
ANTERIORMENTE...
Molly Sandén sentiu-se mal durante a noite, e é Danny quem cuida dela. Nesse dia, Loreen e Marco passeiam num museu, onde encontram Lena e Alexander Rybak. Já na rua, o casal encontra Carola, Pastora, Ani e Charlotte. A primeira tenta aproximar-se de Loreen. Novamente na internet, Valentina pede conselhos a Vânia Fernandes. Bonnie e Birgit regressam a casa e Emmelie recebe a visita de Lys Assia.
10º EPISÓDIO
Danny estava calmamente a dar
umas braçadas na sua piscina. Não tinha uns minutos para si desde que Molly
ficara grávida. Ainda estava um pouco atarantado por as coisas terem acontecido
tão rapidamente, mas, apesar disso, estava a viver uma das fases mais felizes
da sua vida.
Molly tinha ido às compras.
Estar grávida não era sinónimo de estar inválida e, por isso, a mesma adorava
entreter-se com as coisinhas dela e da casa, enquanto a Eurovisão e o seu bebé
não chegavam.
O sol já estava a desaparecer e
Danny tinha frio, pois esteve muito tempo de molho. Saiu da piscina, limpou-se
com uma toalha desajeitadamente e entrou em casa, ainda a pingar. Não se
importou. Molly também não estava lá para vê-lo sujar a casa.
Vestiu a sua roupa, sentou-se na
sala e sentiu alguma coisa a vibrar. Olhou à sua volta e percebeu que Molly não
tinha levado o telemóvel consigo, o que era uma grande falta de
responsabilidade, dado o estado de saúde dela. Danny levantou-se e viu que ela
tinha recebido uma mensagem de Eric Saade. Não se queria intrometer no foro íntimo
da sua companheira, mas estranhou que tivesse recebido uma mensagem do seu
ex-namorado. Pensou duas vezes, afastou o telemóvel, mas a curiosidade foi mais
forte do que ele. A mensagem dizia: “Estou com saudades das tuas mordidelas na
orelha. Se estivesses aqui já sabias o que te fazia”.

Danny, sem reação, deixou cair o
telemóvel e tentou fazer algum gemido com a voz. Não conseguia. Ficou em choque
durante alguns minutos e várias coisas lhe passaram pela cabeça. Ora que Molly
o estava a trair com Eric, que Loreen tinha razão ao dizer que ela é que era o
seu primeiro e grande amor, que Eric estava a querer conquistar a sua
ex-namorada… Sentiu-se, naquele momento, um falhado.
Molly chegou a casa quando Danny
estava ainda a pensar. Quando ela o viu, Danny saiu depressa da sala, irritado.
- Mas o que se passa?
Danny não lhe respondeu e saiu
de casa, em direcção à de Eric Saade. Ia a pé. Molly pôs de lado os sacos das
compras e reparou que tinha o seu telemóvel caído no chão. Leu a mensagem de
Eric e percebeu tudo. Não pensou duas vezes: também saiu de casa e, de carro,
porque não podia fazer esforços, foi a casa do seu ex-namorado.

Já estava quase de noite e Danny
demorou cerca de vinte minutos a chegar lá. Moravam relativamente perto, no
entanto Danny foi mais a correr do que a andar. Molly estava a segui-lo, a
pedir-lhe desesperadamente que entrasse no carro e a dizer que não sabia a
razão daquela mensagem.
Danny acreditava que iria cometer
uma loucura. Estava demasiado irritado e capaz de matar alguém. No entanto,
enquanto corria, tentou acalmar-se e respirar fundo para não pôr fim à sua
liberdade.
Bateu com força na porta da casa
de Eric. Apesar de ouvir barulhos lá de dentro, ninguém lhe foi abrir a porta.
Esperou mais vinte segundos e decidiu arrombá-la. Um estrondo enorme ouviu-se.
Apesar de não conhecer a casa
dele, andou à procura do quarto, seguindo sempre os barulhos que ouvia. Parecia
que Eric estava acompanhado. Perto da porta, Danny ouviu os comentários de uma
mulher:
- Tu deixas-me louca! E super
apaixonada.
Danny ainda ficou mais confuso.
Mas quem seria aquela mulher? Será que ele andava a engatar milhões de mulheres
e não se decidia sobre a melhor? E o que Molly tinha a ver com isto tudo?
Também a queria namoriscar?
Danny, ao entrar no quarto,
ficou escandalizado com o que estava a ver. Não estava a acreditar. Os dois
indivíduos que se encontravam na cama ficaram boquiabertos a olhar para Danny.
- Helena Paparizou? – Danny
estava completamente sem palavras. Reparou que ela estava muito incomodada e
humilhada. – Tu? Deixaste-te encantar por ele? Logo tu? Até lhe deste um valente
sermão no meu casamento! Mas que desilusão!

Molly tinha também acabado de
chegar e ouviu tudo aquilo que Danny lhes disse. Apesar de não lhe dizer
respeito, porque considerava Eric o seu passado, ficou um pouco escandalizada
por Helena, que se orgulhava de ser difícil para os homens, ter caído nos
braços dele.
- Eu e a Helena somos namorados.
Tens algum problema com isso? – perguntou Eric com ar de arrogante. – Se sim,
apresenta queixa à polícia – ironizou.
- Querido, não somos bem
namorados… - Helena tentou disfarçar a situação, sem sucesso.
- Mas o que tu queres, afinal? –
perguntou Eric, num tom agressivo. – Foi por causa da mensagem que enviei à tua
mulher, que já foi minha? – provocou-o. – Enganei-me. Era para a Helena.
Danny, interiormente, respirou
fundo e ficou aliviado por ter sido tudo um mal entendido. Contudo, sem mostrar
fraqueza, continuou com uma expressão autoritária e, com a voz grave, proferiu:
- Espero que não voltes a fazer
estas brincadeiras. Porque vais-te meter em sarilhos. Com a Molly ninguém se
mete! – Aproximou-se dela, deu-lhe um valente beijo com língua como provocação
e foram-se embora dali. Antes de irem, Danny fez o favor de bater com a porta
de casa, ainda chocado com Helena Paparizou.
Emmelie de Forest estava
indignada. Sentada à frente do computador, a queimar tempo até à chegada de Lys
Assia (iam passar mais uma tarde juntas), lia comentários ao vídeo da sua
atuação que estava alojado na conta oficial da Eurovisão no Youtube. Várias
pessoas estabeleciam comparações entre ela e a vencedora do ano anterior,
Loreen, pelo facto de estarem descalças, de usarem roupas largas e de terem
movimentos estranhos.
- Olha-me estes… Tenho eu culpa
de ser parecida com a Loreen, de termos os mesmos gostos e preferências… Isto
indigna! Está uma pessoa a dar o seu melhor…
Não pôde concluir o seu pensamento
porque a mãe da cantora que supostamente copiara estava a bater à porta.
Apressada, desligou o computador e foi abrir.
- Minha querida Lys! Entre! –
deram um abraço bem forte e depois foram-se sentar. – Sabe, estava agora a ver
comentários sobre a minha atuação. Não sei porquê, juro que não, mas fazem
muitas comparações entre mim e a sua filha.
- A Loreen? – Lys ficou muito
séria. Olhou com muita intensidade para a jovem dinamarquesa. – Mas… Como é que
hei de dizer… Vocês são muito diferentes, não é verdade? Mas ainda assim…
Emmelie pediu para que a senhora
se explicasse melhor.
- Há certas coisas em que vocês
são muito idênticas. São as duas lindas, por dentro e por fora. Muito
talentosas, muito humildes. Têm muito carinho para dar aos fãs, respeitam-nos
muito. Nota-se que são muito educadas, de bons princípios, muito trabalhadoras…

Ao falar da sua filha e daquela
jovem, que conhecera pessoalmente muito recentemente mas que já lhe marcara
bastante, Lys não conseguiu conter algumas lágrimas. Como não queria que
Emmelie a visse chorar, tirou rapidamente um lenço do seu casaco e passou
suavemente pelos olhos.
- Muito obrigada pelas suas
palavras! Vou poder estar mais tempo com a Loreen assim que for para Malmö.
Bem, na verdade só tenho de passar a ponte – riu-se a jovem, ansiosa. – Faltam
poucos dias, já os conto por uma mão só!
- É verdade… Passou tão
rapidamente! O tempo passa… - Lys continuava emocionada. Ao falar sentia-se
alguma saudade e uma certa tristeza, que não passaram despercebidas a Emmelie.
- Passa-se alguma coisa, Lys?
Quer um cházinho? Comprei um que parece que faz bem à voz.
Emmelie já se ia levantar quando
Lys a puxou novamente para o sofá. Estava a tremer. Os olhos continuavam muito
húmidos.
- Querida, tenho uma coisa para
te contar – iniciou ela. – Não é fácil dizer-te isto… Nem sei muito bem por
onde começar… Vai-me custar imenso fazê-lo…
- Lys, está-me a deixar
preocupada! Que se passa? – a senhora tremia cada vez mais, e já estava a suar.
Notava-se que tinha a boca seca.
- Emmelie, eu…
Lys Assia começava a respirar
mais pesadamente. Levava a mão ao peito, abanava-se, procurava ajeitar-se
melhor no sofá. Dizia “eu, eu…” repetidamente e abanava sempre a cabeça.
Emmelie começou a ver que algo não estava bem, e prontamente desapertou os
botões da camisa da senhora, soprou para a face dela, apertou-lhe as mãos com
determinação. Não viu melhorias nenhumas no seu estado. Ficou aterrada quando
viu o que estava a acontecer. Lys começou a fechar os olhos e caiu para a
frente, pesando nos braços magros de Emmelie.
Três dias depois. Malmö, 6 de
maio de 2013.
Havia uma enorme correria no
interior da Malmö Arena. Dezenas de técnicos davam os últimos retoques no recinto,
sob as instruções de um pequeno grupo de pessoas visivelmente satisfeitas. As
luzes já estavam ligadas e os projetores já mostravam algumas imagens no cenário.
Daí a minutos chegariam os concorrentes e as delegações para a primeira ronda
de ensaios.
Os fãs, esses, deveriam ficar
somente pela sala de imprensa, a partir da qual tomariam conhecimento das
atuações. Alguns ainda reclamavam da decisão da SVT em fechar os primeiros
ensaios ao público. Outros, contudo, ficaram mais satisfeitos – dava-lhes tempo
mais do que suficiente para conhecerem a cidade de Malmö e, quem sabe,
atravessar a ponte até Copenhaga! A polícia, pela sua parte, garantia toda a
segurança.
Malmö, 10 de maio de 2013.
Birgit estava sentada num banco
nos bastidores, à espera de que lhe dessem ordem para subir ao palco. A sua
barriga estava cada vez maior e não queria fazer grandes esforços. Começava já
a achar que a participação na Eurovisão era uma loucura e que algo de mal lhe
poderia acontecer.
- Que tens, querida? –
perguntou-lhe Bonnie Tyler, que estava ao lado dela. Tinha pedido autorização à
BBC para ir mais cedo para a cidade anfitriã do Festival; quando a delegação
britânica chegasse, juntar-se-ia a eles.

- Estou um pouco preocupada com
o bebé. Espero que tudo corra bem e que não me nasça aqui!
- Seria tão louco se parisses no
palco! – Bonnie entusiasmou-se e começou a aplaudir a sua própria ideia.
- Oh meu Deus, que visão do
inferno! – Birgit levou as mãos à boca, e depois massajou a sua barriga. Tinha
a certeza de que o seu rebento iria saber esperar.
Um responsável da organização
chegou-se simpaticamente à cantora da Estónia e informou-a de que deveria subir
ao palco. Birgit levantou-se, recebeu uma festinha na barriga feita por Bonnie
e foi para o palco com os seus coristas. Quando se colocou no pequeno círculo
do cenário, sentiu o seu bebé a mexer-se bastante e a dar-lhe mesmo um pontapé.
Parecia que a barriga tinha aumentado.
Zlata estava a ser perseguida
por vários fãs, que seguravam câmaras, microfones e blocos de notas. Queriam
obter informações sobre o escandâlo que ela própria iniciara na festa
eurovisiva de Estocolmo. A cantora ucraniana corria nos bastidores e gritava
por ajuda, mas os técnicos estavam na sua pausa de almoço e ninguém a foi
acudir.
- IGOR, AJUDA-ME!
O gigante estava numa zona
especial da arena, onde podia estar tranquilamente sem que corresse o risco de
partir nada. Assim que viu a sua amiga a correr desenfreadamente, levantou e
foi afastar os fãs. O seu porte fez com que eles fugissem rapidamente, sendo
que um deles até deixou cair o caderninho onde anotava as declarações dos
artistas.
- Ai, obrigada! Esta gente é
maluca! Vê lá tu que me apanharam ali fora e não pararam de fazer perguntas
sobre a minha atuação. E mais: fartaram-se de falar mal de ti!

O gigante abriu muito a boca,
escandalizado.
- Mas não te preocupes. Mesmo
que não me tivessem censurado, tu estarias em palco comigo. Já estive nos
braços de muitos homens, mas ia lá eu perder a oportunidade de estar nos braços
de um gigante! Só se fosse maluca!
Igor sorriu abertamente. Não
falava porque estava a comer. Perto deles surgiu uma funcionária da arena, que
fora atraída pelos berros de Zlata.
- Está tudo bem por aqui?
Parece-me ter ouvido… - a senhora não prosseguiu porque Zlata lhe cortou a
palavra.
- Está-me a perguntar se está
tudo bem? Mas que grande lata! Esteja calada! Você e todos os seus colegas
dessa emissorazinha para a qual trabalham. Se não me tivessem censurado, se não
me tivessem faltado ao respeito, eu jamais seria perseguida. Está a ouvir bem?
JAMAIS! Estava nesta altura a ensaiar a atuação da minha vida! Por isso esteja
calada e desapareça daqui!
A funcionária saiu em passo
acelerado, muito assustada e preocupada. Contudo, Zlata e Igor não ficaram
sozinhos. Emmelie de Forest e Loreen entravam na arena, ao mesmo tempo que
conversavam. A última parecia bastante zangada.
- É bom que me expliques o que
fizeste à minha mãe! Ela está no hospital, não sabe se pode vir assistir à
Eurovisão e a culpa é TUA!
Emmelie ficou muito desapontada
com a observação da sueca. Não tinha culpa nenhuma do que acontecera naquela
tarde em sua casa. Na verdade, estava tão preocupada com o estado de Lys como
Loreen.
- Eu juro que não fiz nada!
Loreen, que interesse tinha eu em fazer mal à tua mãe? Eu gosto tanto dela,
somos tão amigas…
- Pois, mas foi em tua casa que
ela se sentiu mal! Se calhar deste-lhe comida estragada, talvez enlatados. Não
é isso que os sem-abrigo comem?

Emmelie estava chocada:
- Loreen, eu já não sou
sem-abrigo! Isso são águas passadas, não mais voltará a acontecer. Estás a ser
injusta! Não fiz nada à tua mãe, claro que não! Ela apenas se sentiu mal! E
mesmo que eu fosse sem-abrigo… achas que os mendigos são más pessoas?
Loreen virou a cara para o lado.
Sabia que não estava a agir corretamente, e reconhecia bastante sinceridade
naquilo que Emmelie dizia. Ela era boa rapariga, muito simpática, toda a gente
gostava dela; era normal que a sua mãe também sentisse o mesmo.
Preparava-se para pedir desculpa
quando Zlata se intrometeu na conversa.
- Oh Loreen, pensava que não
eras tão tapadinha… Ainda não percebeste que esta moça dá a volta a toda a
gente?
Emmelie olhou para ela, de olhos
bem abertos e a tremer ligeiramente. Não sabia que mal tinha feito para merecer
estas observações de Loreen e Zlata.
- Enfeitiçou os fãs com a sua
atuação, que, por sinal, é muito parecida com a tua, Loreen. Deu a volta à
organização, que está ansiosa por lhe dar a vitória. Dá-te a volta à cabeça,
dizendo que não fez nada à tua mãe. Vejam lá – Zlata apontou as cadeiras onde a
restante comitiva da Dinamarca estava sentada -, até deu a volta à cabeça do
rapaz da flauta!
O rapaz, ao sentir que estavam a
falar dele, desviou rapidamente o olhar.
- Tu és tão mentirosa, Zlata!
Que desilusão! Eu não vou estar aqui a ouvir isto, não mereço, NÃO MEREÇO!
Emmelie correu em direção aos
bastidores. Zlata exibia um sorriso de orgulho, como se tivesse ganhado uma
batalha. Surpreendentemente, Loreen seguiu a jovem dinamarquesa, consciente de
que tinha feito uma grande asneira.
Gritos ouviam-se no backstage.
Margaret Berger, Robin Stjernberg e até mesmo Bonnie Tyler estavam chocados com
tanto barulho. Além de perturbar o bom funcionamento dos ensaios, ninguém
percebia o porquê de aquilo estar a acontecer. Aproximaram-se mais de onde
vinha o barulho e começaram a ouvir com mais clareza todo o discurso.
- Isso é que era doce! Eu e a
minha comitiva não vamos fazer nenhuma conferência de imprensa! Eu não ganhei
uma final nacional para depois vir aqui e ser negligenciada por tudo o que é
equipa da SVT. Isto é uma vergonha! Estou farta disto tudo. De tudo! Vou
desistir! – Pasha Parfeny estava ao lado da representante moldava de 2013, a
dar-lhe o seu ombro amigo para ela chorar. – A atuação não está como nós
planeámos!
Margaret Berger aproximou-se
deles, à entrada da sala de conferências, com dezenas de jornalistas sentados a
tirarem fotografias aos três.
- Mas o que se passa?
- Temos imensas exigências à
espera de resposta. Se fossemos à conferência de imprensa iriam colocar-nos
perguntas sobre as quais não saberíamos dar resposta!

Robin, com voz de bebé e quase a
chorar baba e ranho, afirmou:
- Mas vocês estão malucos? Isto
vai dar polémica! Todas as conferências são obrigatórias! Está no regulamento.
E vocês não avisaram a organização. Não façam isto! Vocês vão ser punidos!
Aliona Moon fez de tudo para pôr
a sua crista para baixo e, farta do que estava a acontecer, afirmou com a voz
demasiado fina:
- Esta gente tem sorte em eu
estar aqui. Se eles não fazem o que quero, eu também não faço o que eles
querem. Estamos quites! – e juntamente com Pasha Parfeny abandonou o local,
dirigindo-se para os seus aposentos.
Malmö, 11 de maio de 2013.
No dia seguinte, a arena de
Malmö tornou a encher-se de fãs, jornalistas e artistas. Os países concorrentes
na segunda semifinal da Eurovisão iam realizar a segunda rodada de ensaios.
Toda a gente sentia que o tempo estava a passar demasiado depressa; faltavam
três dias para o começo das galas.
Valentina Monetta era a segunda
artista a pisar o palco nessa manhã. Trouxera todos os tecidos vermelhos que
tinha em casa e lutava para conseguir pô-los a todos no seu corpo.
Farid Mammadov, que ia também
pisar o palco daí a minutos, estava ali perto a fazer alguns exercícios de
aquecimento, ao som de “Here We Go”, dos PeR. Tinha de subir para cima da caixa
e realizar todos os passos da coreografia, pelo que era importante ter os
músculos preparados.
- Ouvi dizer que também vais ter
uma bailarina de vermelho… - comentou Valentina para Farid, bastante
despenteada, depois de ter lutado com a sua roupa para encontrar o estilo
certo.
- Vou, pois! – disse Farid,
muito animado. Adorava a música da Letónia e começar o dia a ouvi-la deixava-o
muito bem disposto. – E olha que ela ainda tem um vestido maior que o teu!
Valentina ficou em choque, e
mexeu ainda mais nos seus cabelos despenteados.
- Como é possível? Eu trouxe
tudo o que tinha em casa, até fui comprar algumas peças à feira! – Farid
encolheu os ombros, sem resposta.
Os letões repetiram mais uma vez
a canção e Farid ficou louco de contentamento. Como não estava mais ninguém no
backstage, agarrou-se a Valentina e começaram a dançar. Passos para a direita,
passos para a esquerda, ele levou-a ao ar. A cantora de São Marino nem se
apercebeu de que estava a perder as várias peças de roupa.

- Ai, Farid! Estás-me a despir
toda! Ai, que eu fico maluca!
- Não faz mal, estou-te a ajudar
a sair do casulo! Já tenho muita experiência com borboletas!
E assim ficaram mais um pouco,
entretidos, até que um membro da produção chamou Valentina. O caminho até ao
palco foi feito numa autêntica guerra com as diversas peças que faziam parte do
seu vestido. Contudo, mal chegou ao cenário, uma onda de aplausos surgiu da
audiência, deixando-a encantada e convicta de que seria dessa vez que passaria
à final da Eurovisão.
- Então, querido… Ouvi dizer que
precisavas de alguém para te abraçar…
Farid deu um pulo na cadeira
onde estava sentado. Não se tinha apercebido da chegada de Krista Siegfrieds e
aquele sussurro aos ouvidos assustou-o.
- Krista… Sempre muito
engraçada! Mas descansa, já estou comprometido. E tu também deves ter com quem
te casar… - e olhou de soslaio para a corista da finlandesa, aquela que, no
final da atuação, beijava a cantora.
- Shiu! Isso ainda é segredo!
Como é que já sabes?
- Não se fala de outra coisa! É
disso e das polémicas com a rapariga da Moldávia e com a minha namorada…
Krista chegou-se mais a ele, com
um olhar provocante:
- Se te casasses comigo não
tinhas polémica nenhuma…

Farid afastou-a com brusquidão.
Na sua cabeça não via com bons olhos a questão do casamento homossexual e
preferia que eles ficassem bem longe de si. Além disso, no seu país, este era
quase um assunto tabu, pelo que não queria estar associado de forma alguma com
estas heresias.
- Deves ser muito ingénua para
achares que todo o mundo vai aceitar isso que vais fazer em palco… - disse
Farid, já mais afastado da comitiva finlandesa.
- Oh, fala aí à vontade, que eu
bem sei que no fundo tu até gostavas de estar no meio de nós! Ia ser “oh oh
ding dong” a toda a hora! – as bailarinas de Krista riram-se loucamente.
Os técnicos da SVT começaram a
transportar a caixa de vidro que fazia parte da atuação de Farid em direção ao
palco. O bailarino já lá estava dentro. O azeri despediu-se das finlandesas com
alívio e foi para o cenário. Os fãs aplaudiram com entusiasmo. Até Krista,
esquecida da repulsa que Farid parecia ter dela, se colocou a jeito para ver a
atuação.
- Esta, minha querida Team Ding
Dong, é das melhores atuações que alguma vez vi!
Eythor estava muito nervoso para
subir ao palco da Eurovisão. Ia ensaiar, no entanto já tinha desperdiçado 5
minutos do mesmo. E só tinha meia hora, conforme era estipulado pelo mapa de
ensaios.
Puxou o seu cabelo para trás,
arranjou o lacinho que trazia e começou a cantar. Porém a sua forma de cantar
não estava a criar impacto, sentia que não estava a passar emoção. Até os
quatro coristas que o acompanhavam refilaram.
- Mas o que se passa? –
perguntou um deles. Ao mesmo tempo que fez a pergunta, Eythor teve uma ideia.
Pegou no telemóvel, ligou o skype, viu que o seu irmão, Rui Bandeira, estava
online e falou para ele:

- Maninho do meu coração, amo-te
muito! Bates forte cá dentro! Sempre! És o melhor mano que alguém pode ter – e
sentiu-se com mais força para cantar.
Horas mais tarde acontecia o
ensaio de Margaret Berger.
- Não! Mas tu não sabes ouvir?
Eu não vou mudar a atuação! E muito menos o vestido. Fica-me super bem, fico
sexy, com umas grandes ancas e rabiosque para a televisão. Se não se
apaixonarem pela minha música, apaixonam-se pelos meus dotes corporais –
comentava Margaret Berger, um pouco irritada com o seu baterista. – Além disso,
quanto mais fico assustadora em palco, mais sexy me torno!

A cantora fez sinal a alguém
para pôr novamente a música a tocar no palco. Com a mão na anca, logo no
momento em que a música começou, fez um olhar sedutor e começou a interagir com
as câmaras.
- Now I can see, The whole world is mine. I can
touch and feel, I feed you my love – cantava ela. No entanto, após o
término do primeiro refrão, Margaret refilou com a produção, porque não estava
a conseguir ouvir o instrumental.
Cezar acabava de passar em
frente à sala de impresa, e estava boquiaberto com o que tinha acabado de
ouvir. Assustado, afastou-se rapidamente do espaço, elevou as mãos, benzeu-se,
ajoelhou-se, proferiu umas rezas quaisquer.
- O mundo está louco, o mundo está
perdido!

Tinha acabado de saber que
Krista Siegfrieds ia concluir a sua atuação eurovisiva com um beijo lésbico.
Não podia ter ficado mais chocado e aterrado. O pior de tudo era que toda a
gente parecia estar a delirar com a ideia! Tinha ouvido também que, à custa
disso, a Finlândia tinha subido alguns lugares nos sites de apostas e nas
votações dos fãs. A sua música, pelo contrário, não saía dos últimos lugares.
- Venho eu aqui espalhar o meu
talento, mas sempre junto de Deus, até com este crucifixo aqui ao peito, para
depois esta gente aplaudir aquela… doida!
Com tanto choque tinha-se
distraído das horas e estava já atrasado para o seu ensaio. Tinha de se
despachar, já que ainda tinha de prender aquele enorme vestido à cintura e
subir para cima da plataforma.
- Deus me salve destas coisas!
Malmö, 12 de maio de 2013.
O primeiro dia de ensaios dos
BIG5 e do país anfitrião começou. Os Cascada foram eficientes em palco e sem
grandes alaridos a nível visual, tal como aconteceu com Espanha e França. Até
Bonnie Tyler estava a achar um tédio os ensaios; dizia por vezes, aos berros,
que queria voltar para a sua casa no Algarve. Em relação a Robin Stjernberg,
circulava um rumor de que os bailarinos estavam em risco de se aleijarem,
porque iam descalços para o palco e o piso era muito irregular. Porém, o ensaio
italiano foi o que mais interesse gerou, tanto do público feminino como do
masculino.
- Oh meus Deus, ele é tão giro!
E aquele fato azul… Oh meu Deus! Que calor! Alguém me traz um abanador! Não sei
como é que ele está com a Loreen. Vê-se à distância que ela ainda gosta do
Danny… – alguém no backstage, da produção, comentava isto com outra pessoa.
Loreen estava ali perto a ouvir toda a conversa, mas não se revelou. Aliás, até
ficara a pensar no que elas disseram sobre o facto de ainda gostar de Danny.

Com o charme habitual e italiano
de Marco Mengoni, toda a audiência ficou estática a olhar para ele. Era
demasiado irresistível não resistir a ele. E a sua pronúncia deixava as mulheres
loucas e cada vez com mais ânsia. Nem sequer ligaram à emoção que Marco estava
a depositar na sua atuação. Elas, e alguns homens, não tiravam os olhos de cima
do italiano.
Visite as páginas do facebook dos três clubes de fãs:
Eric Saade - [AQUI]!
Robin Stjernberg - [AQUI]!
Este artigo não pretende insultar ou manchar o nome dos artistas, países ou fãs. Apenas honrá-los por terem feito parte da Eurovisão.
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