijo e traz o vinho
E vem o velho e vem o novo e o menino
Vem celebrar esta situação e vamos cantar contra a reacção
Vem celebrar esta situação e vamos cantar contra a reacção

E traz o pão e traz o queijo e traz o vinho
E vem o velho e vem o novo e o menino
E traz o pão e traz o queijo e traz o vinho
E vem o velho e vem o novo e o menino

Não falta quem te avise “vai com cuidado”
Não falta quem te queira mandar calar
Não falta quem te deixe ressabiado
Não falta quem te venda o próprio ar

De noite ou de dia, a luta é alegria
E o povo avança é na rua a gritar

E traz o pão e traz o queijo e traz o vinho
E vem o velho e vem o novo e o menino
E traz o pão e traz o queijo e traz o vinho
E vem o velho e vem o novo e o menino

Vem celebrar esta situação e vamos cantar contra a reacção
Vem celebrar esta situação e vamos cantar contra a reacção
Vem celebrar esta situação e vamos cantar contra a reacção
Vem celebrar esta situação e vamos cantar contra a reacção

E traz o pão e traz o queijo e traz o vinho
E vem o velho e vem o novo e o menino
E traz o pão e traz o queijo e traz o vinho
E vem o velho e vem o novo e o menino

A luta continua quando o povo sai à rua

        Este poema é bastante ritmado e, por isso, as suas estrofes contêm numerosas sílabas poéticas. O texto está formatado com duas partes distintas, mas que se repetem. Inicia-se com uma quadra de rima alternada, seguida de um dístico com dois versos brancos. No entanto, surge uma rima no primeiro verso. Esta estrofação repete-se mais uma vez até ao refrão. Este é igualmente constituído por várias repetições: um dístico em rima e um verso isolado, ambos descritos duas vezes. A segunda parte da canção possui a mesma estrutura da primeira. O poema termina com um verso branco, já após o término da melodia.

        Já muitas vezes foi falado este tema no “Crónicas” pela sua polémica, mau resultado e controvérsia. Mas é a sua temática que faz com que seja referido novamente. Em 2010, a crise nacional estava no auge, e todas os dias o nosso país se deparava com manifestações populares. Os “Homens da Luta” é um grupo constituído por comediantes que retratam temas revolucionários em forma de protesto. Hoje em dia já pouco se ouve falar deles, mas há quatro anos eram o reflexo da contestação de muitos portugueses, e os seus fãs contribuíram para que fossem a Dusseldörf representar Portugal na Eurovisão. Para além de termos músicos de paródia em vez de cantores a representarem-nos num festival da canção, repito, da canção, Portugal deixou transparecer uma imagem de “coitadinhos” com esta mensagem. Era este o povo português aos olhos da europa: desanimado, desconfiado, sobressaltado e, sobretudo, desesperado. E em vez de encararem todos os problemas de frente, a alegria do povo era sair à rua a gritar. Mas, de facto, não foram os protestos e as manifestações que fizeram virar a página da crise no nosso país. Estávamos numa época de lamúria, em que todos os dias víamos o ar carregado, ressabiado e a raiva no rosto das pessoas. Mas cada vez mais nos pediam que apertássemos o cinto. Os portugueses tiveram que abrandar e ir com cuidado com os seus gastos, pois a situação económica estava tão feia que por vezes pensávamos que até o ar que respiramos teríamos que pagar.
       Esta mensagem ainda tem um pouco de otimista: no meio desta desgraça, ao menos celebremos esta situação com o que o nosso país tem de bom: o pão, o queijo, o vinho. No entanto, não houve quaisquer motivos de celebração, muito menos a cantar contra a reação, pois cantar foi algo que Portugal não fez na Eurovisão esse ano. Além disso, o resultado foi bastante desanimador.
       Neste momento, avistam-se melhorias na economia do país, mas ainda estamos muito assombrados com os cortes, o desemprego, a inflação e os impostos que não param de subir. E ainda vemos manifestações todos os dias. A Europa já sabe de cor e salteado como estamos em termos financeiros. Nesse ramo, a Grécia em 2013 foi mais inteligente que nós em 2010, pois apresentaram este tema de uma forma mais profissional, com entretenimento de melhor qualidade, com músicos competentes e, sobretudo, sem terem sido alvo de chacota. Contudo, a luta pelos bons resultados irá continuar. Este ano quase que chegávamos à final, apesar da paupérrima letra. Por isso, e para terminar esta iniciativa, que Portugal, em 2015, tenha uma boa proposta com uma mensagem importante, bem estruturada, e uma melodia que cative a Europa, para que finalmente possamos ter a hipótese de chegar perto de um bom lugar no certame. 


12/08/2014

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