Confissões de um fã eurovisivo - Buranovskiye Babushki!

 Desabafos sobre a classificação da Rússia em 2012!

Meus queridos leitores, o ESC deste ano, em Baku, foi um dos mais interessantes a nível de qualidade musical. Em edições anteriores havia muito “lixo eurovisivo” que me fez, muitas vezes, perder o interesse logo após de ver a grande final. Isso não aconteceu este ano: semanas depois do término desta edição, continuo a ver e a ouvir as magníficas atuações quase diariamente. Contam-se pelos dedos as canções que não gosto, as que não consigo mesmo ouvir! Foi um ano muito diversificado também a nível de estilos musicais, desde o rock, ao pop festivaleiro e ao comercial. Mas, houve uma coisa que nunca tinha surgido: umas representantes da terceira idade! Até aqui, tudo bem! É sempre bom que os países apostem em algo inédito, diferentes musicalidades e culturas… afinal é para isso que o ESC serve: para demonstrar a diversidade da música europeia. Pois bem, eu gostaria imenso que a Rússia, com esta escolha, tivesse metido os pés pelas mãos… mas não, as vóvós foram um sucesso! Logo, aquando da final nacional e ao visualizar o entusiasmo das pessoas ao assistirem à sua consagração, já era previsível o quão seriam aclamadas! Se houvesse um prémio simpatia, com certeza, que as Buranovskiye Babushki o levariam para casa (e muito bem merecido). Mas isto não é um concurso de carisma, é um concurso musical… e de musical esta atuação não teve rigorosamente nada! O único aspeto que eu poderia tirar de positivo foi o facto de termos tido um idioma diferente, originário da pequena vila de Buranovo, terra natal das intérpretes. No fundo, esta atuação serviu para conhecermos outras vertentes culturais da Rússia, que não é só constituída pelas grandes cidades. Apesar disso, e pondo as cartas na mesa… tudo o resto foi desastroso! O facto de serem já senhoras de idade, não lhes permitiu com que estivessem coordenadas em palco: mesmo com uma pequena coreografia (não podia ser nada de muito elaborado), foi cada uma para o seu lado e cada uma à sua maneira. Em toda a canção, apenas uma frase da letra foi pronunciada em inglês e não conseguiram uma dicção aceitável. As vozes eram evidentemente descoordenadas também. Conseguia-se identificar o atraso de algumas “cantoras” no início dos versos (já para não mencionar a medonha afinação). Não digo que não tenham trabalhado com afinco, mas não foi o suficiente para tornarem esta atuação minimamente aceitável a nível musical. E isso foi vergonhoso, porque independentemente do resultado final, é inadmissível apresentar algo tão sem a mínima qualidade. Porém, pouco ou nada havia a melhorar com uma proposta daquelas. No seu todo, “Party for Everybody” era asqueroso. E, aqui, tornaram-se ainda mais evidentes as questões políticas do concurso. A Rússia só ficou em segundo lugar porque foi a Rússia. Podem não prometer mundos e fundos, mas sabemos de antemão que independentemente de ser uma boa proposta ou não, este país consegue sempre vincar na Eurovisão. Um país insignificante no mundo eurovisivo como Portugal teria sido vaiado se apresentasse esta canção. Frequentemente comparo esta performance à dos Homens da Luta. Eram 6 em palco, alinhados e voltados para o público, mas descoordenados, a interpretarem algo que não considero propriamente música. Não adianta tentar colocar os pontos nos i’s para conseguirmos saber o porquê deste injusto resultado, estas vovós já marcaram a história da Eurovisão sem terem que mexer uma palha e sem terem talento musical.

Todo o material, desde do texto às imagens e às suas aplicações, foi feito pelo autor.
19/06/2012
Vídeo: Youtube 

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