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Contra o ódio eurovisivo - Terceiro texto: Portugal só manda merda




       Ora cá está algo que merece ser discutido!
   Caríssimos não-eurofãs: a razão pela qual vocês acham que só enviamos músicas péssimas à Eurovisão é porque, das poucas vezes em que enviámos música a sério, ninguém quis saber! Vejamos o exemplo deste ano.  “Quero ser tua” foi super divulgada e toda a gente sabe a música. Porquê? A resposta é bastante simples. Aquando da vitória de Suzy ninguém gostava nem da música nem da atuação e até o Emanuel sofria ameaças de morte. Este “ódio” generalizado contra a música vencedora do Festival da Canção gerou uma onda de polémica que facilmente deu a conhecer “Quero ser tua” a todo o povo português. Independentemente de se gostar ou não, a verdade é que ninguém ficou indiferente.
      Vejamos outro exemplo: em 2011 enviámos um grupo de protestantes que “estavam na moda” na altura (e que agora parece que desapareceram) e aconteceu precisamente o mesmo do que este ano... Todos os eurofãs odiavam a música mas mais uma vez ninguém lhe ficou indiferente e foram muitas as pessoas que se riram à custa dos Homens da Luta que nos ofereceram uma das piores performances eurovisivas de todo o sempre!
       Recuemos até 2008. Aquela que foi para mim a nossa melhor canção de sempre e que merecia sem qualquer dúvida a vitória, ainda hoje não tem o devido reconhecimento. Digam o que disserem, ainda é possível fazer boa música no nosso país para enviar ao concurso, no entanto essa acaba por nunca ter o mérito que merece. Ainda hoje, se formos perguntar às pessoas na rua se se lembram da nossa prestação em 2008, há muita gente que não conhece a música mas que conhece as outras duas acima referidas.
     Mais, esquecendo estes últimos anos, que não são realmente os nossos melhores, no século passado enviámos excelentes temas e artistas que ainda hoje são lembrados como Sol de Inverno, Desfolhada, E depois do adeus, Lusitana Paixão, A cidade (até ser dia), Conquistador e continuávamos nisto o dia todo. Podem vir-me dizer que a nossa era de grandes músicas eurovisivas já passou mas não me podem dizer que sempre fomos mal representados.
     E agora vamos ao verdadeiro problema que está na origem de tudo isto. Primeiro: a RTP não promove devidamente o festival e não faz com que os artistas se interessem por ele. Há muita gente que me costuma dizer que “ninguém quer saber da Eurovisão” mas ainda há países que levam o concurso muito a sério. Enquanto nós eliminamos a Suécia no play-off de acesso ao mundial, a Suécia realiza uma final nacional vista por milhões em toda a europa com artistas de grande nível (veja-se este ano em que a ex-vencedora do ESC 2005 tentou a sua sorte pela Suécia). São prioridades e quem sou eu para as criticar!
     Outro dos problemas de não enviarmos nada de bom somos nós mesmos! Sim, leram bem. Nós temos o poder de escolher aquilo que queremos enviar à Eurovisão mas somos incapazes de gastar 74 cêntimos para o fazer. Abdicando de um café podíamos ter enviado a Catarina Pereira a Copenhaga (que era a grande favorita da maioria dos fãs) mas preferimos acreditar que a vitória estava comprada e portanto não fazer nada contra isto. O Festival da Canção é uma espécie de eleições legislativas: há mais de 50% de abstenção mas toda a gente reclama com o vencedor. Querem que vença outro? Façam por isso. Se temos o poder de votar então porque é que não usufruímos dele? É por 74 cêntimos que morremos? Não me parece. Andámos anos a sofrer com um júri que dava pontos às piores canções, mas quando temos o poder total nas nossas mãos somos incapazes de mudar as coisas. Não sei se houve ou não compra de votos mas a verdade é que não conheço uma única pessoa que tenha votado no FC e portanto é normal que a Suzy tenha saído vencedora. Em 2011 reclamámos porque o júri não sabia dar pontos, mas fomos nós que demos os 12 aos Homens da Luta. Em 2010 reclamámos porque o júri não sabia dar pontos e dessa vez com toda a razão. Em 2012 podíamos ter enviado a música menos má (porque verdade seja dita, nenhuma das 10 era verdadeiramente boa) e não o soubemos fazer.

Concluo assim que os grandes culpados daquilo que enviamos à Eurovisão são maioritariamente os portugueses. É que se o povo português desse atenção ao festival como já chegou a dar, e se votasse no mesmo, muita coisa poderia ser diferente!


19/06/2014
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  1. Em 2013 houve Festival da canção e não sabia?! LOL
    Neste ano, tinha duas favoritas : Catarina e Suzy. Uma delas representaria bem Portugal. Todos atacaram a Suzy quando ela não tem culpa da "suposta" compra de votos. O video da Suzy no yt tem mais visualizações que a canção "Senhora do Mar". Nenhum europeu ficou indeferente a ela. E arrisco a dizer que a atuação de Suzy foi a melhor de sempre de Portugal.
    Prova disso foi a onde de contestação nas redes sociais ( e não só) pela a "não-passagem" de Portugal ( e já agora da Estónia).

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  2. Lá vai o tempo, que o país parava para ver o Festival da Canção e a Miss Portugal.
    Entretanto tudo mudou...
    Outros canais abriram e outras influencias surgiram.
    E aquilo que era único, ficou ultrapassado.
    Surgem entretanto os concursos de talentos, que acabam por ofuscar de vez.
    A RTP não soube reagir ao nível da concorrência e nunca mais apanhou o comboio.
    O Festival da Canção tornou-se num concurso sem brilho, sem eficácia e consequentemente sem repercussão nacional.
    E quanto aos ódios internos, muito era evitável se houvesse brio, competência e transparência. Temos o exemplo flagrante deste ano... Foram pedidos os resultados públicos da semifinal da FC e... nada!
    Foi pedido oficialmente a auditoria dos votos telefónicos, coisa facílima de apresentar e ... nada!
    Este fechar em copas da RTP é muito pouco digno!
    E tudo isto é possível porque há um vazio de legislação que torna tudo permissivo.
    Quanto á qualidade das canções a concurso ao longo do tempo, sempre houve verdadeiras idíotices e lindas composições (como em qualquer outro país...).
    Quanto aos intérpretes, são os que levam com o maior peso, porque são quem dão a cara e por isso deviam ser mais respeitados.
    Tenho de dar os meus parabéns a todos aqueles que lutam para a não extinção deste concurso.

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  3. O sucesso da Suzy deveu-se a um facto: houve investimento. E concordo com este post.
    Hoje, fora do meio do ESC e dos fãs, já ninguém se recorda da canção da Senhora do Mar mas todos se lembram dos Homens da Luta e da Suzy. Mas em 2008, não podemos esquecer, que ficamos em 2º lugar numa semifinal e era uma das grandes preferidas pelos eurofãs.
    O sucesso da Suzy, deveu-se ao financiamento do Emanuel (ou produtora dele), que investiu na propaganda, a cantora foi a todas as festas pré- eurovisão, fez-se ser notada, ela e a equipa, fizeram divulgação em alguns países e, acima de tudo, a Suzy é extremamente bonita e muito, mas simpática e conquistou inúmeros admiradores.
    E, para finalizar, no palco fez uma boa performance, com uma canção alegre numa semifinal (e daí também se destacou) que praticamente eram baladas e afins… Não passou à final (por um ponto) para rejúbilo de tanta gente que a criticava e para quase todos os portugueses.

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  4. Jéssica, cito-te: "Recuemos até 2008 (...) ainda é possível fazer boa música no nosso país"

    Pois, mas a canção de 2008 "Senhora do Mar" não foi feita em Portugal, mas sim na Croácia.

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  5. Para mim a única música decente que Portugal mandou à Eurovisão foi a Vânia Fernandes com a "Senhora do Mar" e os Flor-de-Lis com a música "Todas as ruas do Amor", para mim foram as únicas que ainda tinham alguma hipótese de ganhar. Não é com Suzy's e Catarina's Pereira's que vamos lá. Sorry!

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