E Foi Por Pouco... - Adelén, Gabrielius Vagelis, Daze, Ben Ivory e Yohanna

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ADELÉN– "BOMBO"

2º lugar no Melodi Grand Prix 2013

     Estava até bastante atarefado no momento em que saíram as músicas da terceira semifinal da Noruega, mas ainda assim pu-las a tocar. 

       Esta foi a primeira que ouvi. Comecei a ouvir e pensei automaticamente que devia ser uma música muito amadora e incapaz de ir além do último lugar. “A Noruega alguma vez vai votar nisto? Mais parece uma daquelas músicas com que a TVI entretém o povo nas tardes de domingo”. Mas eis que chega o refrão. Eu largo tudo o que estava a fazer e oiço com mais atenção. Estava a gostar, sim senhor. Aumentei o volume. Entretanto o refrão chegou ao fim e pensei que a canção devia ser toda à base desse ritmo. Surge de novo o refrão e começo a abanar a cabeça, a bater o pé e, inacreditável, a cantar com ela. “Bombo” chega ao fim e fico a pensar que devia ter mais um minuto, já que três não chegavam. Ouvi depois as seis músicas restantes mas não mais esqueci o ritmo do bombo. 

      Tamanha eficácia não existe muitas vezes nas músicas, e esta consegue ainda entreter-nos muito, pondo-nos a cantar e a dançar. Ninguém pode ficar triste depois de escutar esta proposta nórdica revestida de calor latino. Talvez por ser algo que foge àquilo que os noruegueses habitualmente ouvem tenha resultado tão bem e chegado ao 2º lugar; contudo, talvez tenha sido essa mesmo a razão para não ter ganho. 

     Propostas “mais quentes” nunca deram bons resultados à Noruega, não seria esta que ia trazer (ainda para mais quando Adelén está longe de ser perfeita ao vivo). Ainda assim, eu adoro esta canção e acho-a a melhor do MGP 2013. Deve ser por ser tão pimba. Irresistível.

GABRIELIUS VAGELIS – "SACRIFICE"

7º lugar na primeira semifinal do Lietuvos Nacionalinė Atranka į Euroviziją 2013

       A Lituânia tem tido resultados positivos na Eurovisão ultimamente, uma vez que envereda sempre por caminhos poucos explorados e que trazem algo de novo ao concurso. É claro que essa novidade por vezes significa flop (como 2010), mas noutros casos só os favorece porque sobressaem no concurso. 

     Este ano escolheram uma canção que está a meio caminho entre o incomum e o banal, muito estranha e  de difícil absorção na primeira vez que a escutamos. Esta canção que trago hoje seria uma proposta mais sólida e segura para a Eurovisão.

     “Sacrifice” é uma balada pop um pouco agressiva, com um arranjo atual e comercial. Embora esteja mais vocacionada para uma audiência jovem não deixa de ser uma canção séria e muito madura. Gabrielius é um bom intérprete, embora ainda muito verde no que toca a saber estar em palco. Notou-se perfeitamente o seu nervosismo e mesmo alguma aflição, mas a prestação vocal não saiu muito afetada. 

     Até posso entender eventualmente a sua não vitória, mas não sei porque razão ficou fora da final. As músicas que a emissora da Lituânia escolheu para este ano foram no geral muito fracas e esquecíveis, e tenho a certeza de que “Sacrifice” não é pior do que a esmagadora maioria delas.

DAZE – "WE OWN THE UNIVERSE"

Não finalista do Dansk Melodi Grand Prix 2013

     Esta é daquelas de que poucos gostam e eu não percebo porquê. Não é nenhuma obra de arte (podíamos perfeitamente pedi-lo tendo em conta a dupla de compositores), mas é uma canção com tanto power e energia que, quando a oiço, me sinto como se realmente fosse dono do mundo e tivesse este poder astronómico nas minhas mãos.
     Nota-se claramente que a base da música era o típico pimba sueco (ou schlager, usando termos mais técnicos), mas mais uma vez fica claro que Peter Boström é mestre na arte de modernizar estas músicas, dando-lhes o toque de 2013 que originalmente não tinham. Ainda assim, é possível identificar umas nuances dos anos 90, época em que os Daze alcançaram o estrelato.
    Como eu gostaria de debitar elogios à prestação ao vivo, que fizesse justiça ao material na sua versão estúdio. Mas infelizmente não posso… a vocalista teve momentos realmente críticos, em que parecia estar prestes a rebentar num ataque de riso ou a tropeçar nos seus próprios passos.
     Apesar de tudo, foi a atuação mais poderosa da noite, visualmente falando. Com melhor preparação e mais seriedade, era uma proposta fortíssima para Malmö.

BEN IVORY – "THE RIGHTEOUS ONES"

7º lugar no Unser Song für Malmö 2013

       Uma belíssima final nacional foi este ano levada a cabo pela emissora estatal alemã: além dos aspetos mais técnicos (palco, grafismo, apresentação) terem sido muito bons, o mais importante do espetáculo não ficou atrás: as canções.
        “The Righteous Ones” é um exemplo da excelente qualidade das canções da final alemã. Trata-se de uma proposta muito contemporânea e irreverente, pelo menos se considerarmos os padrões habituais da Eurovisão. É uma canção forte e que nos deixa viciados na sua batida retro. A voz fria, quase robótica, de Ben traz bastante profundidade ao tema e diferencia-o dos restantes.
      Sempre achei que podia ser ele o representante alemão em Malmö, pois sempre presumi que os alemães adorassem este estilo musical e, para além disso, contava com uma performance arrebatadora para aniquilar a concorrência.
    De facto, Ben começou a sua performance com alguns problemas de som e isso pode tê-lo desanimado um pouco para a restante atuação. Ainda assim, o jovem modelo foi muito competente a nível vocal, embora esperasse mais garra e agressividade. Foi tudo muito estático e plano e isso foi prejudicial para o espetador, que, em casa, teve de ouvir mais seis canções até poder votar, facto que pode ter ajudado a apagar Ben da memória.
      Por muitas explicações que possamos encontrar para a sua não vitória, nenhuma é suficientemente forte para justificar os zero pontos (sim, leu bem: ZERO) que esta canção recebeu do televoto. É que não dá para entender mesmo.

YOHANNA – "NÓTT"

Não finalista no Söngvakeppni Sjónvarpsins 2011

      É curiosa que, por muitas caras conhecidas que estejam presentes nas finais, elas não são fator determinante no momento de os islandeses escolherem o vencedor. Eles parecem-me, aliás, mais preocupados em escolher algo de que gostem, para o mercado interno, do que propriamente algo que vá caber nos padrões internacionais. Podem receber zero pontos na Eurovisão, mas desde que gostem da música, já terá valido a pena.
      O caso da final de 2011 foi ligeiramente diferente e pontuado por um episódio dramático. A morte de um artista que constava no line-up dias antes de a competição ocorrer fez o país emocionar-se com a homenagem que alguns amigos seus fizeram, ao cantarem a sua música no concurso. Assim, não houve espaço para as outras candidatas. Nem mesmo para quem já lhes dera a medalha de prata no Eurofestival.
     Yohanna, belíssima cantora, levou “Nott” ao concurso. Uma balada não muito diferente daquela que levou a Moscovo; era igualmente forte e melodicamente envolvente. Yohanna deu o seu melhor vocalmente (penso que jamais vê-la-ei desafinar), e era uma proposta que podia perfeitamente ser transferida da Islândia para Düsseldorf, estando pronta para arrecadar boas pontuações para o país.
     Apesar de tudo, nem foram muito mal servidos nesse ano, conseguindo uma classificação na linha do que é habitual para eles.

Vídeos: Youtube

ENGLISH VERSION

ADELÉN– "BOMBO"

2nd place at Melodi Grand Prix 2013

      I was very busy when the Norwegian third semifinal songs were released. Nevertheless, I played them all. “Bombo” was the first I’ve listened to and I automatically thought that it should be a very amateurish song incapable of going further than the last place. “Will ever Norway vote for this?”, I thought. But then the chorus comes. I left what I was doing and I paid more attention to it and, guess what, I was actually enjoying and I increased the volume. When the chorus was over and I wished the song was entirely in that rhythm. With the second chorus I start to shake my body and I was capable of singing along her. “Bombo” came to the end and I regretted for it being too short. After that, I listened to the six songs from the semifinal but I didn’t forget bombo’s rhythm.
      Such an efficacy is a rare quality in the songs and, besides that, this one has an entertainment factor and makes us sing and dance. No one can stay sad after listening to this Nordic candidate full of latin heat. Possibly, the success achieved (2nd place) it’s due to the innovative style that breaks the conventional Norwegian musical sphere; ironically, it may also be the reason why it didn’t win the show.
     Songs with foreign elements never gave Norway good results, and “Bombo” would not be different (we should not forget that Adelén is far from being perfect live).
     Still, I love this song and I consider it the best one from MGP 2013. Maybe because it is too pimba. Irresistible.

GABRIELIUS VAGELIS – "SACRIFICE"

7º place in the first semifinal of Lietuvos Nacionalinė Atranka į Euroviziją 2013

       Lithuania is having positive results lately in Eurovision. The fact that they bring us less explored musical genres may explain the felling of innovation that they convey in the contest. However, this option has equal amounts of possible success or failure (just remember 2010).
      This year they picked a song that it’s half way between the unusual and trivial, since it is a very awkward song to understand at the first glance. The song I bring you today, it’s my belief, could be a much more solid and secure entry.
     “Sacrifice” is a pop ballad, a little bit aggressive, with a commercial and contemporaneous arrangement. Despite being directed to a younger audience, it’s still a serious and really mature song. Gabrielius is a good singer, yet somehow callow on stage. Albeit the vocal performance was safe, the tension and despair was visible in its presentation.
       I would be willing to accept the victory of other song but I can’t understand its absence in the final. The songs selected by the Lithuanian broadcaster for this year’s contest were generally very weak and forgettable. I’m sure that “Sacrifice” is not worse than the great majority of them.

DAZE – "WE OWN THE UNIVERSE"

Non-finalist of Dansk Melodi Grand Prix 2013

       This is one of those songs that only a few like and I can’t understand why. It is not a piece of art (something we could perfectly demand, seeing by the composers), but it’s still a song so full of power and energy that, each time I listen to it, I feel like if I was the owner of the world and had this astronomical power on my hands.
       It is clear that this song’s basis was the typical Swedish pop (or schlager, using technical words), but once again it’s obvious that Peter Boström is an expert in modernizing these songs, by giving them the 2013 feeling. Nevertheless, it’s possible to see some aspects from the 1990s music, something normal, as Daze were very successful in that period.
      I would love to pour positive aspects regarding their live performance, I would love to find it as perfect as the song... but, unfortunately, I can. The singer had really troubled moments, when it seemed to be about to start laughing or to fall on stage.
     It was the most powerful visual performance of the evening, though. With a better preparation, it would be a strong contender to reach Malmö.

BEN IVORY – "THE RIGHTEOUS ONES"

7th place at Unser Song für Malmö 2013

       A wonderful national final was made this year by the German state broadcaster: besides the more technical aspects (the stage, graphics, and the host) have been really good, the most important part of the show was not left behind: the songs.
       “The Righteous Ones” is an example of the brilliant quality of the songs in the German final. It is a very contemporaneous and irreverent entry, at least in what are the normal Eurovision patterns. It is a strong song and we become vicious in that retro beat. Ben’s cold and almost robotic voice brings a lot of thoroughness to the song and makes it stand out.
      I ever thought he could be Germany’s entry for Malmö, because I was convinced that the German people would love this genre. Besides, I was counting with an outstanding performance in order to kill other contestant’s chances.
      In fact, Ben started his performance with some sound problems, and that probably made him lose some of his confidence. Nevertheless, the young model was very competent vocally, although I counted with more strength and aggressiveness. The performance was very static and plan, and that was not positive for the viewer at home, that had to listen to more six songs until have permission to vote. This may have vanished Ben from German people’s memory.
     For many explanations we can find to justify his non-winning, any of them is strong enough to explain the zero points (yes, you read it well: ZERO) he received from the televoting. It’s really impossible to understand.

YOHANNA – "NÓTT"

Non-finalist at Söngvakeppni Sjónvarpsins 2011

       It’s interesting that, even if there are some familiar names competing, the Icelandics are more concerned in choosing a song based on their taste. They don't think very much on what the Europeans will think about their entries. They could end the Eurovision voting with the infamous “null points”, but once they like their song, it was already a positive choice.
      The situation was different in their 2011 national final. There was a dramatic event that highly influenced the voting procedure. A few days before the national final, one participant artist tragically died. The homage made by some of his friends, by carrying on his song to the stage, touched the entire nation. The rest of the singers were naturally forgotten, even the one who has brought them the silver medal in the international contest.
        Yohanna, an outstanding artist, sang “Nott”, a ballad similar to “Is It True?”. Both songs are strong and melodic. Yohanna was vocally perfect (I’m asking if I will ever see her struggling with her voice), and it was a contender that could be transferred, the way it is, from Iceland to Düsseldorf. I have no doubt that she would achieve a good result to her home country.
       Nevertheless, Iceland must not be ashamed of their entry. Their placement is in the usual patterns for the country.

Videos: Youtube
23/02/2013