A maioria das músicas eurovisivas segue a mesma fórmula. Ainda assim, de vez em quando, somos presenteados com canções verdadeiramente únicas que misturam géneros musicais que, à partida, não funcionariam juntos. Umas vezes estas junções funcionam muito mal mas, quando acontece o contrário, é impossível ficarmos indiferentes. Fiquem com as melhores "mixórdias" eurovisivas, perfeitas para quem tem constantes mudanças de humor.
1. Origo - Joci Papai (Hungria 2017)
Começamos já pela mixórdia mais recente. Para aqueles portugueses que decidiram ver o ESC apenas este ano e já se acham grandes experts no assunto esta música não faz sentido. As roupas são parvas, o instrumento musical que está em palco é ridículo e a música não é nada de especial. Felizmente todos nós, os que andam nisto há muito tempo, sabemos o quão bem conseguida é "Origo". Misturar uma música mais tradicional com rap pode correr muito mal, mas aqui funcionou na perfeição. Fosse o ESC realmente um concurso de culturas e esta seria a única e justa vencedora.
2. Watch My Dance - Loucas Yiorkas ft. Stereo Mike (Grécia 2011)
Continuando na vibe rap + música tradicional, viajemos até 2011. A Grécia ainda estava no seu auge e, desta vez, apostava num ritmo tradicional com rap à mistura. É certo que somos presenciados com estes ritmos várias vezes por parte dos gregos mas nem sempre estes se mantêm fiéis ao laiko tradicional como neste caso. Loucas Yiorkas cantou e encantou ao contrário de Stereo Mike que tentou cantar e encantar. O que é certo é que a mistura destes estilos tão distintos funcionou tão bem que conquistou o 3.º lugar do público.
3. LoveWave - Iveta Mukuchyan (Arménia 2016)
À primeira audição houve muita gente que odiou esta proposta da Arménia e estavam no seu direito. Afinal, LoveWave é uma música demasiado estranha e pouco usual para se entranhar à primeira audição. Claro que, depois da atuação de Iveta Mukuchyan, foram poucos os que não se renderam a esta música.
4. Grande Amore - Il Volo (Itália 2015)
A Itália mantém uma orquestra na sua final nacional e, por isso mesmo, seria de esperar que, ano após ano, enviassem mofo (a palavra preferida dos eurofãs portugueses até há pouco tempo atrás) para a Eurovisão. Quem é que poderia achar que a Europa inteira se iria apaixonar por uma música meio pop, meio lírica? Ninguém, mas a verdade é que aconteceu e a derrota ainda dói a muitos de nós.
5. Golden Boy - Nadav Guedj (Israel 2015)
Não é uma fórmula nova nem genial e "Golden Boy" está longe de ser uma música brilhante e de ter um cantor fantástico a interpretá-la, mas é do melhor que pisou o palco eurovisivo nos últimos anos. Faz-nos dançar, cantar, sorrir e os ritmos árabes misturados com aquele pop banal que ouvimos em todo o lado é de génio. Isto foi tão bom que Israel tentou repetir a receita este ano. Não funcionou. (P.S. "And before I leave let me show you Tel Aviv" mantém-se como uma das melhores frases de sempre).
6. Love Me Back - Can Bonomo (Turquia 2012)
Vamos ser honestos: todos nós queremos a Turquia de volta ao ESC nem que seja para desfrutarmos dos sons mais orientais que eles nos ofereciam."Love Me Back" é um bocadinho uma daquelas canções amor-ódio mas a maneira como lhe adicionaram uma sonoridade menos usual dá-lhe um toque especial.
7. Here For You - Marayaa (Eslovénia 2015)
Os primeiros segundos de uma música costumam defini-la bastante bem. Não é o caso de "Here For You". Aquilo que parece uma balada rapidamente se transforma em algo completamente diferente que desafia a música atual ao misturar elementos clássicos com outros eletrónicos.
Voltamos ao laiko, mas desta vez juntamos-lhe o pop. É a receita para os anos de sucesso dos Antique, que haviam de lançar Helena Paparizou a solo. Foi o primeiro top 3 da Grécia e também a primeira vez que não levaram uma música totalmente em grego. 16 anos depois, "Die For You" mantém-se extremamente atual e é a vencedora da maioria dos eurofãs nesse ano.
9. Adio - Knez (Montenegro 2015)
"Adio" está aqui em representação de todas as músicas compostas por Zeljko Joksimovic para a Eurovisão. A forma como estas passam de uma balada que, à partida não traz nada de novo, para uma balada balcânica capaz de arrepiar até a pessoa mais insensível, é indescritível. E a maneira como Zeljko Joksimovic, em apenas três minutos, nos deixa respirar e ouvir somente os instrumentos durante 30 segundos de seguida é revigorante. Não queremos influenciar ninguém mas... pessoal da RTS, se estiverem a ler isto (porque obviamente é o que eles fazem nos tempos livres) mandem o Zeljko para Portugal, nem que seja só como compositor. Acreditem que é a receita para o vosso sucesso.
10. Not Alone - Aram Mp3 (Arménia 2014)
Terminamos com uma das maiores obras de arte que alguma vez pisaram o palco do ESC. Podem odiar a música e o cantor mas não podem negar duas coisas: que Aram Mp3 é um grande artista e que "Not Alone" é brilhante. Toda a gente percebe o quão importante foi a vitória de Conchita Wurst mas, olhando para trás, havia músicas muito melhores e esta era uma delas. Se há coisa que nós, eurofãs, amamos são keychange e esta é a mais épica de todo o ESC. Passar de uma balada (por si só fantástica) para dubstep nunca lembraria a ninguém, pois não? Errado, porque este senhor lembrou-se disso e ainda tem o descaramento de dizer que compôs a música em apenas 15 minutos.
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