Diogo Canudo: Buenas tardesssss, meus caríssimos leitores! Ainda nos visitam? Já não estão fartos de nós? Eu e a Andreia somos uns chatos (mais ela que eu)! Que andas a fazer, sua marota?
Andreia Fonseca: Olá caro leitor, desculpe o meu colega Diogo (desconfio que o problema dele seja mesmo psicológico e bastante grave)! Diogo... Se te sentires apto para tal, qual o tema desta semana?!
Diogo: Aiiii não tens nenhuma resposta melhor? Essa foi tão seca! Eu estou apto para tudo, mas desculpa eu não fiz o trabalho de casa. Não sei o tema da semana (e duvido que tu o saibas, és… menos inteligente do que as outras pessoas…)!
Andreia: Não vou sequer responder… Já ouviste a célebre frase “vozes de burro não chegam ao céu”? Digamos que eu estou no céu (agora depreende o resto, se conseguires). Picardias à parte, o título da capa desta semana é “Ainda não foi desta… Pois claro”, com referência à má classificação da Sra. Simone de Oliveira em 1969 (assim como a todas as que a precederam!).
Diogo: É verdade, Andreia! Uma pouca-vergonha! Tu nem sabes o quanto eu gosto da minha Simonezinha! Não merecia, não merecia a injustiça que foi feita em 1969! O que vale é que nós já estamos habituados, é só falhanços, é só desgraças… Até já tudo parece… normal, não?
Andreia: É a nossa sina… Triste destino que condiz com a nossa alma de sofredores. Sempre que, em tempos remotos, vejo Portugal associado a altas pontuações, parece que algo está errado (apesar de “saber” muito bem). O ano de 1969 é algo atípico e de difícil compreensão. Tanta “mulher” a vencer o certame e a nossa Simone fica de fora? Em que Universo isto é normal? Nenhum, penso eu!
Diogo: Grande senhora, uma grande fonte de inspiração. Mas só há injustiças. Foi com a Tonicha (1971), com o Paulo de Carvalho (1974), com José Cid (1980), com Carlos Paião (1981), com as Doce (1982), com a Dulce Pontes (1991), com a Vânia Fernandes (2008),… E isto são apenas alguns exemplos. Fico parvo ao ver músicas tão boas com más classificações. Anda toda a gente surda?
Andreia: Surda não… Mas com os bolsos cheios de dinheiro, sim! É verdade que tivemos boas participações, mas falta-nos algo essencial… Poder na Europa! Sem isso, estaremos condenados a este nosso Fado da desilusão. Parece muito triste (em parte é), mas com o tempo ganha-se uma certa imunidade a estas más classificações (quando levamos participações ridículas torna-se mais fácil).
Diogo: Portugal só teve poder na Europa no século XV. Depois da concorrência comercial triunfar, só a Inglaterra, a Alemanha, a Holanda e a França conseguiram mesmo criar um espaço seguro e poderoso na Europa. Se reparares bem continuam, ainda, a ser os GRANDES PAÍSES EUROPEUS, os mais ricos, os mais poderosos e os mais industrializados. Portugal caiu a pico, depois de ter esbanjado o ouro do Brasil em luxos e em figurinos. Já se previa, os portugueses, em vez de investirem no mercado, gostam sempre de passar férias. Sem poder na Europa, nunca há sucesso (eu ainda penso, por vezes, porque é que deram o evento das “7 maravilhas do mundo” a Portugal). É normal sermos imunes a maus resultados, já é o habitual, nada de estranho.
Andreia: Somos um país muito apegado ao passado, com muita história, mas más prospectivas futuras. Aquele amargo gosto das péssimas classificações já faz parte do nosso mundo eurovisivo. Consegues imaginar-te a celebrar uma vitória portuguesa? Não parece algo utópico? Para mim, no que toca ao meu país, já fico satisfeita se for dignamente representada.
Diogo: Não consigo imaginar, mesmo, uma vitória portuguesa, porque isso nunca vai acontecer, enquanto Portugal não tiver poderio comercial. Eu só fico mesmo satisfeito se ficarmos no top15, o que já é uma coisa incrível, sublime! É triste, mas é a verdade.
Andreia: Não é triste, é uma questão de relativizar as coisas… Estabelecer objectivos realistas. Para mim, passarmos à final já é uma conquista e eu celebro-a como uma vitória. Mas eu tenho uma ideia… Que tal adquirimos dupla nacionalidade?! Portuguesa por conta do nosso orgulho, inerente ao sangue que nos corre nas veias e… Sueca! Sermos os filhos ilegítimos de Carola…
Diogo: Eu, sinceramente, apesar de amar Portugal e apoiar verdadeiramente as participações portuguesas, tenho sempre um segundo país que apoio sempre (porque é o mais festivaleiro, o mais visualmente preparado e o que leva sempre grandes canções e participações). Aiii a minha Carola, momentos triunfantes, já não aparecem há muito tempo as grandes divas na Eurovisão. Estou com saudades!
Andreia: Isso é normal, temos sempre uma participação predilecta (para além da nossa nacionalidade). E confesso que no que toca à Eurovisão o meu coração pertence à Suécia (aparte de Portugal).
Diogo: Tens alguma ideia para dar a volta a estes maus resultados?
Diogo: Eu, sinceramente, ingénuo como sou, acho que se todos nos uníssemos e acreditássemos no Festival, a RTP também poderia acreditar (já que isso não acontece). Muito do sucesso vem do apoio do público… Mas isso é a minha opinião. Como não vejo a dispensarem muito dinheiro para um concurso musical, também não vejo que apoiem o Festival. Já que nem os fãs acreditam lá muito, não são as outras pessoas que vão decidir fazê-lo. É tudo uma chatice…
Andreia: Eu já me dou por feliz em termos, no maior espectáculo televisivo do mundo, as cores da nossa bandeira. Se queria mais? Claro! Mas contento-me com pouco.
Diogo: Devias sempre pedir mais, já que tens direito a isso. Somos um país desenvolvido, acho! Em jeito de conclusão, é muito triste ver tanta dor nas classificações, mas já é habitual. Se devia mudar? Devia… Mas esta mudança também não cabe só a nós, mas às estações televisivas, a directores, a políticos…
Andreia: Eu ambiciono mais, mas não pretendo dar um “passo maior que a perna”. Portugal não tem condições para gastar fortunas em Eurovisões e afins… Agora temos situações sociais mais urgentes do que dignificar o nosso nome na Europa das Canções. Eu só exijo qualidade musical, nada de manifestações de palco ou músicas monótonas sem nexo. Quero olhar para a representação portuguesa e sentir orgulho, como aconteceu com a Vânia Fernandes.
Diogo: E eu quero olhar para a representação portuguesa e sentir orgulho, como aconteceu com a Lúcia Moniz. Bem, ficamos por aqui? Não chorem, meus leitores, para a semana há mais!
Andreia: Não se iniba em partilhar as suas ideias connosco… Obrigado por ler esta nossa iniciativa e até a próxima semana.
Tertúlia realizada por Andreia Fonseca e Diogo Canudo
Não conhecia este blog. Já li algumas crónicas e ADORO. Fiquei fan.
ResponderEliminarbeijinhos e abraços
nelson