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Eurofestival em Histórias - Sexto Texto




   O Festival Eurovisão da Canção não é só feito de fãs, artistas e canções. Como sabemos, apresentadores, spokespersons e comentadores para além de serem indispensáveis para que o espectador entenda o que se está a passar, são basilares para mostrar os resultados e para nos mostrar toda a euforia que rodeou o Festival durante a Eurovision week.
   Mas deste último grupo há uma personalidade que se destaca: Terry Wogan. Jornalista da BBC, começou o seu comentário no ESC pelo Reino Unido em 1971 e cedo se fez notar pelos comentários atrevidos e sarcásticos que fazia aos artistas, espectáculo e votações. Foi em 2001 que vieram as suas maiores críticas: logo no início do espectáculo referiu-se, durante todo o espectáculo, aos simpáticos apresentadores dinamarqueses Natasja Crone Back e Soren Pilmark como “The Little Mermaid and Dr.Death, they will kill you” o que provocou o óbvio desagrado do público dinamarquês.
   Qual o resultado desta pequena brincadeira? O pedido de desculpas que a BBC teve de emitir. Uma situação perfeitamente evitável que, para além do mais, não se coaduna com o espírito eurovisivo... Ainda assim, é pelo facto de não ser consensual que Wogan marcou a História da Eurovisão. E a verdade é que, apesar de Graham Norton tentar manter o seu legado, desde que abandonou o comentário inglês, a Eurovisão nunca mais foi a mesma

   No início do século XXI há uma viragem no Festival: os países com menos anos na competição começaram a alcançar vitórias. De facto, se olharmos para os vencedores, verificamos que de 2001 a 2011 apenas um país (a Noruega em 2009) foi repetente no que diz respeito à vitória do Festival Eurovisão da Canção. 
   Ora, em 2002, depois da Estónia abalar a Europa com a canção pop “Everybody”, a Eurovisão foi ganha por outro país recém-chegado: a Letónia
   Até então, o melhor que os letões haviam conseguido aconteceu logo na sua estreia – alcançaram o 3ºlugar da tabela com a canção “My Star” dos Brainstom, classificação que augurava bons resultados para o país. E felizmente para eles a sorte não lhes tardou a chegar: com as suas atrevidas mudanças de roupa (onde é que já vimos isto...) e elegância incomparáveis, Marie N conseguiu vencer a Eurovisão 2002 à maltesa Ira Losco.
   Uma vitória que, verdade seja dita, não é muito recordada pelos fãs, mas que curiosamente se relaciona intimamente com quem? Com Portugal! Pois é, parece que no mesmo ano o nosso país tinha o direito de participar mas a RTP resolveu não o fazer. “Azar de uns, sorte de outros” como se costuma dizer. A Letónia que devido à sua baixa classificação no ano anterior (18ºlugar com 16 pontos) não poderia entrar no concurso, acabou por preencher o lugar vago deixado por nós e vencer a competição!





   A Eurovisão é um festival onde, desde 1999, as nações escolhem a língua pela qual pretendem ser representados. Isto aplica-se às línguas existentes e, também, às línguas não existentes – as línguas imaginárias.
Este é um fenómeno que se inaugurou em 2003, com a étnica canção Sanomi, das belgas Urban Trad.    Visto que nunca nenhum país tinha levado uma canção com uma letra com língua não-existente, era de esperar que a canção pudesse não ter tantas possibilidades de ficar bem classificada. Surpreendentemente, esta situação não se sucedeu: a Bélgica ficou num honroso 2ºlugar apenas a 2 pontos da vencedora – o seu melhor resultado desde a vitória de Sandra Kim em 1986.
   Claro que este sucesso fez com que a fórmula fosse repetida mas, ainda assim, talvez não tanto quando era de esperar. Em 2006, os Países Baixos levaram “Amambanda” com parte cantada numa língua não-existente e em 2008 a Bélgica volta a repetir a façanha, com uma língua inteiramente inventada. Contudo, nenhuma destas canções teve o sucesso da anterior. 
   O único caso em uma participação se revelou vencedora com estas não-línguas foi mesmo em 2008 mas no Festival Eurovisão da Canção Júnior, em que os vencedores Bzikebi com a canção “Bzz” conseguiram, harmonicamente, uma grande actuação que levou a Geórgia à sua primeira conquista no mundo eurovisivo da canção. 


   Na viragem do século, a Eurovisão viu a chegada de imensas nações vindas, maioritariamente, do Leste da Europa. Este facto veio fazer com que o Festival ainda se dinamizasse mais mas com num número tão alargado de países e um sistema em que não seria possível aos últimos classificados do ano anterior fazerem-se representar no ano seguinte, o festival teve de mudar.
   E a mudança foi significativa: em 2004 passa a haver uma semi-final. Um evento à Quarta-feira (e Quinta-feira após 2005) que precedia o Sábado da Grande Final. Neste, de mais de 20 países, 10 passam à Final. Já em 2008, passam a haver duas semi-finais e a ideia repete-se: de 15/20 países, 10 qualificam-se para a Final. Um sistema que, de facto, se prova ser mais equitativo que o período pré-Semifinais.
   Contudo, há sempre devantagens e a exclusão é uma delas. Apesar de se fazerem sorteios, parece inevitável que países recém-chegados e/ou mais fracos no ESC tenham, na maioria dos casos, muito menos pontuação que os países com mais vizinhos e/ou que têm uma reputação maior no Festival. 
Se fizermos uma pequena pesquisa com os países que mais tarde entraram no ESC – Arménia, São Marino, Azerbaijão, Sérvia, Montenegro, Geórgia e República Checa, verificamos claramente que os países de pequena dimensão e de pouca influência em termos Históricos que se localizam na Europa Central e mesmo nos Balcãs não obtém boas classificações. De facto, apenas a Geórgia e o Azerbaijão – países mais de Leste e até considerados Orientais por muitos – têm tido mais sorte nesse aspecto. 
   Enquanto que estes dois países, no seu ano de estreia conseguiram logo a passagem à Final – e classificações bastante aceitáveis (12º e 7ºlugar) – o mesmo não se passa com os outros. A República Checa nunca se classificou e já desistiu de participar; a Sérvia apesar de ter ganho logo no seu primeiro ano após a separação do Montenegro, não tem vindo a conseguir manter os resultados altos e o Montenegro e São Marino conseguiram a sua melhor classificação apenas em 2014, conseguindo apurar-se para a Final. 
   Assim sendo, não é errado concluir que, de facto, as Semi-finais vieram minorar a desigualdade entre as nações. Mas pelos vistos, ainda há-que tomar muitas medidas para que a Eurovisão consiga ser um festival mais justo.


   O ano de 2006 não fez só História na Eurovisão por ter sido vencido pelos monstros Lordi, a grande banda de heavy metal finlandesa. De facto, neste ano também a Letónia levou originalidade para o Olympic Indoor Hall. 
   A banda Cosmos – ainda activa – escolheu levar a música “I Hear your Heart” para o palco do ESC com uma particularidade: a música cantada acapella.
  Sim, foram os próprios artistas que fizeram o instrumental com a sua própria habilidade vocal e que a interpretaram ao mesmo tempo. Apesar de, muito infelizmente, não terem conquistado o coração da Europa (quedaram-se num 16ºlugar em 24), a canção foi pioneira pela inovação que trouxe.
  Aliás, esta foi a primeira vez que um país resolveu levar uma canção acapella à Eurovisão, mas não a última. Também em 2011, a Bélgica resolveu enviar “With Love” dos Witloof Bay que, apesar da grande performance, também não se conseguiram apurar para a Grande Final. 

Fontes: eurovision.tv; en.wikipedia/ Imagem: Google /Vídeos: Youtube
05/11/2014
                                        

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