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Eurofestival em Histórias - Oitavo texto




     2008 foi marcado pela primeira vitória russa. Dima Bilan, um dos artistas mais famosos no seu país, conseguiu, após um honroso 2ºlugar em 2006, finalmente levar a vitória para casa com “Believe”. No entanto 2008 não fica só marcado por essa vitória. Da parte do país com mais prémios no Festival Eurovisão da Canção - a Irlanda - surge-nos um participante inesperado: Dustin, the turkey. 
     “Mas quem é Dustin, the turkey?”, muitos se perguntaram aquando da sua eleição para representar o país. Um boneco. Uma marioneta famosa por apresentar, há vários anos, o programa irlandês “The Den” e que, até já se candidatou a presidente da Irlanda.
       Foi esta marioneta escolhida através dos votos do público no Eurosong 2008, o primeiro boneco a representar um país na Eurovisão. “Mas é possível um país fazer-se representar através de um boneco?”, perguntam vocês. Sim, é. Segundo o regulamento de 2013 – ponto 1.2.2) Performances and Artists, alínea a) “Cada actuação deve consistir, no máximo, em 6 pessoas no palco. Não são permitidos animais vivos em palco”. – Caso que, claramente, não se aplica ao nosso perú-marioneta.
       Resta saber o resultado de Dustin. A letra com palavras em várias línguas e a actuação cheia de brilho e de animação não chegou: apesar de toda a fama que teve pelo insólito de ser, pela primeira vez, uma marioneta a representar um país no ESC, Dustin acabou por nem sequer se qualificar para a Final. O seu resultado ficou muito aquém da expectativa: 15ºlugar com 23 pontos em 19 países. Muito sinceramente, a única surpresa em 2008 foi a Irlanda ter conseguido uma classificação tão alta...



       Já vos falámos da razão pela qual a Noruega é um dos países mais mal-sucedidos na Eurovisão (momento 11). Os quatro nul points nos anos 1963, 1978, 1981, 1997 são um absoluto flagelo no quadro de classificações do país, mas em 2009 a sorte norueguesa parecia estaria prestes a mudar.
       Após 8 anos consetutivos de países que nunca tinham vencido a Eurovisão o conseguirem fazer, em 2009 Alexander Rybak conseguiu trazer para casa o troféu. Esta poderia ter sido simplesmente uma vitória como as outras mas felizmente isso não aconteceu: nesse ano, o “conto de fadas” do artista bielorrusso tornar-se-ia a vitória mais pontuada de sempre na História do Festival.
       Ao contrário dos anos seguintes a Islândia e o Azerbaijão, 2ª e 3ºclassificados, respectivamente, ficaram extraordinariamente longe de Rybak: enquanto que o norueguês arrecadou uns impensáveis 387 pontos, Yohanna e Aysel & Arash “apenas” conseguiram 218 e 207 votos. Ou seja, mais de 150 pontos separam o 1º e os outros dois lugares do pódio, situação absolutamente ímpar na História do festival. E esta história parece mesmo ter tido um final feliz. Quantos de vocês não gostam desta música? Certamente muito poucos. 
       Um pouco por toda a Europa, parece que a canção continua a ser das mais adoradas por todos: Alexander Rybak continua a ser um dos artistas favoritos dos fãs e “Fairytale”, continua – cinco anos depois – a ser das canções e das actuações mais marcantes da Eurovisão


       Desde que a Eurovisão existe, que há controvérsia com os vencedores e lugares em que algumas canções ficam. Quem nunca disse “Esta canção merecia mais!” ou “Só ficou num lugar tão alto por causa dos vizinhos!” ou até mesmo “Este país nunca se classifica, é sempre a mesma coisa!” chegando ao ponto-limite de “Vou deixar de ver a Eurovisão!”.
       E há quem tenha deixado. Felizmente ainda há muitos que vêem, mas que por uma das razões acima indicadas nunca mais olharam para o festival da mesma forma, o que fez com que deixassem de participar; de votar na sua canção favorita achando que não valeria a pena porque “ganham sempre os mesmos”.
       Devido a muita reivindicação dos fãs, a organização do festival acabou por ter de tomar medidas radicais. Uma delas já foi apontada, as semi-finais. A outra, mais relacionada com os pontos que aqui elencámos, é o painel de jurados.
       O júri especializado não começou a participar na Eurovisão apenas em 2009 como muitos de vós podem pensar... de facto, a votação começou por ser atribuída aos países por jurados em 1956  sendo que o televoto, ao contrário do que se possa pensar, só começou regularmente no ano de 1998. 
       No entanto, o descontentamento fez com que os jurados voltassem. O seu voto já não tem 100% de peso no resultado final, mas ainda assim, uns determinantes 50% que fazem toda a diferença não no vencedor, que normalmente coincide, mas nos restantes lugares. Não acreditam? Ora atentem: sem o júri, “Eu quero ser tua” ter-se-ia classificado para a Final em 2014, em 6ºlugar. Segundo a opinião dos jurados, “You” de Robin Stjenberg deveria ter ficado em 3ºlugar da Final em e “O mie” de Aliona Moon em 5ºlugar, em 2013. Com o júri, em 2011,“No One” da Eslovénia teria atingido o 4ºlugar da Final, “Love in rewind” não se teria classificado, tal como “Rockerfeller Street” mas São Marino teria conseguido classificar-se pela primeira vez na sua História com “Stand By” de Senit. Por fim, a Itália – que, em 2011 conseguiu o 2ºlugar – mas que sem os votos do júri, quedar-se-ia em 11ºlugar. Surpreendente, não?



     A Moldávia não é um país particularmente marcante na Eurovisão – provavelmente devido aos poucos anos que tem no certame e às classificações, que nunca foram muito altas.
      Mas em 2010 foi o país que mais se destacou, curiosamente após o Festival Eurovisão da Canção. Não pela popularidade da música, mas pelo saxofonista dos Olia Tira, Sergey Stepanov. Se pesquisarmos por “epic sax guy” no Youtube, rapidamente veremos o fenómeno em que o saxofonista se tornou... os milhões de visualizações comprovam-no.  
     Lembram-se dele? A sua dança com o saxofone, como que simulando uma envolvência sexual com o mesmo e a sua indumentária, é comparada a Rick Astley, intérprete de “Never gonna give you up”, canção famosa dos anos 80. Estes fizeram com que o momento da actuação de “Runaway” se tornasse viral na Internet. Sim... um pequeno momento eurovisivo no século XXI tornou-se viral por gente que não vê a Eurovisão nem gosta da Eurovisão e que, na maioria dos casos, nem sabe que o vídeo faz parte da Eurovisão. Um acontecimento que só acontece muito esporadicamente no ESC!



      Há poucos países que se podem orgulhar de serem adorados pelos fãs pela sua música eurovisiva. 
Arrisco-me a dizer que existe um país que, em termos de popularidade e fanatismo, se destaca – a larga escala -  de todos os outros: a Suécia
   O Melodifestivalen já é tradição. É a pré-selecção mais fantástica de toda a Europa e, muito possivalmente, a mais vista pelos fãs do continente. Luzes, muita tecnologia, um grande investimento e canções maioritariamente em inglês ajudam ao evento que só pela sua magnitude tem um papel crucial na forma de os fãs verem a Suécia na Eurovisão. O país tem-se qualificado todos os anos e conquistou, até hoje, 5 vitórias marcantes. Todos os anos menos um.
    Na altura, em 2010, este flop foi um absoluto escândalo no próprio país, visto que a Suécia fazia parte do leque de nações que se qualificava ano após ano sem muita dificuldade. E o que é que aconteceu para que “This is my life” de Anna Bergendahl fosse excepção à regra? Poderíamos culpar o júri ou o televoto mas neste caso, se olharmos para os dados, ambos colocaram a canção muito perto da linha que separa a qualificação da não-qualificação. E se olharmos para a própria actuação e para os concorrentes... digamos que a Suécia não se destacou muito. 

Fontes: eurovision.tv/ Imagem: /Vídeos: Youtube
19/11/2014

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