O Festival Eurovisão da Canção teve início a uma quinta
feira, a 24 de maio de 1956. Até 2013, foram muitas as regras pensadas,
implementadas e substituídas, como forma de se adaptar o concurso aos novos
tempos e aos gostos dos espetadores. Contudo, a avaliar pelo regulamento da
primeira edição, disponibilizado recentemente pela UER, a génese do Festival
mantém-se inalterada.
O regulamento, escrito em francês, começa por apresentar os
sete países participantes: Alemanha, Bélgica, França, Itália, o “Grão Ducado”
do Luxemburgo, Holanda e Suíça. Foi, aliás, entre eles que se definiram as
regras do então chamado “Grand Prix Eurovision 1956 de la Chanson Europeenne”,
que foi organizado pela televisão suíça na cidade de Lugano.
O objetivo do concurso, segundo o que conta o regulamento,
era o de “encorajar a produção, nos países participantes, de canções
originais”, que seriam depois apresentadas perante uma audiência internacional.
Assim, só obras “não editadas” poderiam competir, havendo ainda a questão da
duração: as canções não poderiam passar dos 3,5 minutos, sendo a duração mínima
de 3 minutos. Recordo que atualmente as canções não passam dos 3 minutos.
Cada país deveria escolher duas canções, dependendo de cada
emissora a opção de escolher os temas concorrentes por si ou através de um
concurso a nível nacional. É curioso que, ainda que concedesse autonomia às
televisões participantes, o regulamento insistia muito na ideia do “concurso
nacional”, visto como “elimantória” da Eurovisão, como forma de legitimar o
concurso e de o tornar popular. O regulamento era, por isso, muito indicativo
do caminho a seguir pelos canais televisivos (como se constata pela expressão
“recomenda-se vivamente…”, que vai surgir ao longo dos 21 artigos).
Depois de escolhidas as duas músicas de cada país, estas
seriam apresentadas perante um júri europeu na gala, transmitida em direto por
todos os participantes e também “por numerosas outras estações”, havendo a
possibilidade de a passar em diferido (tornava-se claro que, fosse ao vivo ou
não, o importante era que todos os associados da UER passassem o espetáculo).
Novamente, para expandir o concurso e a sua fama, era
“vivamente recomendado” que se passasem as músicas concorrentes nas várias
televisões, nos três meses seguintes ao Festival.
A gala em si foi preparada conjuntamente pela emissora suíça
e pelo Estúdio de Lugano, que colocaram à disposição dos artistas uma orquestra
de 24 elementos (o regulamento descriminava quais os instrumentos presentes e
quantos músicos a tocá-los). Para que a orquestra pudesse trabalhar
devidamente, estipulou-se a data de 10 de maio desse ano para a entrega das
partituras, do registo sonoro (de preferência “em condições idênticas às
previstas para a final europeia”) e das letras na sua versão original e em
francês e/ou inglês.
De 21 a 24 de maio decorriam os ensaios no recinto, com o
chefe de orquestra designado pelos concorrentes ou “emprestado” pela emissora
suíça.
A gala iria funcionar em “non stop”. A ordem de atuação dos
países foi sorteada mas a escolha de qual canção deveria vir no primeiro ou no
segundo conjunto pertenceu aos países participantes.
A votação era realizada por dois júris de cada país (“de
preferência de entre os membros do júri do concurso nacional”). Existia ainda
um Presidente do júri e dois escrutinadores. A UER concedia um secretariado do
júri.
Os jurados assistiam à emissão com as mesmas condições
técnicas dos espetadores em casa e depois pontuavam cada canção de 1 a 10.
Depois, o secretariado do júri recolhia as votações e com a ajuda dos
escrutinadores e do Presidente contavam os votos, mantendo o anonimato dos
votantes.
A canção que somasse mais pontos ganharia, como veio a
suceder com “Refrain”, de Lys Assia. Podia acontecer haver empates; nesse caso,
as canções ficariam “ex-aequo”, mesmo na primeira posição.
O público presente no estúdio não podia sair durante a
votação. A gala só terminaria com a repetição da(s) canção(ões) vencedora(s).
Estas podiam gozar apenas da vitória conquistada; o regulamento deixava bem
expresso que não havia “nenhuma recompensa material”. Bem, já todos vimos Lys Assia
a receber um grande ramo de flores. Melhor que nada.
Mesmo o pagamento ao chefe de orquestra, intérprete e aos
dois jurados dependia apenas das emissoras.
Como disse, muito mudou ao longo destas quase seis décadas.
Mas há traços que se mantêm intocáveis. Se quiser ler a totalidade do texto, clique [AQUI].
Fonte/Imagem: EBU
23/06/2013
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