Abecedário Eurovisivo - D... de Divas

  Ao assistirmos durante décadas ao Festival Eurovisão da Canção, há uma multiplicidade de personagens femininas que nos marcam de forma especial. Centenas de artistas foram passando pelos palcos eurovisivos e apenas algumas são guardadas na memória de todos nós. Pelo seu poder vocal, pela sua personalidade vincada, por uma atuação memorável, pela sua aparência física. Em suma, por terem em si alguma característica que nos comove, que nos marca. Que nos faz, mal ouvimos falar de Eurovisão, lembrarmo-nos delas. São elas as divas da Eurovisão.

  Estando nós em Portugal é inevitável sublinhar o nome de Simone de Oliveira, a vencedora do Festival da Canção em 1965, com a canção Sol de Inverno, e em 1969, com a mítica Desfolhada Portuguesa. Apesar de não se tratarem de canções que tenham alcançado sucesso na Eurovisão, a cantora e atriz é, até hoje, reconhecida pelas suas marcantes prestações. A Desfolhada Portuguesa ainda faz parte da vida de todos nós, até mesmo dos que nem eram nascidos na altura.

  Viajando até ao país anfitrião da Eurovisão deste ano temos Carola Häggkvist. Apesar de ter rejeitado ao primeiro convite para concorrer à Eurovisão em 1982, no ano a seguir Carola aceitou e concorreu ao certame com o seu maior êxito até ao presente, Främling. Mais do que ter alcançado um nobre terceiro lugar, a participação de Carola no festival gerou um recorde na Suécia que, até hoje, continua no topo: 84% da população sueca acompanhou a Eurovisão! O álbum de lançamento desencadeado por este sucesso vendeu mais de um milhão de exemplares, algo que dificilmente será alcançado no país! Främling junta-se a Invincible, que marcou, em 2006, o regresso desta diva aos palcos da Eurovisão, sucessos obviamente sempre presentes nas pistas de dança das diversas festas eurovisivas.

  É habitual ouvirmos falar nos Abba como um grupo que nasceu devido à Eurovisão – coisa rara nos dias de hoje – mas muitas vezes nos esquecemos daquela que também foi lançada pela Eurovisão e que, para muitos, é uma verdadeira diva: Lara Fabian. Foi em 1988 que Lara Fabian, conhecida por todos nós, sejamos fãs da Eurovisão ou não, descobriu que o seu mundo era mesmo este, o da música! Deixou os estudos de Direito e construiu a sua nobre carreira que, por tudo isso, merece ser considerada uma autêntica diva do festival!

  Diva foi a canção interpretada por Dana International que deu, em 1998 a vitória a Israel. Aquando da sua selecção, “choveram” críticas a esta escolha, por se tratar de alguém transexual. A verdade é que todo este preconceito foi “ultrapassado” e Dana venceu o festival, sendo, hoje, das celebridades transexuais mais bem-sucedidas! Apesar de ter alcançado um resultado muito aquém das expetativas no seu regresso em 2011, Dana é uma diva para sempre recordada como uma mulher que ultrapassou todos os que a queriam deitar abaixo, triunfando eternamente no mundo eurovisivo. Uma verdadeira diva!

  Foi em 2012 que em muitos o espírito eurovisivo renasceu. Foi a única a reportar as violações aos direitos humanos tão particulares do país anfitrião que a recebeu, o Azerbaijão, enquanto todos os outros sabiam o que lá se passa mas preferiram manter o silêncio, a temer represálias.  Mais do que ter recebido o maior número de 12 pontos de sempre, mais do que ter sido pontuada por 40 em 42 países participantes, mais do que ter estado presente nos topos ou não das tabelas por todo o lado, Loreen teve uma música e atuação que para sempre serão lembradas na história da Eurovisão, o que faz de si a mais recente diva da Eurovisão – e não,  Emmelie de Forest não chega nem aos calcanhares de Loreen, falta muita coisa para lá chegar. E fico muito contente por este concurso ter aparecido na sua vida, porque ela merece. Porque a Eurovisão também é isto, valorizar verdadeiros talentos que por aí andam, fazer nascer verdadeiras divas no mundo da música. 

Imagens: Google
14/06/2013