(Geral) As questões políticas na Eurovisão!
Meus queridos Leitores, hoje venho falar-vos de um tema que certamente é aquele que me causa um maior sentimento de frustração, a mim e provavelmente a todos os fãs eurovisivos, que se sentem de mãos atadas perante as injustiças eurovisivas. Quantas e quantas vezes, após ter assistido a uma final, fielmente no meu sofá, durante cerca de três horas, me pergunto o que estive ali a fazer imóvel a olhar para a tv. Perda de tempo?! Não, porque o espetáculo, a magia, a musicalidade falam mais alto e acabam por compensar qualquer aspeto menos positivo. Mas eu, incrédula, mesmo assim, questiono se valerá a pena “chegar a Janeiro” e estar atenta a todos os pormenores, a todas as canções selecionadas, visitar páginas todos os dias e estar atenta a novidades; e, ao longo desses cinco meses, escutar as canções todos os dias, de tal forma que, mesmo antes de se aproximar a época eurovisiva, já as sei de cor e salteado.
A primeira vez em que me dei conta que existem questões politicas a assombrar a Eurovisão foi em 1996. Ainda não tinha muito a noção do que era este espetáculo, que colava à tv todos lá em casa por aquela altura do ano. Mas passava os tempos seguintes a ver e rever as cassetes VHS que continham todas as atuações registadas. Nesse ano, a minha mãe comentava que Lúcia Moniz teria sido a justa vencedora e que, já no ano de 1980, José Cid não ganhou porque o país não teria condições para organizar o certame na altura. Como estes exemplos, existem outros (Vânia Fernandes, Dulce Pontes, Anabela, Sara Tavares, Rita Guerra ou até mesmo Manuela Bravo). Quantas vezes já teríamos tido o prazer de assistirmos à Eurovisão no nosso país? Pelo menos umas 5 ou 6. Como já foi referido aqui, muita da responsabilidade de tal facto nunca ter acontecido deve-se à RTP e à falta de vontade e de interesse pelo festival. Com tanto dinheiro gasto à toa neste país, ainda não compreendi o porquê de não apostar nisto, que tem de tão importante para os amantes da música, como o Europeu de Futebol, o Mundial e os Jogos Olímpicos têm para os amantes do desporto.Mas o insucesso de Portugal deve-se também às questões geográficas. Todos os anos nos deparamos com o escândalo das votações nos vizinhos. Graças a Deus que Portugal está rodeado de mar (e por Espanha). Mas é nestas alturas que desejaríamos estarmos bem no centro da Europa, fazermos fronteira com mil e um países e fossemos todos “amiguinhos”. E depois, as questões financeiras. Só ganha o festival quem tem condições económicas para o organizar. Isso não é de todo um aspeto negativo, mas vejamos: a organização em Baku foi muito criticada e classificada de amadora. Se o Azerbaijão queria tanto vencer para realizar lá uma edição, tinham obrigação de serem mais rigorosos. Ou seja, quiçá um país com menos possibilidades não organizasse um espetáculo digno e tão bem aplaudido como tantos outros.São estas questões político-financeiras que colocam em causa toda a credibilidade do concurso que supostamente deveria valorizar a cultura e qualidade musicais. Mas não. Sabemos que será sempre assim: só ganha quem tem dinheiro e vizinhos! E todos nós esperamos que este facto não supere a harmonia e o interesse que temos por este acontecimento anual que tanto nos alegra e nos enche de magia.
Parabéns, excelente crónica!
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