
ANTERIORMENTE...
Marco Mengoni informa Loreen de que se mudara para a cidade dela. Eythor Ingi, em Portugal, mete-se no meio de um grupo de bailarinos e dança, o que o faz conhecer Rui Bandeira, que mais tarde descobre ser seu gémeo. Entretanto, Eric Saade diverte-se com sete jovens, enquanto Danny Saucedo apanha um susto: Molly Sandén está grávida! Loreen ouve esta informação e beija Marco como provocação. Farid e Zlata também não estavam bem: depois de um beijo, ela magoou-se.
6º EPISÓDIO
Acabada de acordar, Valentina Monetta olhou para o
relógio e assustou-se. Eram duas horas da tarde e ela tinha perdido o treino da
manhã no ginásio. A cantora andava a tentar perder peso, para estar
completamente no seu melhor no dia da Eurovisão. Tinha passado os últimos dias
com fome, tinha comido muito pouco e feito muito exercício. Como nesse dia não
fora ao ginásio, sabia que tinha de ficar a maior parte do dia com a boca
fechada.
Lavou os dentes e a língua, tirou cera dos ouvidos,
pôs uma máscara facial e decidiu relaxar um pouco no seu sofá. Após isso,
vestiu a sua roupa do dia-a-dia, ligou a televisão e lembrou-se do seu querido
Facebook. Há muito tempo que não o visitava e sabia que tinha milhões de fãs
pelo mundo inteiro. Por isso, decidiu largar a preguiça e acariciar os seus
queridos seguidores.
Super entusiasmada e a dar umas valentes
gargalhadas, escreveu com rapidez nas teclas: “OLÁAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA, MEUS
AMORES, A MAMÃ ESTÁ AQUI! SIM, SOU MESMO EU! ANTIGAMENTE ESTAVA NO CASULO MAS
AGORA SOU UMA LINDA BORBOLETA! FAÇAM-ME AS PERGUNTAS QUE QUISEREM. BEIJOS,
AMO-VOS MUITO, PARA TODO O SEMPRE, INFINITOS E MAIS ALÉM”.
Esperou alguns momentos e passou os olhos pela
novela da tarde da SMTV, a emissora do seu país. As perguntas não paravam de
chegar. Valentina era uma das favoritas à vitória nesse ano e estava a ser
muito acarinhada por todos os fãs eurovisivos. “CALMEX, QUE EU SOU SÓ UMA! NÃO
POSSO RESPONDER A MILHARES DE PERGUNTAS! AMO-VOS. KISSESSSSS”.
Decidiu, portanto, escolher uma primeira questão. A
fã perguntou o que ela planeava levar para o palco eurovisivo. Valentina,
satisfeita, respondeu: “OLÁ, MINHA QUERIDA, AMO-TE MUITO. VOU LEVAR UNS
CORTINADOS VERMELHOS E MUITO VENTO. AH, E CLARO, MUITA PAIXÃO. A MINHA VIDA É
TODA ELA UMA PAIXÃO. KISSES”.
Outro fã perguntou se Valentina gostava mais de
“Crisalide” ou de “The Social Network Song”. Valentina pensou duas vezes e
decidiu continuar com as respostas: “MEU AMORZINHO LINDO, AMO-TE MUITO! E AMO
AS DUAS. TENHO SAUDADES DE VIVER NO FACEBOOK, MAS UM CASULO É QUASE O MESMO.
AMO-TE PARA SEMPRE”.
Por fim, outro fã perguntou-lhe o que a fazia
realmente feliz. Valentina não teve de pensar muito: “MEU LINDOOOOOOO, SÓ
PRECISO DE TER UM HOMEM AO MEU LADO QUE ME SATISFAÇA TODOS OS MEUS DESEJOS,
CHOCOLATE E UMA VITÓRIA NA EUROVISÃO. YOU AND ME FOREVER AND EVER. KISSES.”
Valentina, cansada de responder a tantas perguntas,
encolheu os ombros e sentiu-se entediada. Decidiu que ia só responder a mais
uma pergunta, o que deixou os seus seguidores muito tristes. Ao acaso escolheu uma:
“Como é que foste capaz de nos deixar? Somos uma família. Deixaste a tua quinta
no Farmville, mataste todos os peixes do Fishville, deixaste o teu facebook, os
teus amigos do facebook. Porquê?”. Valentina soltou uma lágrima e respirou
fundo, pois era uma pergunta que lhe causava muitos nervos. “Amorzito, não foi por
mal. Quando me convidaram para participar pela segunda vez na Eurovisão,
disseram-me que tinha de largar o Facebook. Ainda pensei criar uma conta no
Twitter, mas proibiram-me. A minha vida é esta: estar aqui com vocês, conviver
com vocês. Amo-vos a todos e ao Facebook também”.
Quem se encontrava em casa, sozinha e abandonada,
era Emmelie De Forest. Por vezes, tinha os seus colegas de equipa a trabalharem
com ela em sua casa, no estúdio de gravação que aí instalaram. Contudo, passava
a maior parte dos dias sem ter ninguém com quem falar. Por vezes, através de
uma conta falsa, ia jogar Farmville e cuidar da sua quinta, das suas vacas e
das suas ovelhas. Outras vezes ficava a observar a paisagem, o horizonte, algo
que a deixava bastante calma e em contacto com a Natureza. Emmelie era uma
pessoa muito simples, muito ligada à Natureza, à pureza das pessoas. Não se
sentia definitivamente capaz de aguentar toda a inveja e o falatório durante a
sua estadia em Malmö. Apesar de a sua canção estar a ser bem recebida, haveria
sempre quem gostasse de falar mal de algo que era bom.
Fez o seu almoço, massa com queijo. Emmelie teve,
desde cedo, de aprender tudo sozinha, já que não tivera nenhum parente para lhe
explicar as mais pequenas coisas. Ela já não era uma criança, era uma mulher,
mas sentia regularmente falta de uma personagem familiar importante na sua vida.
Não tinha muita fome. Aliás, Emmelie nunca fora uma
pessoa que tivesse muito apetite. Aprendeu, desde cedo, a comer pouco e a
estimar o pouco que tinha. Foi pobre, passou muitas dificuldades, mas podia
agora erguer finalmente a cabeça. Ia até representar a Dinamarca na Eurovisão!
O que lhe faltava mesmo era ganhar o concurso. Era um sonho tornado realidade.
Ligou o seu computador e decidiu ver como estava a
casa de apostas. Emmelie nunca ligava muito a isso, porque normalmente elas
erravam sempre. Lembrou-se, por instantes, do fantástico Amaury Vassili e do
seu “Sognu”. Era a grande favorita dela e das casas de apostas em 2011.
Acedeu ao site Oddschecker e pôs “Eurovisão 2013”
como palavra-chave. Encontrou a votação que queria, a de quem iria vencer o
certame, e ficou escandalizada com o que tinha acabado de ver. “Only Teardrops”
estava a ser a favorita dos fãs e das casas de apostas na internet. Ela não
acreditava.
Começou a correr pela casa toda, aos gritos. Até
assustou os vizinhos. Ouviam-se berros como “EU VOU GANHAR A EUROVISÃO! EU NÃO
ACREDITO! SOU A PESSOA MAIS ESPECIAL DO MUNDO! A MINHA VIDA VAI DAR UMA VOLTA
DE 180 GRAUS! EU NÃO ACREDITO! EU NÃO ACREDITO. EU NÃO ACREDITO.”
Para ver se o que estava a acontecer era real,
atirou-se para a piscina, mergulhou várias vezes e mandou água para a sua cara.
Estava mesmo feliz.
- Loreen, não gostei daquilo que fizeste. Eu não
sou nenhum palhaço do qual te aproveitas para fazeres cíumes a outro. Tens de
seguir em frente, e parece que o Danny também já seguiu… – disse Marco, muito
triste e frustrado.
Loreen e Marco estavam em casa dela. Tinham ido
para lá após se terem encontrado com Danny e Molly no jardim, e após Loreen ter
beijado Marco.
- Se queres continuar a sofrer por quem não te
merece, tudo bem, eu respeito. Mas não me metas nas tuas confusões. Não quero
sair magoado no meio disto tudo.
Loreen estava a chorar perdidamente. Sabia que o
que tinha feito não estava correto. A única coisa que podia fazer naquele
momento era pedir desculpa.
- Desculpa, Marco. Tens sido impecável comigo. Só
que eu ainda não estou preparada para outra relação. E tu tens feito muita
pressão… – Marco sentiu que ela o estava a culpabilizar. – Calma, não te estou
a dizer que és o culpado disto tudo! Mas eu preciso de espaço…
Virou-lhe costas e continuou a chorar, agora com
mais intensidade. Marco, que tinha um coração de manteiga, aproximou-se dela
para a consolar, mas foi rejeitado.
- Caraças! Não percebes que o homem que eu mais
amei vai ser pai? E logo daquela? Se eu soubesse antecipadamente, se eu
adivinhasse o futuro, nada disto teria acontecido! Tinha desistido da
Eurovisão! Não havia “Euphoria” para ninguém. E neste momento estaria com ele.
É a única coisa que queria.
- Querias?
Loreen nem se tinha apercebido do que tinha acabado
de dizer. Falar no passado sobre algo que lhe era bastante presente custava-lhe
imenso. Marco aproximou-se dela, pegou-lhe nas mãos e acariciou-lhe o nariz.
Abraçou-a e os dois ficaram em silêncio.
- Eu estou aqui. E estarei sempre aqui. –
Aproximou-se da boca dela e olhou-a nos olhos. – Eu gosto realmente de ti. E
não vou desistir assim tão facilmente. Disso podes ter a certeza. – Os olhos de Loreen brilhavam. Não
sabia o que estava a sentir, mas era algo que a animava muito.
- É a única coisa de que tenho a certeza, Marco: tu.
– Marco abraçou-a com força, segurou nas costas dela e deu-lhe o melhor beijo
que Loreen teve ao longo de toda a sua vida.
Os dois não paravam de se beijar. Aumentou a intensidade
e o desejo. Loreen saltou para o colo de Marco, e este levou-a para o quarto.
Peça a peça despiu-a, de uma forma bastante sensual, e entregaram-se um ao
outro, como se aquele fosse o último dia das suas vidas.
- Estás-me a dizer que adoras comer chouriço com
ervilhas?
- Sim, é um dos meus pratos favoritos! E se for
acompanhado de uma imperial bem fresca…
Rui e Eythor estavam sentados na esplanada de um
restaurante, a almoçar. Estavam a aproveitar o momento para se conhecerem
melhor, para encontrarem semelhanças entre eles. Maravilhava-os saber que
tinham uma infinidade de gostos e hábitos em comum.
- Sim, eu também só consigo cozinhar se tiver as
janelas abertas. E não gosto de estar na cozinha descalço. Tem de ser de
chinelos.
- Olha, tal como eu! E olha lá: dormes como? De pijama?
Lá na Islândia vocês devem passar maus momentos com o frio, suponho…
Eythor bebeu um pouco de água e depois respondeu ao
irmão:
- Vou-te deixar bem surpreendido agora: não. Na
verdade, eu durmo… de tanga!
Rui deu uma gargalhada e ia-se engasgando. Tossiu
umas quantas vezes, bebeu água, procurou controlar-se, e depois continuou.
- Hahahaha, eu também! E têm de ter padrões. Não
gosto delas lisas!
Já tinham falado das experiências de cada um deles
na Eurovisão. Rui contou as memórias da sua ida a Jerusalém, quando o Festival,
segundo as palavras dele, ainda estava “na sua vida anterior”. Agora,
continuou, o concurso estava diferente, e Eythor deveria ter muita coragem e
calma para enfrentar o continente europeu.
Depois da Eurovisão, falaram de gostos musicais,
televisivos, literários. A conversa prosseguiu para a comida e para os hábitos
comuns. Aperceberam-se de que ambos adoravam cortar cebolas, não sabiam como
abrir uma lata de atum sem sangrarem, que raramente se lembravam de fazer as
suas camas e que preferiam ver televisão deitados no sofá com uma almofada
entre as pernas.
- Quantas namoradas tiveste? – quis saber Rui.
- Duas. Mas nenhuma delas gostou do meu cabelo
comprido… - lamentou o outro, com visível desapontamento.
- Fogo, isso é muito chato. Eu bem sei! Já me
pediram para o cortar vezes sem conta! Não sei quem pensam que são, essas
pessoas que andam sempre a reclamar. Vê lá se pedem ao Cristiano Ronaldo para
deixar de marcar golos… Este cabelão é imagem de marca!
Eythor gostou muito da comparação e disse que
concordava inteiramente com o seu gémeo; era inadmissível as pessoas não
respeitarem os estilos e os gostos dos outros.
- Loiras ou morenas? – perguntou Eythor, com um
olhar atrevido.
- Morenas – respondeu Rui, avançando de imediato
com outra pergunta. – Praia ou montanha?
O outro pensou:
- Talvez praia… O mar sempre fez parte da minha
vida. E agora para ti: lulas ou polvo?
- Ena, pá – comentou Rui, como se tivesse sido
apanhado de surpresa. – Essa é difícil… Mas diria lulas… Sim, lulas! E diz-me
lá: em pé ou sentado?
Eythor franziu o sobrolho.
- Em pé ou sentado? – coçou a cabeça. – O quê?
Rui soltou uma gargalhada:
- Epá, nem sei! Mas queria continuar a imitar o
programa do Daniel Oliveira!
Danny e Molly estavam na sala de espera do maior
hospital de Estocolmo. O rapaz tinha fico preocupado com a indisposição de
Molly, e não queria ir para casa sem ter a certeza de que estava tudo bem com o
seu futuro filho. A jovem sempre se mostrara contra essa ideia, mas acabara por
aceitar deslocar-se às urgências. Ficaria mais descansada também e, além disso,
poderia ser que o médico lhe desse pequenas dicas sobre como passar melhor os
dias seguintes e ter uma vida normal estando grávida.
- Fogo, nunca mais! Daqui a pouco sai-te por aí a
criança e ainda estamos aqui sentados! – Danny levantou-se e pôs-se a andar de
um lado para o outro.
- Oh, amor, tu és tão maluco! Senta-te lá aqui.
Temos de esperar, não achas? Deus não criou o mundo num dia!
- Mas olha que eu criei uma vida em menos de uma hora… - comentou ele, passando a mão na
barriga da namorada. Molly ficou chocada mas riu-se com a observação.
- Se o teu objetivo era que eu ficasse orgulhosa
das tuas capacidades, meu amor… Conseguiste!
Deram um abraço e Molly acabou por deixar ficar a
sua cabeça encostada ao ombro do namorado. Podiam ficar no hospital, sentados
naquelas cadeiras desconfortáveis, todo o tempo do mundo, mas ao menos sabia
que estava bem. Estava com o homem dos seus sonhos.
A rapariga só levantou a cabeça quando entraram na
sala duas senhoras. Uma delas vinha grávida, e era visível que estava ansiosa
por se sentar num banco. A outra vinha toda tapada com um casaco até aos pés, o
que deixou Molly embasbacada. “Credo, não está assim tanto frio…”. Acabou por
perceber tudo pouco depois: as duas senhoras começaram a falar num inglês
perfeito, melódico. Eram garantidamente turistas e vinham do Reino Unido.
- Ai, titi, eu já não aguentava mais! Nunca pensei
que estar grávida fosse tão difícil…
- Não exageres, dear. Ainda falta muito para o
nosso menino nascer! Ainda vais primeiro à Eurovisão e tudo! – disse a senhora
que se escondia no casaco. A sua voz era muito grave e rouca.
Molly e Danny redobraram a atenção. Ouviram falar
em Eurovisão… Uma delas ia à Eurovisão. Será que tinham comprado bilhetes para
a plateia? Ou seriam coristas de alguém? Podiam mesmo fazer parte dos números
de intervalo.
- A titi não tem calor? Meu Deus, eu estou toda
esbaforida! Bem podia ter já aqui a ventoinha que vou ter na minha atuação no
Festival!
- Calor, minha querida? A Bonnie Tyler anda sempre
fresca! – e riu-se, satisfeita. Não se apercebera de que tinha falado em voz
demasiado alta. Quando olhou em volta, tinha Molly Sandén e Danny Saucedo à sua
frente, encantados.
- Meu Deus, eu não acredito! Bonnie Tyler, é você?
– Molly estava até emocionada.
A cantora britânica esboçou um sorriso amarelo e
abriu os olhos, como se tivesse ficado deliciada por ter sido reconhecida.
Abriu os braços, disse “ohhhh, so cute”, e abraçou-os com genica.
- Oh, gosto muito do seu penteado, rapazito! –
mirou Danny de alto a baixo e depois comentou, já mais descontraída: - Muito
moderno, muito louco! Gosto de coisas assim!
Birgit levantou-se a custo da cadeira onde se
instalara e cumprimentou o jovem casal.
- Muito prazer. Chamo-me Birgit e vou representar a
Estónia na Eurovisão! A minha canção chama-se “Pode haver um novo começo”.
- E não é que realmente vai haver? – comentou
Bonnie, orgulhosa da sua menina. – Eu também lá vou estar, em defesa do Reino
Unido. O meu tema chama-se “Acredita em Mim”. E sim, podem acreditar em mim,
não costumo mentir. Sobretudo quando… - tornou a mirar Danny. – Quando digo que
o moço é muito giro!
Birgit fez sinal para que a sua ama se acalmasse.
- Titi, até parece mal… - sorriu atenciosamente a
Molly, como forma de pedir desculpa.
- Parece mal? Nada disso! Até lhe podia convidar
para vir connosco para o Algarve. Com esta musculatura, era a pessoa ideal para
segurar a antena da ZON, que está sempre a cair por causa do vento! E isso é
que parece muito mal! E depois como queres ver as tuas séries preferidas na
BBC?
- Penso que nos próximos tempos vão ter de assistir
mais à Baby TV – comentou Danny, com gentileza.
Os quatro foram continuando a conversar. Instalaram-se
juntos nos bancos e fizeram as devidas apresentações. Falaram das suas
carreiras, da Eurovisão, que se aproximava cada vez mais, da vida familiar. Não
havia muitos utentes na sala de espera, pelo que a conversa se desenrolou com
tranquilidade.
De súbito, porém, uma série de gritos fez todas as
conversas da sala de espera cessarem. Um jovem transportava ao colo uma
rapariga, aparentemente magoada num pé, que berrava a plenos pulmões:
- PÕE-ME NO CHÃO, JÁ! AI, EU NÃO ACREDITO NISTO!
LARGA-ME! CHEGA, NÃO QUERO ESTAR MAIS CONTIGO! DEIXA-ME, VAI-TE EMBORA!
Birgit, ao ver a cena, levou as mãos à cabeça.
Tinham-lhe dito em Londres que deveria passar uns dias fora do país, como forma
de repousar. Escolhera a Suécia por razões óbvias. Poderia, ao mesmo tempo que
descansava, começar a conhecer o terreno onde ia competir. Bonnie Tyler fez-lhe
companhia, sempre disfarçada para não ser reconhecida. Agora, parecia que o
descanso se tinha transformado em inferno.
- AIIIIIIIIIIIIIIIIII, ISTO DÓI! AI, FARID! LARGA-ME!
A CULPA É TUA!
Danny olhou para Molly e quis levantar-se, na
esperança de conseguir solucionar o problema. A namorada não o deixou.
- Acho melhor ir eu! Experiência não me falta. Já
gritei muito, já ouvi muitos gritos, sei como tratar disto! - disse Bonnie,
erguendo-se com determinação.
Aproximou-se deles e ouviu o rapaz a falar com
calma com a outra.
- Eu sei que viemos a Estocolmo participar numa
festa, mas ainda faltam dois dias… Não te preocupes, o teu pé vai recuperar a
tempo… Por favor, Zlata… Acalma-te.
- Mas o que vem a ser isto, juventude? – Bonnie
Tyler entrava em ação.
Farid levantou-se de um salto:
- Ela torceu o pé. Foi só isso, peço imensa
desculpa pelo incómodo! Juro que não queria que isto acontecesse! Ela vai
acalmar, é só esperar um pouco…
Bonnie olhou com pena para a rapariga, que se
agitava no banco, visivelmente furiosa.
- Coitada, bem sabemos que não é fácil… Pé torcido,
ainda por cima estando grávida…
- Grávida? GRÁVIDA? – Farid movia o olhar de Bonnie
para Zlata. A sua expressão facial mostrava choque. – Mas… tu estás grávida,
Zlata?
Ela não respondeu. O seu olhar, prestes a expelir
fogo, funcionava perfeitamente como resposta.
- Não está? Bem… então, sendo assim, lamento
dizer-lhe… Mas estão na secção errada… As urgências são no outro edifício…
Zlata deu um berro ainda mais violento que os
anteriores e deu grandes esticões ao ser pegada ao colo por Farid. Os dois
desapareceram da sala a grande velocidade, deixando o espaço entregue novamente
ao silêncio. Bonnie foi ter com Birgit e com o jovem casal e sentou-se,
resignada:
- Aquele já meteu água… Enfim, é o que acontece
quando não se consegue meter outra coisa…
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