A CAMINHO DE COPENHAGA: PARTE 3
Crónica sobre possíveis representantes portugueses
RUI ANDRADE
Cliché? Sim.
Todo o fã eurovisivo sabe que o Rui Andrade não devia fazer parte desta lista. Porquê? Porque nos devia ter representado em 2011, mas os que votaram nos Homens da Luta lá sabem o que têm na cabeça! Não há muito para dizer que todos vocês não tenham visto: há uma vontade enorme por parte do cantor e ator de nos representar e a isso junta-se uma voz ainda maior. Há quem não queira saber de vozes quando se fala na Eurovisão mas, na minha opinião que vale o que vale, é esse o fator chave no Festival: não consigo gostar de uma música mal cantada (salvo raríssimas exceções) mas consigo tolerar uma música de que não gosto desde que a voz seja muito boa. Eu desconfio que o Rui Andrade a cantar “A luta é alegria” ia ser fantástico. “Em nome do amor” foi das melhores músicas que já pisaram o palco do Festival da Canção e é arrepiante ouvir e ver aquela atuação, aliás, chega a arrepiar-me quase tanto como “Senhora do Mar”. Sinceramente, não sei porque é que a RTP espera e não o convida para nos representar já que poupava o dinheiro do festival e levava alguém competente de quem os portugueses gostam, que já não é um total desconhecido entre os fãs estrangeiros e capaz de apelar ao voto do júri e do público feminino (if you know what I mean …). Juntem tudo o que o Rui tem a uma balada ao jeito daquela que nos apresentou em 2011 e têm aí a receita do sucesso e, acredito eu, de um top 5.
WANDA STUART
Wanda Stuart está longe de ser uma artista unânime no nosso país. Há aqueles que não gostam dela e há aqueles que a adoram e, como é fácil de perceber eu insiro-me no segundo grupo. Mas há uma coisa que ninguém pode negar: a voz irrepreensível que esta senhora tem e o espetáculo que dá de cada vez que pisa um palco. O certo é que em Portugal vinga-se na música não com uma voz extraordinária mas sim com as “músicas” das tardes de domingo da SIC e TVI. O Tony Carreira tem 500 músicas todas iguais, não passa da mesma nota, mas ele é que é o grande cantor deste país enquanto artistas como a Wanda Stuart nem um cd têm direito a gravar. Se tivesse nascido nos EUA, tinha de certeza uma carreira internacional e, se tivesse nascido na Ucrânia, Suécia ou Noruega há muito que ido ao ESC com 5 bailarinos mostrar todo o potencial da sua voz com uma música moderna, um visual arrojado e uma coreografia bem elaborada. São os três ingredientes que referi juntamente com tudo aquilo que a cantora dá em palco que nos podiam fazer campeões da europa (já que no futebol está difícil tentemos na música) mas, obviamente o povo português nunca iria aceitar algo assim na Eurovisão a menos que fosse uma balada com toques de fado e que nada acrescentasse àquilo que já enviámos mil e uma vezes.
HENRIQUE FEIST
Chamem-me antiquada mas se há cantor que adorava ver na Eurovisão era este. Com uma música composta pelo irmão ao estilo da Broadway tenho a certeza de que seríamos muito bem representados. Posso dizer-vos que não sou grande fã de teatro, muito menos de musicais mas há uns tempos ganhei bilhetes para o espetáculo deste senhor “Broadway Baby” e saí de lá encantada porque foi realmente algo fenomenal. Acompanhado ao piano pelo irmão (que é, para mim, um dos melhores compositores deste país), Henrique Feist fez aquilo que quase ninguém neste mundo faz. Gostava de vos descrever melhor isto, mas a verdade é que não há palavras para aquelas duas horas de puro entretenimento (volto a relembrar que não gosto de musicais). Era algo daquele género que gostava de ver em palco, mas quando penso nisso penso também que isso nunca nos traria uma vitória (isto pensando num mundo imaginário onde o Festival não gira à volta do dinheiro) porque é algo demasiado bom para este mundo que só quer ver música comercial e uma coreografia gira. Lembram-se de “Quase a voar” do FC 2011? Na altura não achei grande piada àquela atuação mas hoje em dia reconheço que foi de génio. Desde a música, à letra, à atuação e, claro, à voz do cantor que é fantástica. O ESC precisa de algo diferente, de algo arrojado, uma coisa nunca antes vista e é isso que eu acho que este Artistas (com um A grande) lhe pode oferecer.
DENIS
Há um género musical do qual sinto muita falta quando vejo a Eurovisão: o rock! Aparece muito poucas vezes e nessas poucas vezes ou aparece sob a forma de balada ou é tão mau que mais valia não aparecer.
Para quem não sabe quem o Denis é ele venceu “A Voz de Portugal” (justamente, diga-se). Para quem não teve a oportunidade de seguir o programa, percam uns minutos e vão ver as performances dele (principalmente se gostarem de rock) e garanto-vos que não se vão arrepender. Muitos são os países que apostam em talentos vindos deste género de programas portanto porque é que nós não fazemos o mesmo? Vânia Fernandes veio da OT e deu-nos esperança de poder ganhar o concurso. É claro que o Denis nunca conseguiria ganhar o ESC (não porque não tem talento para tal, mas porque não estou a vê-lo num registo mais pop que é aquilo que o Festival “exige” dos seus concorrentes), no entanto, com uma música ao seu nível e dentro do seu estilo vejo-nos muito bem representados e vejo sobretudo o rock colocado num patamar onde nunca esteve em termos de festival. Temos visto alguns artistas a tentar esta área musical e, na sua grande maioria, todos falham redondamente o desafio. Juntando à voz roqueira e diferente que tem uma grande música e a garra que tem com um tema em inglês (eu defendo que os países devem cantar sempre na sua língua materna mas já está na altura de tentarmos a língua universal), acredito que este seria um grande representante para o nosso país.
Imagens: Google
18/12/2014
Respeito todas as opiniões que foram aqui expressas. No entanto, discordo de um ponto em relação ao texto sobre o Denis. Não é o Festival que exige cantores pop. É a maioria dos grandes fãs eurovisivos que exigem pop e acabam por tornar este concurso muito limitativo e com horizontes musicais muito pequenos.
ResponderEliminarEm relação ao Denis, grande intérprete!!!